quarta-feira, 29 de maio de 2024

Vetada língua silesiana

Presidente Andrzej Sebastian Duda - foto de Jakub Szymczak
 

O Presidente Andrzej Duda, da República da Polônia vetou, hoje, uma lei que tornaria o silesiano uma língua regional reconhecida na Polônia.

 Presidente da República da Polônia nos termos do art. Seção 122 5 da Constituição da República da Polônia de 2 de abril de 1997, recusou-se a assinar a Lei de 26 de abril de 2024, que altera a Lei sobre as minorias nacionais e étnicas e a língua regional e alguns outros atos, em 29 de maio de 2024.

Ele argumentou que o silesiano é um dialeto do polaco, e não uma língua em si, e também citou preocupações com a segurança nacional. No censo nacional mais recente, cerca de 460 mil pessoas na Polônia disseram que usam a Silesiana como língua principal em casa. Isso é muito mais do que os 87.600 que falam Cachubiano, uma língua nativa do norte da Polônia que atualmente é a única língua regional reconhecida do país.

Esse reconhecimento oficial permite que uma língua seja ensinada nas escolas e usada na administração local ,em municípios onde pelo menos 20% da população declarou no último censo que o falam.

No entanto, na justificativa para seu veto hoje, Duda argumentou que, nas “opiniões de especialistas, especialmente linguistas”, Silesiana não atende aos critérios que definem uma linguagem estabelecida na lei de 2005, que regulamenta as minorias étnicas e as línguas regionais reconhecidas da Polônia.

Em vez disso, é um “etnético”, disse Duda, um termo que se refere a uma variedade de uma língua associada a um determinado grupo étnico. O presidente observou que, como tal, a Silesiana ainda está sujeita a proteções legais e apoio, assim como outros dialetos de polaco, sob legislação separada.

Fontes: jornais e gabinete da Presidência da República.

Tradução: Ulisses Iarochinski

domingo, 26 de maio de 2024

Espiões russos estariam sabotando na Polônia

 
Cresce o medo do perigo que vem do Leste, na forma de desinformação, espionagem ou incêndios criminosos.
 
Primeiro-ministro polaco Donald Tusk manda erguer uma forte proteção na fronteira e instaura comissão para detectar "traidores".
 
Desde o início da invasão russa da Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022, a Polônia passou a ser um país de "front" para a União Europeia. Porém, só agora sua sociedade parece ter compreendido a extensão total da ameaça que vem do Leste.
 
Nos últimos tempos, diversos incêndios estão assustando a população. Até o momento, não há provas conclusivas, porém, muitos suspeitam que por trás deles esteja a ação de serviços secretos estrangeiros. "Não temos mais qualquer dúvida de que os serviços secretos russos – e os bielorussos, que cooperam de perto com eles – estão muito ativos na Polônia", comentou o primeiro-ministro, Donald Tusk, nesta semana que passou (21/05), após uma reunião de seu gabinete.
 
Donald Tusk discursa no Rynek (Praça Central) de Cracóvia
 
Nos últimos dias, o político centrista tem aproveitado toda oportunidade para alertar contra o perigo de sabotagem e a desinformação a partir da Rússia. Ele informou que, no momento, 12 indivíduos estão em prisão cautelar, acusados de participação em atos de sabotagem a mando da Rússia.
 
Além disso, os serviços secretos russos teriam provavelmente "algo a ver" com o incêndio do Shopping Center, na rua Marywilska, n.º 44, no norte de Varsóvia.
 
Shopping incendiado em Varsóvia

Em 12 de maio, o fogo destruiu cerca de 1.400 lojas: em poucas horas, milhares de comerciantes, sobretudo imigrantes e polacos de origem vietnamita (que vivem na Polônia desde os anos 70, refugiados da guerra do Vietnã), perderam todas as suas posses.
 
O fato de o incêndio ter começado, simultaneamente, em focos diferentes suscitou especulações exacerbadas. "Vamos investigar", prometeu Tusk.
 
Incidentes semelhantes têm se acumulado nas últimas semanas: um depósito de lixo, um prédio escolar durante um exame. A inesperada fuga do juiz polaco Tomasz Schmydt no início de maio para a Bielorrússia – de onde, agora, ele faz propaganda antipolaca sob ordens do presidente daquele país, Aleksander Lukaszenko – agravou ainda mais a insegurança nacional:
- Quem sabe há muito o ambicioso juiz fosse um espião de serviços secretos estrangeiros, repassando material altamente sensível?
 
Tusk anuncia um "Escudo Protetor no Leste" 
Diante dos perigos crescentes para a segurança nacional, Tusk decidiu partir para a contraofensiva: em meados de maio, apresentou um projeto de uma linha de defesa para os 600 quilômetros de fronteira com a Rússia e a Bielorrússia.
 
Dessa forma, além dos obstáculos naturais como rios, lagos, pântanos e florestas, haverá fortificações chamadas pelo chefe de governo de "Escudo Protetor Leste", erigidas com barricadas antitanques e muito equipamento eletrônico, inclusive unidades de reconhecimento.
 
Tusk espera que a União Europeia se disponha a assumir parte dos custos. Em 21 de maio, ele criou uma comissão para investigar a influência dos serviços secretos russos e bielorrussos sobre a política polaca. Sob direção de Jarosław Stróżyk, chefe do Serviço de Contrainteligência Militar (SKW), ele já deverá apresentar seu primeiro relatório antes do recesso do verão europeu.
 
Composta por especialistas, a comissão se reunirá a portas fechadas, sem ser filmada, a fim de analisar a política nacional, a partir de 2004, incluindo, portanto, também o governo do próprio partido de Tusk, a Plataforma Cívica (PO), entre 2007 a 2015.
 
Por mais que o primeiro-ministri se esforce para manter uma aparência de neutralidade, para todo observador político está claro que no centro da atenção dos peritos estará o partido populista de direita Direito e Justiça (PiS), do líder Jarosław Kaczyński.
 
Antoni Macierewicz
 
Nesse contexto, um nome é citado com especial frequência: Antoni Macierewicz. Após a guinada democrática, o antigo crítico do regime, que desde a década de 70 combatia o sistema comunista, aproximou-se cada vez mais da ala nacionalista-religiosa da oposição. A partir de 2006, em diversