quarta-feira, 22 de abril de 2009

O Brasil de 667 anos

Ilustração: Davi Sales

O Brasil está comemorando oficialmente, neste 22 de abril, 509 anos de sua descoberta. Assim aprendemos nos livros de história e assim os governos de plantão fizeram questão de ressaltar em suas comemorações. O ano 2000 é um exemplo disso, quando o então presidente Fernando Henrique Cardoso instituiu uma comissão para organizar as "Comemorações do Quinto Centenário".
Por outro parte, algo semelhante ocorre na história da imigração polaca no Brasil, pois tanto autoridades brasileiras quanto polacas sempre afirmaram que o primeiro polaco a pisar em terras brasileiras foi o almirante da esquadra holandesa, Krzysztof Arciszewski, que em 1629, invadiu o Nordeste brasileiro. Quase a totalidade dos autores afirma que o almirante polaco da firma “Companhia da Índia do Oueste” lutou contra portugueses e espanhóis para que as capitanias de Pernambuco e parte da Bahia permanecessem sob administração do Reino Holandês. 
Arciszewski que nasceu em 1592 e faleceu em 1656 esteve no Brasil três vezes. Conseguiu vitórias no meio da Mata Redonda, em 1636, e em Pato Calvo em 1673. Foi o primeiro polaco, que escreveu sobre o Brasil. Tal “verdade” foi sacramentada pelo poeta curitibano Paulo Leminski, ao ter elegido o almirante polaco como um dos heróis de seu livro "Catatau”. Também o ex-vice-reitor da Universidade Iaguielônia de Cracóvia e atual diretor do Centro de Cultura e Idioma polaco no Mundo, o línguísta Władysław Miodunka, reforça a tese em seu livro-manual do ensino da língua polaca para brasileiros “Cześć, Jak się Masz?”.
Porém, a ciência denominada de história está em constante evolução e nada é imutável. Somente a cegueira e a prepotência dos “doutos” e tiranos o são. O grande orador romano, Cícero, já dizia que a História é a "mestra da vida", pois "ela é a senhora dos tempos, a luz da verdade, a vida da memória, a mensageira da antiguidade". E a História para ser de utilidade ao homem e ter sempre como guia a verdade e a justiça, deve assentar-se em duas condicionantes: o seu registro e a sua veracidade; sem verdade, ela se desvirtua, e, sem registros, ela se perde, além de também ser passível de deformação. Assim é que nem o Brasil foi descoberto em 1500 como tampouco Arciczewski foi o primeiro polaco a caminhar por terras brasileiras.
No caso do descobrimento do Brasil, a tese do acaso foi questionada já ao tempo do Império. Dom Pedro II fez uma pergunta bastante clara aos membros do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro na sessão de 15 de Dezembro de 1849, "O descobrimento do Brasil por Pedro Álvares Cabral foi devido a um mero acaso, ou teve ele alguns indícios para isso?"
As respostas foram dadas em 20 de setembro de 1850, pelo membro daquele Instituto, Joaquim Norberto de Souza e Silva, que proferiu uma histórica conferência assistida pelo Imperador, na qual concluiu a favor da “intencionalidade” do descobrimento. Evidentemente os estudos de Souza e Silva foram contestadas pelo poeta Gonçalves Dias e, acabou persistindo até os dias de hoje a versão do poeta e não a do historiador. Sejam por questões políticas, seja por má fé, seja por ignorância e preguiça a verdade de Souza e Silva foi apagada tanto lá em Portugal quanto aqui no Brasil.
Mas que verdade é essa, ou que verdades são essas?
Antes é preciso citar três nomes, para que, repetindo-os fiquem gravados na memória. 
- Capitão Sancho Brandão
- Kacper „da Gama“
- Salvador Fernandes Zarco.
Mas voltemos a célebre reunião do IHGB. Além de Antônio Gonçalves Dias, também o Frei Vicente do Salvador, Robert Southey e Luiz de Albuquerque defenderam que o Almirante Pedro Álvares Cabral teria descoberto o Brasil por casualidade. O argumento deles e que persiste até hoje é baseado em três fatores que justificam o afastamento de rota da frota de Cabral:
- as "calmarias", que ocorreram na costa da África;
- as tempestades, que provocaram uma brusca mudança da rota, previamente traçada, com destino ao continente indiano e/ou,
- as correntes marítimas, contra as quais as naus (que, diga-se, constituíam 2/3 da frota) e as caravelas não possuíam recursos técnicos para arrostá-las.
O posicionamento derrotado nas décadas seguintes teve como defensores, além do expositor, o Barão Alfredo D’Escragnole Taunay, Capistrano de Abreu, Jonathas Serrano, Max Fleuiss, Genserico Vasconcelos e Hélio Vianna. Para estes, as débeis justificativas da casualidade são facilmente desmentidas, pois apesar da existência das calmarias nas proximidades do continente africano, é muito difícil aceitar que Cabral e seus experientes pilotos, que navegavam guiando-se pela astronomia, desviassem-se de tais fenômenos, de forma que todo o Atlântico Sul devesse ser atravessado.
Hélio Vianna afirma que "Cabral não veio ter ao nosso país, trazido por um simples desvio de rota. Em sua época, já não se navegava sem rumos prefixados". Além do que, os documentos que narram a viagem do descobrimento, não fazem qualquer menção às tempestades e às correntes marítimas. Estudos mais recentes reforçam a tese da “intencionalidade” e desmentem a da “casualidade”. Para tanto se valem de algumas provas irrefutáveis. Não há como negar a existência deles e tampouco lhes dar outras interpretações. 
- o Brasil já era mencionado, associado a Portugal, em cartas geográficas anteriores ao descobrimento, nelas figurando como uma ilha, a "Ilha do Brasil";
- a pronta reação de Portugal, quando a Espanha "descobriu" a América, por Cristóvão Colombo, e que ocasionou, dois anos após, a assinatura do Tratado de Tordesilhas. 
- a amistosa recepção que os indígenas proporcionaram aos portugueses da frota de Cabral.
- a descoberta de raríssimos documentos em Portugal, em locais como a Torre do Tombo, a Casa de Ínsua e alguns museus.

A ilha Brasil em mapa de Magini de 1597, a sudoeste da Irlanda

Não há mais como negar que desde os anos 1300, portanto mais de cem anos antes da descoberta da América, o Brasil já aparecia em alguns mapas europeus. No livro "The Canterbury Tales", de Geoffrey Chaucer, editado em 1380 estão mapas relacionando a Ilha do Brasil como sendo terras de Portugal. No livro "Na Margem da História", de autoria de Assis Cintra, com prefácio de Rui Barbosa, estão estas observações: "a descoberta oficial do Brasil deu-se no reinado de D. Affonso IV, o Bravo, em 1342, pelo Capitão Sancho Brandão, terra esta que foi batizada por este Rei, de "Ilha do Brasil", em virtude da grande quantidade de árvores de tinta vermelha aqui encontradas, o pau-brasil."
Em 12 de fevereiro de 1343, o Rei de Portugal comunicou ao Papa Clemente VI, em carta escrita desde Montemór, o descobrimento da nova terra, a qual foi registrado nos "Documentos do Arquivo Reservado do Vaticano", livro 138, folhas 148/149, com um mapa da região descoberta, no qual se vê a inscrição "Insula do Brasil".
Isto explica, em parte, porque ao contrário dos índios da América Central que receberam Colombo com arcos e flechas, os índios do Brasil receberam Cabral em paz, como se eles estivessem acostumados com as expedições portuguesas e também, quando Martim Afonso chegou a São Vicente, em 1532, na "expedição colonizadora", aqui já encontrou João Ramalho, que vivia na tribo de Tibiriçá, casado e com filhos.
Estes documentos existem, não só em Portugal como nos arquivos do Vaticano e são irrefutáveis. Portanto, o Brasil e a América foram descobertos pelo capitão Sancho Brandão e não por Pedro Álvares Cabral e/ou Cristobal Colon. O fato está oficialmente registrado, no Vaticano, sob o papado de Clemente VI. 
O historiador Valdir Menezes, com base nos mapas e documentos encontrados, afirma que desde 1351, o Brasil era representado em cartas geográficas, "por diminuta ilha, quer situada ao lado da Irlanda, ou próximo das Canárias ou mesmo em pleno Oceano". Não bastasse isso, vários mapas portugueses, franceses, ingleses e italianos do século 14 mostram a "Ilha do Brasil", neles representada. Um importante mapa, o de Pero Vaz Bisagudo, que era cópia do primeiro mapa português de registro oficial da nova terra descoberta (existente no Vaticano), no qual a "Ilha do Brasil" situava-se a 1550 milhas de Cabo Verde. É o mesmo mapa mencionado numa carta enviada ao Rei Dom Manuel, pelo cosmógrafo e médico da Armada de Cabral, João Martim, datada de 1º de maio de 1500, na qual este sugere que o soberano português procure "no mappa de Bisagudo, a verdadeira situação da terra que Cabral descobriu de novo" (Esta carta está na Torre do Tombo, em Lisboa, em "Corpo Chronológico", parte 3, maço 2, documento nº 2).
Não há como fugir à verdade e afirmar que o Tratado de Tordesilhas de 7 de junho de 1494) foi um instrumento altamente lesivo a Portugal, reino que já havia rejeitado a "Bula Inter Coetera", de 1493. Bula esta estabelecida pelo Papa Alexandre VI.
Este papa, que era o nobre espanhol Borgia, ficou conhecido na história como Papa devasso. Homem que promoveu as maiores bandalheiras e orgias na Capela Sixtina. O Papa Alexandre VI foi pai de um filho de sua própria filha, Lucrecia Borgia. Foi há um só tempo pai e avô. A bela espanhola Lucrecia foi submetida também aos instintos bestiais do irmão César Bórgia, o comandante das tropas do Vaticano, na ânsia dos Borgias de anexar às terras papais, os outros reinos itálicos. Lucrecia teve também um filho com o irmão, que foi há um só tempo pai e tio. E isto tudo dentro do Vaticano, da igreja de São Pedro. Não é de se admirar, portanto, que a descoberta da América nada mais fosse do que uma bem urdida farsa, arquitetada pelo rei espanhol e aquele Papa devasso (não por acaso também espanhol), com a decisiva finalidade de prejudicar Portugal, já que o descobrimento de terras americanas pelos lusitanos, era conhecido e aceito pelas principais reinos da Europa, muito antes de 12 de outubro de 1492.


Salvador Fernandes Zarco, codinome Cristobal Colon

Chegou a hora de falar do segundo nome. Falar do famoso “genovês” que descobriu a América com o nome de Cristoval Colon para a hispanidade, ou Cristóvão Colombo para os lusos. Não era outro o propósito da rainha Isabel, do que assegurar a validade do Tratado de Tordesilhas, imposto pelos espanhóis e pelo Vaticano aos portugueses. Cristóvão Colombo foi apenas um instrumento para assegurar que as terras a leste da linha de Tordesilhas fossem terras espanholas.
Mais uma vez contudo, aí esta a ciência História, para com seus achados e novos estudos assegurar também, que o próprio genovês Colon foi uma segunda farsa. Livros recentemente publicados em Portugal confirmam que Colombo era português, da cidade da vila de Cuba, na cidade de Beja. Seu nome era Salvador Fernandes Zarco. Ele era membro da Ordem de Cristo, fundada pelo antigo rei português, estudou na escola de Sagres e era aparentado do Rei de Portugal. Zarco deveria cumprir uma importante missão secreta da Ordem de Cristo (com a anuência de D. João II), que era a de convencer os reis da Espanha para a exploração de uma nova rota marítima rumo às Índias, percurso impossível, porquanto acima da linha equatorial e na direção noroeste. Com este empreendimento, os espanhóis não saberiam da existência de terras, de há muito do conhecimento dos lusitanos. De fato, foram os portugueses que chegaram a Calicute, no continente indiano, enquanto os espanhóis, "iludidos", chegaram às Antilhas (Colombo "afirmava" que aportara nas ilhas Cipango, no Japão...) Assim, o "falso genovês" teria cumprido, airosamente, a missão que lhe foi confiada e que redundou na emissão pelo Papa Alexandre VI, da "Bula Intercoetera", de 1493 - contestada por Portugal - e posterior assinatura do Tratado de Tordesilhas (1494). Zarco, ou Colombo, contratado pelos reis espanhóis, de volta à Europa, seguiu inicialmente para Lisboa, onde manteve um longo encontro com o rei D. João II, antes de partir para a Espanha.
Há alguns anos, cidade de Beja, no Alentejo, mantém um museu e monumentos a Salvador Fernandes Zarco, apelidado Cristóvão Colombo. Outra evidência de que o espião Colombo era português é a farsa montada sobre sua certidão de nascimento. Como se sabe, as certidões de nascimento só passaram a existir nos anos 1700 e mesmo assim nos assentamentos dos livros da igreja católica.
Assim como é possível que a Itália corrobore com a farsa guardando um documento falso onde se afirma que Christóforo Colombo tenha nascido em Gênova?
Portanto, Cristóvão Colombo era o codinome do espião português Salvador Fernandes Zarco. Outro forte indício de que Colombo era português é o fato de ter dado o nome da localidade natal de Zarco para a ilha descoberta no Caribe, de Cuba. Não bastasse tudo isso, Christóforo, Colon ou Colombo nunca escreveu em outra língua que não fosse o português. Mesmo estando a serviço da rainha católica, não se encontrou até hoje, nenhum documento, relatório ou carta de Colon em espanhol, italiano ou latim. Sempre foram escritos  em idioma português.
Finalmente o terceiro nome citado no início: Kacper, ou como é conhecido nos livros didáticos, Gaspar da Gama.
Aceitando-se a mentira histórica do descobrimento em 1500, ou não, a verdade é que Krzysztof Arciszewski, Zygmunt Szkop e Władysław Konstanty Witulski não foram os primeiro polacos a visitarem o Brasil. Os próprios “doutos” que elegeram Arciszewski não mencionam que Szkop e Witulski estão juntos com o almirante da esquadra invasora holandesa. 
O padre polaco Jan Pitoń, que viveu no Brasil de 1927 a 1985 e que exerceu entre outros cargos o de Chefe da Missão Católica Polaca no Brasil afirmava em seus estudos que a primazia de colocar os pés na areia branca de Porto Seguro coube ao polaco nascido na cidade de Poznań, Kacper.
Este polaco de origem judaica foi registrado nos documentos da expedição de Cabral como Gaspar “da Gama”, não confundir com Gaspar Lemos.
Eduardo Bueno, em seu livro “A viagem do descobrimento - verdadeira história da expedição de Cabral”, na página 42 escreveu: “Além de mestre João, outro personagem intrigante a bordo era Gaspar da Gama, ou Gaspar da Índia, que Vasco da Gama julgara ser um espião árabe e capturara em Goa, na Índia. Gaspar, na verdade, era um judeu polaco, de caráter errante, que vivera na Índia 30 anos antes. Aprisionado por Gama, terminou por conquistá-lo. Converteu-se ao cristianismo, adotou o nome de batismo do poderoso padrinho e foi levado para Lisboa. Passou a circular pela corte com desenvoltura, tornou-se íntimo de D. Manoel e embarcou como intérprete na viagem de Cabral”.
O mais significativo é a informação do padre Zdzisław Malczewski, em sua tese de doutoramento em história, „A presença dos poloneses e da comunidade polônica no Rio de Janeiro”, de que Gaspar da Gama foi um dos três homens europeus a pisar pela primeira vez em solo brasileiro naquela expedição de Pedro Álvares Cabral: “Cabral decidiu enviar a terra o experiente Nicolau Coelho, que estivera na Índia com Vasco da Gama. Junto com ele, seguiram Gaspar da Gama, o judeu da Índia, - que além do árabe, falava dialetos hindus da costa do Malabar -, mais um grumete da Guiné e um escravo de Angola. Os portugueses conseguiram reunir, assim, a bordo de um escaler, homens dos três continentes conhecidos até então, e capazes de falar seis ou sete línguas diferentes.”
Malczewski, contudo, faz questão de assinalar, que Gaspar da Gama não teria grandes afinidades com a terra pátria. Talvez, na sua condição de padre católico, Malczewski não queira ter assumido a primazia do polaco-judeu Gaspar e tampouco contrariar os demais autores que elegeram o militar Arciszewski como o primeiro.
Com estas considerações fica claro que a presença polaca em território brasileiro recua quatro séculos no tempo, através dos pés pioneiros de Kacper "da Gama" nas areias da Bahia; que o capitão Sancho Brandão descobriu a América e o Brasil, em 1342, tendo o Brasil 667 anos; e que Cristóvão Colombo era Salvador Fernandes Zarco e que este era português de Vila Cuba, na cidade de Beja e não genovês.

P.S. Texto baseado em parte na minha tese de doutorado pela Uniwersytet Jagielloński de Cracóvia a ser defendida ainda este ano e no artigo "Descobrimento do Brasil" de Manoel Soriano Neto, além das referências bibliográficas abaixo:

- Pombo, Rocha - "História do Brasil - Edições Melhoramentos, SP, 1964.
- Galanti, Pe. Raphael M.S.J. - "História do Brasil" - Duprat e Cia, SP, 1913.
- Vianna, Hélio - "História do Brasil" - Edições Melhoramentos, SP, 1982.
- Serrano, Jonathas - "História do Brasil", F. Briguet e Cia Editores, RJ, 1931.
- Calmon, Pedro - "História do Brasil", Editora Nacional, SP, 1947.
- Varnhagen, Francisco Adolfo de - "História Geral do Brasil", Edições
Melhoramentos, SP, 1978.
- Vasconcelos, Genserico - "História Militar do Brasil", Imprensa Militar, RJ, 1922.
- Carvalho, Luiz Paulo Macedo - "Repensando Tordesilhas", revista "A Defesa
Nacional", 1º trimestre de 1995.
- Cabral, Francisco Pinto - "O Português Salvador Fernandes Zarco, vulgo Cristóvão
Colombo, o Redescobridor da América", Editora Thesaurus, Brasília, 1993.
- Souza, José Helder de - "Como Dom João II enganou os Reis Católicos da
Espanha", revista do IHGDF, Brasília, 1998.
- Menezes, Vladir - "O Descobrimento do Brasil", revista do Instituto do Ceará, 1990.
- Henriques, Elber de Melo - "O Descobrimento do Brasil - Comentários", revista nº
79/93, do IGHMB, RJ, 1993.
- Cozza, Dino Willy - "A Marinha Portuguesa no Brasil", revista "A Defesa
Nacional", RJ, 2º trimestre de 1997.
- Negalha, Jonas - "Quarto Centenário de Raposo Tavares", "Ombro a Ombro", Dez
de 1998.
- Almeida, Edson Plats - "Quem Descobriu o Brasil?" - revista "Ano Zero", Editora
"Ano Zero", SP, 1992.
- Soriano Aderaldo, Mozart - "Revisionismo Histórico", revista do Instituto do Ceará,
1990.
- Soriano Neto, Manoel - "As Comemorações do V Centenário do Descobrimento do
Brasil" - "Revista do Exército Brasileiro", 2º trimestre de 1997.
- Documentos diversos (existentes no C Doc Ex).
- Bueno, Eduardo. “Brasil, Uma História”. 2ª. Edição. São Paulo. Ed. Ática. 2003.
- Głuchowski, Kazimierz. „Materjały do problemu Osadnictwa Polskiego W Brazylii”. Wydawnictwo Instytutu Naukowego Do Badań Emigracji I Kolonizacji. Warszawa.1924. 
- Groniowski, Krzysztof – Polska Emigracja Zarobkowa W Brazylii 1871-1914. Zakład Narodowy Im. Ossolińskich - Wydawnictwo. Wrocław - Polska.1972.
- Iarochinski, Ulisses. Saga Dos Polacos - A Historia Da Polônia E Seus Emigrantes No Brasil. Edição Do Autor. Curitiba. 2001
- Janotti, Maria De Lourdes; ROSA, Zita De Paula.” História Oral: Uma Utopia?” In: “Memória, História, Historiografia”. Revista Brasileira De História. São Paulo. ANPUH, V.13 N. 25/26, P.13, Set/92 – Ago/93.
- Klarner, Izabela. „Emigracja Z Królestwa Polkiego Do Brazylii 1890-1914. „Książka I Wiedza”.Warszawa, Polska. 1975.
- Konopnicka, M. 1910. “Pan Balcer w Brazylii”. Warszawa.
- Kula, Marcin. “Polonia Brazylijska”, Warszawa, 1981.
- Miodunka, Władysław T. „Cześć, Jak Się Masz?”. UNB. 2001
- Mocyk, Agnieszka. 2005. “Piekło czy raj? Obraz Brazylii w piśmiennictwie Polskim w latach 1864-1939”. Universitas. Kraków.
- Rogulski, Bronislau Ostoja. “Um Século De Colonização Polonesa No Paraná”. Comitê Executivo Das Comemorações Do Centenário Da Imigração Polonesa Par O Paraná. Curitiba. 1971.
- SekuŁa, Michał. „Pamiętniki Emigrantów, Ameryka Południowa”, Warszawa, 1939, Nr 7, 9, 17, 18,24-26.
- Smolana, Krzysztof – Rozmieszczenie Polaków W Ameryce Łacińskiej W Latach 1869-1939 – Liczba I, CZ I, Wrocław, 1981.
- Szawleski, M. “Kwestja Emigracji W Polsce”. Nakładem Polskiego Towarzystwa Emigracyjnego. Warszawa. 1927
- Trindade, Etelvina Maria De Castro. 1996. “Clotildes Ou Marias – Mulheres De Curitiba Na Primeira República”. Farol Do Saber. Fundação Cultural. Curitiba.
- Turczyński, Juliusz. 1894. “Nasza Odyseja. Obraz z wychodźstws brazylijskiego, Kurier Lwowski nr.246-315 (z przerwami)”.
- Wachowicz, Ruy C. „Aspectos Da Imigração Polonesa No Brasil”. Artigo, Curitiba, Brasil.
- Wachowicz, Ruy C. „Um Pouco Da Saga Do Polaco Que Virou Polonês No Caldo Cultural Do Sul”. Depoimento-Entrevista Jornal Indústria & Comércio, 10 De Maio De 1988. Curitiba, Brasil.
- Wachowicz, Ruy C. “O Camponês Polonês No Brasil”. Fundação Cultural De Curitiba. Casa Romário Martins. Curitiba. 1981.
- Wachowicz, Ruy C. “História Do Paraná”. Editora Dos Professores. Curitiba. 1968.
- Wlodzk. Ludovico, Polskie Kolonie Rolnicze W Paranie, Edição Da Sociedade Central Agrícola Do Reino Polonês, Nº 5, 116p. Varsóvia C.T.R., 1910
- Wojmar, K. I W. Komecki. „Kolonie Polskie W Paranie”, 28p, Cracóvia.
- Zając, Ks. Józef. „Liczba Polaków W Brazylii”. Kalendarz „Ludu”, Kurytyba, 1971 R.

- Pitoń, Ks. Jan Cm Żródło Polonii. Kraków. Polska. 1984
- Pitoń, Ks. Jan Cm Emigracja 1851-1889. Kraków. Polska. 1985
- Pitoń, Ks. Jan Cm. Emigracja Republika 1890- 1914. Kraków. Polska. 1985
- Pitoń, Ks. Jan Cm. Genealogia Emigranta. Kraków. Polska. 1986
- Pitoń, Ks. Jan Cm. Czynniki Poloninujące. Kraków. Polska. 1986
- Pitoń, Ks. Jan Cm Rolników Polskie. Kraków. Polska. 1987.
- Pitoń, Ks. Jan Cm Indianie Botocudos. Kraków. Polska. 1987
- Pitoń, Ks. Jan Cm Asymilacji Polonii Brazyliskiej. Kraków. Polska. 1988.
- Pitoń, Ks. Jan Cm. “Chłop Polski w Brazylii Oraz Liczebność Polonii”. Kraków. 1983.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Programação de filmes em Curitiba

A mostra de filmes polacos prossegue na Cinemateca de Curitiba neste feriado de terça-feira com os filmes "Dług - A Dívida" às 16 horas e "Sztuczki - Truques" às 20 horas.

A DÍVIDA (Dług)

Direção: Krzysztof Krauze. Roteiro: Krzysztof Krauze e Jerzy Morawski. Direção de fotografia: Bartosz Prokopowicz. Direção de arte: Magdalena Dipont. Música: Michał Urbaniak. Direção sonora: Wiesław Znyk. Edição: Krzysztof Szpetmański. Direção de produção: Tadeusz Drewno.  Elenco: Robert Gonera (Adam Borecki), Jacek Borcuch (Stefan Kowalczyk), Andrzej Chyra (Gerard Nowak), Cezary Kosiński (Tadeusz Frei), Joanna Szurmiej (Basia, noiva de Adam), entre outros.

 Baseado em fatos verídicos, este filme retrata a trágica história de dois jovens, Adam e Stefan, sócios nos planos de abrir um negócio promissor. Depois de inúmeras tentativas sem sucesso para obter um financiamento, têm um encontro casual com Gerard, velho colega de Stefan, que se oferece para levantar tais fundos. Mas de um simpático colega, Gerard vira um frio agiota que mudará para sempre a vida destes dois rapazes, bem como a sua própria.  Polônia, 1999, colorido, 97 minutos. Projeção DVD, legendado em português

TRUQUES (Sztuczki)

 Direção: Andrzej Jakimowski. Roteiro: Andrzej Jakimowski. Direção de fotografia: Adam Bajerski. Direção de arte: Ewa Jakimowska. Música: Tomasz Gąssowski. Direção sonora: Maria Chilarecka e Aleksander Musiałowski. Edição: Cezary Grzesiuk. Direção de produção: Mariusz Mielczarek. Elenco: Damian Ul (Stefek), Ewelina Walendziak (Elka, irmã de Stefek), Tomasz Sapryk (pai de Stefek e Elka), Rafał Guźniczak (Jerzy), Iwona Fornalczyk (mãe de Stefek e Elka), entre outros.

Filme baseado em motivos autobiográficos. Stefek, o menino de 6 anos e sua irmã Elka de 17 anos, acreditam que o destino desafortunado pode ser conduzido através de truques. O pai do Stefek abandonou sua mãe por outra mulher. O menino desafia o destino. Acha que uma cadeia de acontecimentos provocados por ele vai aproximá-lo do pai. Elka lhe ensina como ”subornar” o destino com pequenas oferendas. Mas no momento decisivo as crianças não têm nada valioso para oferecer. Polônia, 2007, colorido, 95 minutos. Projeção DVD, legendado em português.


A semana prossegue com os seguintes filmes:
dia 22 - quarta
às 16:00 horas - "Truques- Sztuczki"
às 20:00 horas - "Praça do Salvador - Plac Zbawiciela
dia 23 - quinta
às 16:00 horas - "Praça do Salvador - Plac Zbawiciela
às 20:00 horas - "Sexmissão - Seksmisja"
dia 24 - sexta
às 16:00 horas - "Sexmissão - Seksmisja"
às 20:00 horas - "Interrogatório - Przesłuchanie"
dia 25 - sábado
às 16:00 horas - "Interrogatório - Przesłuchanie"
às 20:00 horas - "Mimetismo - Barwy ochronne"
dia 26- domingo
às 16:00 horas - "Mimetismo - Barwy ochronne"
às 20:00 horas - "Hotel Pacífico - Zaklęte rewizy"
dia 27 - segunda
às 16:00 horas - "Hotel Pacífico - Zaklęte rewizy"
às 20:00 horas -  "Terra prometida - Ziemia Obiecana", diretor Andrzej Wajda
dia 28 - terça
às 16:00 horas - "Terra prometida - Ziemia Obiecana", diretor Andrzej Wajda
às 20:00 horas - "O Faraó - Faron"
dia 29 - quarta
às 16:00 horas - "O Faraó - Faron"
às 20:00 horas - "Tchau, até amanhã - Do widzenia, do jutra"
dia 30 - quinta
às 16:00 horas - "Tchau, até amanhã - Do widzenia, do jutra"
às 20:00 horas - "O homem obstinado - Mocny człowiek"

Editors virá ao Festival de Jarocin


Foto: Koncert Editors

O Woodstok se repete todo ano na Polônia. Na pequena localidade de Jarocin há muitos anos os grupos de rock-in-roll polaco se encontram no festival que leva o nome do local. Neste verão, o festival volta a ser realizado entre os dias 17 e 19 de julho. E a grande novidade deste ano será a presença do grupo britânico The Editors. A informação foi divulgada esta semana pela empresa organizadora Agencja Go Ahead.
Outro grupo estrangeiro que deverá dar as caras em Jarocin 2009 é o legendário Joy Division e Interpol, além dos já confirmados Noise Conspiracy, Maria Peszek, Kumka Olik, Reverox e Rockaway. O The Noise Conspiracy é atualmente um dos mais importantes grupos de rock do mundo. Fundado em 1998 pelo vocalista Dennis Lyxzéna, líder do Refused, legendária formação da cena hardcore. O segundo a fazer parte do grupo foi Lars Strömberg do punk capela Separation. O primeiro álbum T(I)NC saiu em 1999. O astro polaco Kazyk é outro que já confirmou presença. Líder do Kult, grupo que se apresentou em Curitiba, Ponta Grossa e Campo Largo na década de 90 é considerado o maior roqueiro da Polônia.
O Festival de Jarocin começou como uma grande festa da juventude em 1970, organizada pela discoteca klub „Olimp” com o nome de Wielkopolskie Rytmy Młodych. Embora esta festa tenha ocorrido durante dez anos com esta denominação, somente a primeira edição aconteceu fora da região da Wielkopolska.

Maiores informações, em idioma polaco, sobre o festival em www.jarocinfestiwal.pl

P.S. Jarocin fica na Wielkopolski e seria as terras do senhor feudal Jarocinski.... a origem do meu sobrenome.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Filmes polacos em Curitiba

Cena do filme "Jasminum", de Jan Jakub Kolski

Na última sexta-feira, com a presença da cônsul geral da Polônia para os três Estados do Sul do Brasil, Dorota Joanna Barys, foi aberta a "Mostra de filmes Polacos", em comemoração ao Centenário da Cinematografia Polaca, na Cinemateca de Curitiba, na rua Carlos Cavalcanti, 1174.
A Mostra composta por 14 filmes serão exibidos em Curitiba até o dia 30 de abril, sempre nos horários das 20:00 e 16:00 horas. O filme da noite é reprisado no dia seguinte à tarde. Na sexta e no sábado à tarde foi apresentado o filme "Jaśminum", de 2006, direção de Jan Jakub Kolski. Um conto mágico, cheio de aromas, tendo um mosteiro como palco. Nesta segunda feira, às 16 e as 20 horas a mostra prossegue com mais filmes.
Segundo uma das organizadoras da mostra, Agnieska Drewno, da produtora Mañana de Varsóvia, a mostra se compõe de verdadeiras jóias do cinema polaco.
O filme mais antigo, ainda mudo, é uma película de 1929, "O homem obstinado / Mocny człowiek" (direção de Henryk Szaro), modernizada por uma trilha sonora contemporânea. Na seleção dos filmes foi considerado seu o valor artístico, bem como os autores - os mais notáveis diretores do cinema polaco, de cuja constelação abre um dos representantes da Escola de Cinema Polaco - Janusz Morgenstern com o filme "Tchau, até amanhã / Do widzenia, do jutra" (1960). Na tela, ao lado de Zbigniew Cybulski, o mais popular ator da época, comparado a James Dean, está Roman Polański, que naqueles tempos dava seus primeiros passos como diretor de cinema, nem supondo que em quatro anos da sua estréia na direção, "Faca na água / Nóż w wodzie", lhe daria uma nomeação ao Oscar. Essa, aliás, não foi a primeira nomeação polaca a este prêmio tão prestigioso. Em 1967, um Oscar foi entregue para Jerzy Kawalerowicz pelo filme "O Faraó / Faraon" - a história de um imperador do Egito, baseado no romance de um dos mais apreciados escritores polacos, Bolesław Prus, com o excelente desempenho dos atores Jerzy Zelnik e Barbara Brylska.
Os anos 70 foram um dos melhores períodos do cinema da Polônia, por isso foi difícil escolher uma obra representativa daquela época. Mas aqui estão três filmes: "Terra prometida / Ziemia obiecana" (1974) de Andrzej Wajda com um elenco dos mais ilustres atores polacos: Daniel Olbrychski, Wojciech Pszoniak e Andrzej Seweryn; "Hotel Pacífico / Zaklęte rewiry" (1975) de Janusz Majewski - uma fotografia da psicologia humana através de um restaurante de hotel, sob as excelentes atuações de Roman Wilhelmi e Marek Kondrat e ainda o filme "Mimetismo/ Barwy ochronne" (1976) de Krzysztof Zanussi, considerado o mais celebre representante do Cinema da Inquietação Moral, uma onda interrompida em 1981 pela introdução da Lei Marcial na Polônia, tendo como conseqüência o impedimento da produção de quaisquer tipos de filmes.
Mesmo assim, arriscando repercussões ameaçadoras, a equipe do filme "O interrogatório / Przesłuchanie" (direção de Ryszard Bugajski) no inverno de 1981/ 1982 estava terminando as filmagens. Não foi permitida sua distribuição e assim sua estréia aconteceu somente em 13 de dezembro de 1989, no aniversário da imposição da lei marcial, agora em uma Polônia livre. No lado oposto, encontra-se "Sexmissão / Seksmisja" (1983) sob direção de Juliusz Machulski, reconhecido pelo público polaco como a melhor comédia do século.
"Estamos convictos de que os papeis criados por Jerzy Stuhr e Olgierd Łukasiewicz ficarão por muito tempo gravado em vossas memórias. Os demais filmes representam os últimos anos da cinematografia polaca", diz Drewno.
Realizado em 1999, o filme de Krzysztof Krauze "A Dívida/ Dług" é uma comovente história contemporânea baseada em acontecimentos autênticos. Um dos papeis principais é desempenhado por Andrzej Chyra, que está entre os mais talentosos atores da nova geração, atuando também no papel principal do filme "O Meirinho / Komornik" (2005) de Feliks Falk. A mesma forte expressão possui "Praça do Salvador / Plac Zbawiciela" de Joanna Kos-Krauze. O filme fala sobre a vida em família, mas com certeza não dessa que gostaríamos de experimentar. Este estudo cinematográfico merece grande atenção, concentração e profunda reflexão. A família tem um foco especial também em "Truques / Sztuczki" de Andrzej Jakimowski uma história simpática e suave sobre a esperança e o destino.


Cena do filme Ziemia Obiecana, do grande Andrzej Wajda (pronuncia-se andjei váida)

A próxima cidade a receber a mostra será Porto Alegre, em 5 de maio. Mas também Florianópolis, São Bento do Sul e Erexim deverão ser contempladas. Todos os filmes são legendados em português e a entrada é franca.

PiS, o único democrático?

Foto: Filip Klimaszewski

Apenas o PiS (Prawo i Sprawdliwości = partido direito e justiça) pode beijar a democracia na Polônia ante o liberalismo do Platforma (Partido da Plataforma)e meios de comunicação", foi o que afirmou Jarosław Kaczyński no sábado, no conselho político de seu partido sobre as eleições europeias.
Segundo o gêmeo Kaczyński não há o que discutir sobre democracia quando o tema é a eleição para o Parlamento Europeu. Seu partido dá lições nas demais agremiações partidárias. Após a fotografia de Marcin Libicki do PiS de Poznań surgiram outros dois deputados. Em Częstochowa em primeiro lugar aparece Marek Migalski e os parlamentares do PiS. E quando havia apenas um em Bydgoszcz, ou seja, Ryszard Czarnecki, veio o chefe do PiS na cidade, Wojciech Mojzesowicz.
O presidente do partido Jarosław Kaczyński respondendo se haveria mudança na decisão sobre a disputa dos membros de seu partido para constarem na lista parlamentar nestas eleições, ele disse que não a permitiu. "Todos os polacos podem se sentir bem e certos disso."
O irmão do presidente da República disse que se os membros do PiS forem eleitos para o Parlamento Europeu eles trabalharão no interesse nacional, ao contrário do PO (Platforma Obywatelstwo - Partido da Plataforma da Cidadania). Respondeu também que depois das eleições deverá surgir um novo grupo político no cenário europeu formado pelos conservadores britânicos e os tchecos do ODS.

P.S. A Polônia está envolvida no momento com a campanha parlamentar visando eleger os representantes do país no Parlamento Europeu, em Strasburgo. A eleição acontecerá em maio.

Pacote climático: 100 milhões Euros

A manchete do jornal Rzeczpospolita, desta segunda-feira, 20 de abril de 2009, é: "A conta do pacote climático: 100 milhões de euros."

sábado, 18 de abril de 2009

Klabin e a Monte Alegre do Tibagi


Hotel Ikape, na antiga colina "Mortandade", atual Harmonia, Monte Alegre

Neste 19 de abril, a Klabin comemora 110 anos de Brasil. Nos sertões inóspidos do Paraná contruíram ao longo dos últimos 69 anos a maior fábrica de papel da América Latina. Ali, na Fazenda Monte Alegre do Tibagi, atual munícipio de Telêmaco Borba, o mundo se reuniu e de mãos dadas, judeus, católicos, protestantes, muçulmanos, ortodoxos, umbadistas, agnósticos de etnias tão diferentes como os polacos, lituanos, ucranianos, suecos, finlandeses, austríacos, alemães, russos, turcos, portugueses e os mineiros, paulistas, baianos, gaúchos, catarineses, paranaenses, africanos e índios tiveram no trabalho e na Harmonia a principal razão de suas existências.


Sócios fundadores de Klabin Irmãos & Companhia - 1911.

Como filho de uma colônia multinacional, descobri muito recentemente que a colônia polaca de Monte Alegre era muito maior do que muitas tradicionais do Sul do Brasil. Porque diferente de todas as outras, Monte Alegre foi criação dos irmãos lituanos-judeus Klabin e Lafer e não de iniciativas nacionais, estaduais ou municipais.
Portanto, também posso dizer que sou filho de uma colônia polaca brasileira e por isso aqui está a história dos Klabin, dos Lafer e da Monte Alegre do Tibagi.


Avenida Brasil, em Harmonia, na atualidade

Os irmãos lituanos


Maurice Freemann Klabin, quando jovem. Retrato de 1888, Londres

Cinco irmãos Klabin tinham vindo para São Paulo, procedentes da Lituânia (ainda União das Repúblicas Polônia e Lituânia, ocupada pela Rússia desde 1795) entre 1880 e 1885: Maurice, Salomon, Hessel, Ludwig e Nessel, filhos de Leon e Sara. 
Estabeleceram-se na capital paulista, onde até 1889, atuaram no comércio com a firma M.F. Klabin e Irmão. O escritório ficava na Rua São João, nr. 23. Ainda nesse ano, em fevereiro, três irmãos Maurice, Salomon e Hessel e um cunhado Michal Lafer (casado com Nessel) constituíram em substituição à primeira firma, outra com o nome de “Klabin, Irmão e Cia”, a KIC, que era uma Sociedade Mercantil para exploração do mesmo ramo de negócios, ou seja, papéis, livros, objetos para escritório e outros artigos. O capital inicial era de 80 contos de réis, sendo que o sócio Maurice entrava com o dinheiro e os outros com mercadoria. Ao final do contrato social, redigido e assinado pelos quatro sócios estava escrito “a sociedade durará pelo tempo de três anos, a contar da data do presente contrato”. (Na foto pequena Bertha e Maurice F. Klabin)


A vista áerea de Harmonia, que o presidente Getúlio Vargas
viu da janela do avião em janeiro de 1944.

A KIC estava destinada a ultrapassar um século a mais do que os três anos previstos. Comercializando com papel, em 1906, os irmãos resolveram fabricar o próprio produto que vendiam. A KIC arrendou uma máquina de uma companhia que funcionava, desde 1890, em Itú, interior do Estado. Nas duas primeiras décadas do século 20, a expansão dos negócios do grupo Klabin ocorreu apenas no Estado de São Paulo.


Horácio Lafer e o presidente Getúlio Vargas, a usina do salto Mauá, no rio Tibagi, em 1954

Em 1909, no restaurante “Progredior”, na rua XV de Novembro, da capital paulista, os sócios se reuniram numa sala reservada para fundar a “Companhia Fabricadora de Papel”, que começou a funcionar em 1911 e cuja diretoria se constituiu por Maurice F. Klabin, Hessel Klabin, Salomon Klabin, Michal Lafer e José Zucci. Em 1923, o pioneiro Maurice faleceu e pouco mais tarde Michal Lafer. À frente dos negócios ficaram Salomon e Hessel.


A igreja de madeira, na av. Brasil de Harmonia,
 onde meus pais se casaram e eu fui batizado

Em 1932, a KIC expandiu-se para o Rio de Janeiro. Os irmãos Salomon e Hessel, acompanhados por Boris Abraanson, foram ao Rio de Janeiro de carro para se encontrar com Wolf Klabin. Este era, nessa época, gerente da filial da KIC no Rio de Janeiro. Wolf os levou para visitar um velha fábrica de louças de mesa e isoladores. Os Klabin resolviam assim entrar no ramo da cerâmica, comprando a “Manufatura Nacional de Porcelana", que em pouco tempo se transformou na maior produtora de azulejos da América Latina. Possuía três mil operários e fabricava 6,5 milhões de metros quadrados de azulejos por ano, tornando assim, o Brasil autossuficiente e independente das importações, basicamente da Alemanha.

Rua Beta na Harmonia dos anos 50

Nessa época dois nomes da nova geração, já nascidos no Brasil, passaram a opinar nos destinos do grupo e foram responsáveis pela diversificação da empresa. Eram eles, Wolf Klabin e Horácio Lafer.
Era então, interventor do Paraná, o sr. Manoel Ribas, que ofereceu à KIC umas terras nos sertões da região central do Paraná. Era uma fazenda existente desde 1727, quando José Felix da Silva recebeu em sesmaria nas margens do Rio Tibagi. Manoel Ribas, gaúcho e amigo de Getúlio Vargas tinha conhecido Wolf Klabin, no Rio Grande do Sul, numas das andanças do paulista pelo Brasil.


Aracy Rosa, esposa do escritor e cônsul Guimarães Rosa salvou centenas de judeus em Hamburgo, fornecendo vistos para emigrarem para o Brasil, fugindo do nazismo. Acima, telegrama enviado pelo cientista Albert Einstein, em 1949, pedindo apoio de Wolf Klabin para um emissário de Israel.

A fazenda do Brasil colonial
A fazenda Monte Alegre do Tibagi, tinha sido palco de algumas tragédias, como a do próprio José Felix, que se casando em 1781 com a jovem Onistarda, teve os dedos da mão esquerda decepadas e cortados três dedos da mão direita e para sempre ficou coxo de uma perna. José Félix tinha sido vítima de um atentado engendrado pela esposa, que o odiava terrivelmente. A mulher foi sentenciada como criminosa, em processo criminal que aconteceu na cidade de Castro. Em 1808, contudo, foi lavrada uma escritura de “perdão”, a pedido do marido.
Amargo e infeliz, o fazendeiro era, contudo, um homem ativo. Em Castro atuou como juiz ordinário, juiz de conselho, ajudante de milícias e capitão de ordenanças em Piraí e Furnas. Por volta de 1796, um amigo de José Félix foi visitá-lo na Fazenda Fortaleza, 17 km do povoado de Tibagi. Brígido Álvares recusou escolta do amigo fazendeiro para voltar a Castro. No dia seguinte, com uma flecha em cada olho, sua cabeça foi espetada num dos portões da Fazenda de José Félix. Em represália, o fazendeiro ordenou a seu capataz, Antonio Machado Ribeiro que fosse a busca dos índios caingangues, que sempre habitaram aquelas terras imemoriais. Uma carta do século 18, cita o ocorrido como a “Chacina do Tibagi”. A matança generalizada dos índios ocorreu nas margens do mesmo Rio Tibagi, uns 50 km mais ao Norte. Aquela colina ficaria conhecida nos séculos seguintes como "Mortandade”, até que a Sra. Luba Klabin mudasse o nome do local, em 1941. Ali foram construídos um hospital e um hotel, muito próximos de onde hoje se encontra a maior fabricante de papel da América Latina e uma das 7 maiores do mundo: a Klabin do Paraná. Desde então, a sede da Fazenda Monte Alegre do Tibagi, deixou de ser a Fazenda Velha de José Félix da Silva para se transformar na Harmonia.


Construção da ponte sobre o rio Tibagi ligando Harmonia a Cidade Nova

Pois foi esta fazenda que os Irmãos Klabin compraram do Banco do Estado do Paraná, já que os herdeiros de José Félix da Silva ao se associaram com um francês para criar a empresa “Companhia Agrícola e Florestal e Estrada de Ferro Monte Alegre” perderam aquelas terras na falência da empresa. A massa falida foi a leilão em 1933 e foi assim que o Banco do Estado do Paraná a arrematou por 4 mil contos de réis.
Em 1934, a Klabin do Paraná comprou a Fazenda Monte Alegre do Tibagi por 7.500 contos de réis. A empresa dos herdeiros de José Félix tinham construído 42 km de estrada até o rocio da pequena Tibagi, uma ligação telefônica entre a Fazenda e Tibagi, um casarão de madeira e alguns galpões rústicos. Das novas gerações da família, Samuel Klabin foi o primeiro a visitar aqueles sertões. Samuel depois de freqüentar o Colégio Mackenzie e a Escola de Altenburg aperfeiçoou seus estudos na Finlândia e Alemanha. Regressou ao Brasil aos 22 anos para trabalhar com fabricação de papel e foi logo incumbido por seu pai Salomon de conhecer as terras do Paraná. Num Ford 1929 e acompanhado por Reinaldo Bronnert viajou até Curitiba e dali até Tibagi, passando por Ponta Grossa e Castro. Encontrou na pequena cidade, as tradicionais famílias dos Bittencourt, Mercer, Borba, Carneiro, Guimarães que viviam do garimpo do diamante nas corredeiras do rio turbulento e sinuoso dos Campos Gerais há décadas. Como a fazenda ainda ficasse a 50 km foram aconselhados a pernoitar na antiga cidade. Morava ainda na cidade, o geólogo da empresa falida, Reinhardt Maack, que mostrou naquela mesma noite, filmes sobre Monte Alegre. Garimpavam no rio naquela época cerca de 5 mil homens, a maioria contratados das tradicionais famílias locais e muitos aventureiros. Samuel tomou nota de tudo o que viu. Voltou a São Paulo e contou tudo para a família.


Choupanas de troncos dos primeiros engenheiros florestais

Klabin ministro
Wolf Klabin junto com o primo Horácio Lafer (ministro das relações exteriores de Juscelino Kubitschek) assinou no tabelionato de Américo Alves Guimarães, em Curitiba, a escritura de promessa de compra e venda da Fazenda Monte Alegre, adquirida do Banco do Estado do Paraná, em 29 de outubro de 1934. Eram 143.516 hectares de terras. Dias antes, num outro cartório, este em São Paulo, era registrada a fundação das “Indústrias Klabin do Paraná”. Constituída por nove sócios, Salomon Klabin, Hessel Klabin, Jacob Klabin Lafer, Wolf K. Klabin, Eva Cecília Klabin Rapaport, Ema Gordon Klabin, Mina Klabin e Abraão Jacob Lafer, a empresa foi registrada no 11º. Tabelião, na Junta Comercial e publicada no Diário Oficial de São Paulo, nr. 234, nas páginas 31 e 32.  Wolf Klabin morreu em março de 1957 e teve seu nome perpetuado no Colégio Estadual Wolf Klabin de Telêmaco Borba. Os Horácios, Klabin e Lafer são nomes de avenida na mesma cidade (Na foto, o Horácio Lafer quando era ministro das relações exteriores). Horácio Lafer nasceu em São Paulo em 3 de maio de 1900 e morreu em Paris, em 29 de junho de 1965. Diplomata, político e empresário durante o governo Washington Luís foi o representante do Brasil na Liga das Nações e em 1934 foi eleito deputado federal. Em 1951, durante o último governo de Getúlio Vargas, foi ministro da Fazenda e já em 1959, no governo de Juscelino Kubitschek, foi ministro das Relações Exteriores. É tio de Celso Lafer. Ao lado de seus primos, os Klabin, foi diretor e co-fundador da Klabin Papel e Celulose.
A primeira diretoria foi composta por Salomon Klabin, presidente; Hessel Klabin, vice-presidente; e Jacob Klabin Lafer, secretário. O Conselho fiscal foi composto por Harry Levine, Lazar Kadischewitz, Abraão Jacob Lafer e os suplentes, Francisco Taranto, Augusto Rodrigues da Silva e Horácio Gordon.
Em 1937, aparece um novo nome na diretoria da Klabin do Paraná. Era o jovem Samuel Klabin, o mesmo que havia visitado Monte Alegre em 1933. Seu cargo: tesoureiro. Em 1940, ele parte para os Estados Unidos junto com o técnico Ernest Froelish. Foram encomendar projetos e comprar máquinas destinadas ao grande empreendimento daquele família chegada no Brasil no final do século 19, a Fábrica de Papel de Monte Alegre do Tibagi.


Em 1963, famílias inteiras foram desalojadas das áreas de reflorestamento
devido ao grande incêndio que quase destruiu por completo o empreendimento.

Em 9 de setembro de 1941, uma ata de assembleia da diretoria, relata dados do empreendimento nos sertões do Paraná. Com o capital inicial quadruplicado, a denominação da empresa passa a ser, “Indústrias Klabin do Paraná de Celulose S.A. – IKPC". Tem agora novos sócios e a nova diretoria passa a ser composta por: presidente, Salomon Klabin, 1º. Vice-presidente, Olavo Egídio de Souza Aranha, 2º vice-presidente, Hessel Klabin, 3º vice-presidente, Wolf Klabin, diretor-tesoureiro Jacob Klabin Lafer, diretor-secretário, Samuel Klabin. 


Wolf Klabin e Getúlio Vargas, no aeroporto de Monte Aegre, em 1954


O nome na diretoria de origem portuguesa Olavo Egídio de Sousa Aranha era um campineiro político, advogado, fazendeiro e banqueiro. Formado na Faculdade de Direito do Recife, foi vereador em São Paulo, deputado estadual, deputado federal, Secretário de Fazenda do Estado de São Paulo e Secretário de Agricultura do Estado de São Paulo. Como banqueiro foi diretor do Banco de Crédito Hipotecário e Agrícola do Estado de São Paulo e membro da diretoria das Indústrias Klabin. O outro Souza Aranha, Osvaldo Euclides de Souza Aranha, embora não tivesse parentesco com o vice-presidente Olavo Egídio, foi muito ligado aos Klabin e Lafer, por suas relações no governo Getúlio Vargas. Osvaldo que ocupou vários ministérios nos quinze anos da era Vargas foi também ministro das relações exteriores do Brasil.


Getúlio Vargas em filme da época visita Monte Alegre do Tibagi


Na Conferência do Rio, em janeiro do 1942, presidida por Osvaldo Aranha, o Brasil, e todos os países americanos decidem por romper as relações com os países do Eixo menos Argentina e Chile, que o fariam posteriormente. A decisão foi uma vitórias das convicções pan-americanas de Aranha. Em 1944, Aranha se demite do cargo de chanceler, após ser enfraquecido dentro do governo e pelo fechamento da Sociedade dos Amigos da América, do qual era vice-presidente. Para muitos observadores da época, Aranha era o candidato natural nas eleições de 1945, mas a parca base política e a fidelidade a Vargas o impediram de disputar as eleições. Voltou a cena política em 1947, como chefe da delegação brasileira na recém-criada Organização das Nações Unidas (ONU). Presidiu a II Assembléia Geral da ONU que votou pela partilha da Palestina, fato que rendeu a Aranha eternas gratidões dos judeus e sionistas por sua atuação. Devido a sua presidência naquele momento é que o Brasil todos os anos abre os trabalhos anuais da organização mundial, geralmente com uma palestra do presidente da República Federativa do Brasil.

A fábrica nas margens do Tibagi


Panorama da Fábrica após a última ampliação


A fábrica, apesar da segunda guerra mundial começou a ser erguida nas margens do Rio Tibagi, na antiga colina chamada de Mortandade, mas logo em seguida, denominada Harmonia, pois aquele empreendimento de vulto não poderia estar assentado numa terra com um nome de triste memória.
Para que as obras não se detivessem, os Klabin contraíram empréstimo do Banco do Brasil. Em razão disto, o presidente Getúlio Vargas ordenou que a construção da fábrica e a criação da área de reflorestamento fosse administrada por um homem de sua confiança. Assim o engenheiro Luiz Augusto da Silva Viera, do Ministério da Agricultura e famoso no Serviço Público foi morar em Monte Alegre para supervisionar as obras na construção da Usina hidroelétrica de Mauá, na represa de água de Harmonia e a organização da vida comunitária.


Bonde aéreo inaugurado, em 1959, sobre o rio Tibagi

A legião estrangeira
Veio gente de todo lugar. Dos municípios vizinhos aos técnicos fugidos da segunda guerra mundial. Reuniu-se naquele sertão pessoas tão diferentes e tão iguais como suíço J.B. Boesh, o engenheiro polaco Ignácio Sporn, o finlandês Irjo Virta, o português Artur Carvalho, o austríaco Karl Zappert, o alemão Albert Ehlert e o polaco Leon Sisla, o austríaco Francisco Riederer, os húngaros Geza Vayda e Bella Thuroniy, o sueco Leo Wikstroem, o finlandês Irjo Salo, o polaco Jan Borkoski, o turco Dara Sekban, o belga Cláudio Lobl, o iugoslavo Peter Lemr, o austríaco Alfred Leon, o polaco Franz Kraczberg (atualmente famoso mundialmente por suas esculturas de árvores retorcidas), as irmãs polacas Leokadja e Tocsia Zaremska, os alemães Johan Rodelheimer, Wilem Willer e Johnny Schwartz, o austríaco Max Staudacher, os tchecos Vladzyslav Rys, Overbeck, Jiri Aron, Stanislav Jesek, o ucraniano Wlodomir Galat, o russo Isaak Kissim e os engenheiros florestais polacos comandados por Zygmunt Wielicka como Stanislaw Kocinski, Maurice Golebiowski, Czuprowski, Sluzanowski, Sladkoski, Kaszkurewicz, Rodolf Kohout e Wiska.

A moderna Rodovia do Papel substituiu as antigas estradas de macadame da Fazenda

Um outro Klabin que marcaria seu nome para sempre naquelas terras foi Horácio Klabin, fundador do jornal "O Tibagi" e da Rádio Sociedade Monte Alegre. Entusiasta do esporte fez do CAMA uma das maiores equipes de futebol que o Paraná já viu jogar. Em sua origem o clube se chamava Klabin Esporte CLube. Com o desenvolvimento da indústria e com a proposta de divulgar o nome de Monte Alegre, foi então quem em 1° de maio de 1946, o CAMA surgia para no futuro obter uma das mais importantes conquistas de sua história. Mesmo já fundado, a equipe continuou utilizando o nome de Klabin EC por algum tempo.O grande Coritiba Futebol Clube da capital, viu sua sequência de títulos ser quebrada com o aparecimento daquela esquadra chamada de "pantera negra" na década de 50. E foram duas vezes, uma em 1955, com o título da primeira equipe do interior do Estado e em 1958, quando o Atlético Paranaense foi campeão com a maioria dos jogadores do CAMA de 55, além do técnico Motorzinho e do artilheiro Taíco. Horácio pessoalmente trouxe para o sertão paranaense jogadores do Corinthias, do Flamengo, como Bolivar, Pequeno, Taíco e outros.O estádio de Harmonia recebeu a denominação de “Estádio Dr. Horácio Klabin”, inaugurado em 10 de abril de 1949, numa partida entre o Clube Atlético Paranaense e o Corinthians Paulista, a partida encerrou empatada em 3 a 3. A campanha vitoriosa de 1955 com 28 partidas, teve o CAMA como vencedor em 18 jogos, tendo empatado 4 e sofrido 6 derrotas. O técnico Rui Santos, conhecido por “Motorzinho”, montou com a ajuda de Horácio Klabin “uma máquina de jogar futebol”.


Equipe do CAMA- Clube Atlético Monte Alegre de 1949

O CAMA foi o vencedor dos dois primeiros turnos e decidiu com o Clube Atlético Ferroviário, vencedor do terceiro turno, numa melhor de três. O primeiro duelo aconteceu no estádio Durival de Brito, em 08/04/1956, jogo que terminou em 2 a 2. O segundo confronto foi em casa, no dia 15/04/1956, onde o Pantera Negra suplantou o adversário inapelavelmente por 3 a 1. A terceira e decisiva partida aconteceu no dia 22/04/1956, no estádio Joaquim Américo, onde o CAMA venceu pelo placar de 1 a 0, gol de Nelson. Artilharia Pesada no ano da conquista - César Frízio e Ocimar anotaram cada um 15 gols; Taíco 14; Nelson 10; Nestor 7; Isaac e Torres 4; Aloísio 2 e Rubens, Juths e César Veiga, cada um, assinalou 1 gol. A equipe campeã, a primeira do interior do estado era formada pelos seguintes jogadores: Bolívar, Aurélio, Juths, Pequeno, Juninho, Augusto, Isaac, César veiga, Nestor, César Frízio, Taíco, Ocimar, Nelson, Orlando, Aloísio, Torres, Rubens, Osvaldo, Lúcio e Amaro.


Outro nome importante na história recente do Brasil está ligado a Monte Alegre. É ele Celso Lafer, ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio e ex-ministro das Relações Exteriores, em duas ocasiões, em 1992 e de 2001 a 2002, nos governos de Fernando Collor e no de Fernando Henrique Cardoso, além de embaixador do Brasil junto à OMC, embaixador do Brasil junto à Organização das Nações Unidas (ONU) de 1995 a 1998.  Celso é filho de A. Jacob Lafer, que ainda estudante na década de 50 passava suas férias em Monte Alegre. Fazia pique-niques no Salto Aparado e na Praia da Lontra Mansa com a turma de jovens montealegrenses como Marianne Zappert, Maria Emilia Steiger, Zelma Tavares, Nucha Snutianoski, Wanda Tobich. Celso por esta época gostava de ler e discutia com seus amigos de Monte Alegre sobre literatura, política e filosofia. Nos meses de dezembro costuma se divertir na barragem do Harmonia Clube. Celso ora se hospedava na casa da diretoria (quando vinha com seus pais), ora na casa de João Teixeira de Mendonça. Celso foi o representante da quarta geração dos clãs que mais frequenta Monte Alegre. Esteve presente na inauguração da máquina seis.
Atualmente Celso Lafer é coordenador da área de Concentração de Direitos Humanos da Faculdade de Direito da USP, presidente do Conselho Deliberativo do Museu Lasar Segall e co-editor da revista Política Externa. Integra também o Conselho de Administração de Klabin e desde 2002 é membro da Corte Permanente de Arbitragem Internacional de Haia. 

Meu avô


Vista aérea atual com a cidade de Telêmaco Borba, o rio Tibagi e a Fábrica de Papel
O engenheiro polaco Zigmunt Wielicka, o "gralha azul"
plantou 100 milhões de pés de araucária (pinheiro do Paraná) em Monte Alegre

Junto aos estrangeiros, muitos outros também com sobrenomes difíceis de pronunciar e escrever vieram em busca do paraíso verde do trabalho, como os brasileiros descendentes de polacos, ucranianos, alemães, italianos como Swieski, Tobich, Styber, Massoquete, Jantas, Roda, Gotardelo, além dos sobrenomes portugueses de Péricles Pacheco da Silva, João de Paula Pinto, Dimas Cardoso, Benedito Dutra, Euclides Marcola, Paulo Rios Fernandes, Joaquim Batista Ribeiro, David Natel, Alexandre Kassab, Lourival Elias, Francisco Tito Quadrado, René Pucci, Teodoro Castro Ribas, Jorge Mesquita de Oliveira, Adolfo Taques, Nemézio Boska, Aldo Sani e tantos outros (e até o assassino do meu pai.. Nadal Banik, fugitivo que não foi julgado e nunca pagou por seu crime).


Meu avô, o polaco de Wojcieszków-Polônia, Boleslaw Jarosinski,
entre colegas e caminhões do setor de transportes,
quando da construção da fábrica em 1941

Também o meu bisavô polaco Piotr Jarosiński, de Dobre - Minsk Mazowiecki, meu avô polaco Bolesław Jarosiński, meu tio Frederico Blanc Mendes, meu avô mineiro Honorato Pereira da Silva e outros tios, tias e primas fizeram a história de Monte Alegre do Tibagi, infelizmente denominada Telêmaco Borba, quando de sua emancipação política, em 1963, da bicentenária Tibagi. O nome dado para o novo município foi uma imposição dos descendentes deste curitibano, ex-deputado estadual e ex-prefeito de Tibagi, moradores de Tibagi e Curitiba, inclusive um ex-governador.
Telêmaco Augusto Morosines Borba, alguém que nada fez por Monte Alegre do Tibagi, por Harmonia, por Mandaçaia, por Barro Preto, por Mauá, por Lagoa, por Miranda, por Mirandinha, por Imbaú, por Mina de Carvão teve seu nome perpetuado numa criação que é toda dos Klabin e os estrangeiros e brasileiros de todos os rincões do mundo. Um dos descendentes de Telêmaco Borba, o historiador castrense Oney Barbosa Borba conta em seu livro "Telêmaco Mandava Matar", que o seu ancestral famoso teria sido o mandante do assassinato do então prefeito de Tibagi, Coronel Espírito Santo. Os verdadeiros assassinos seriam seu filho Euzébio Borba e o negro Jocelim. Na tentativa de encobrir o crime, muitas outras pessoas foram mortas, inclusive o neto do coronel de nome Aparício Borba que bebeu o café de uma xícara envenenada que estaria destinada ao escrivão José Rachael Pinto, um dos participantes do julgamento, que embora compadre de Telêmaco contava para todos que aquilo tudo tinha sido uma farsa para encobrir o mandante. Telêmaco que era então presidente da Câmara de vereadores com a morte do prefeito e seu adversário político assumiu a prefeitura e sem oponentes ganhou as eleições seguintes.


Meu pai, Cassemiro Iarochinski, funcionário da divisão
de transportes da Klabin do Paraná, em 1958.

Mudar o nome do município?
Quando as famílias Klabin e Lafer comemoram 110 anos de fundação da empresa familiar nada mais justo seria que o município passasse finalmente a se chamar Monte Alegre do Tibagi, Monte Alegre do Paraná, Harmonia, Klabinlândia, Klabinburgo, ou outra qualquer denominação que faça jus a história do lugar, ou aos que transformaram um sertão numa das maiores indústrias de papel e maior parque de reflorestamento particular do mundo.


Entrada principal da cidade de Telêmaco Borba

Como filho nascido nos fundos da fábrica, no sopé da antiga colina Mortandade e atual Harmonia,  quando ainda era município de Tibagi, nada me faria mais feliz do que o enterro definitivo de Telêmaco Borba na memória de infelizes idéias marcadas por imposições políticas de famílias tradicionais, que tudo fizeram para tornar dificil o desenvolvimento da região.
Como também, que a lei inconsequente dos vereadores do munícipio ao mudar o nome da praça Jiri Aron, na confluência das avenida Paraná e Samuel Klabin, para praça da Bíblia fosse revogada, não só porque é inconstitucional (lei Federal impede que se troque denominação de logradouros públicos que já possuam nomes de pessoas para outros quaisquer), mas porque fere a memória do judeu Aron, que durante a década de 1955 a 1966 foi responsável pelo período de maior redimento econômico da IKPC, desde sua fundação.

* texto extraído em parte do livro "Monte Alegre cidade-papel" da jornalista Hellê Velloso Fernandes, publicado em 1974, em Curitiba. Fotos antigas cedidas por Lúcia Swieski, álbum de família Iarochinski e acervo iconográfico "pioneiros" da USP.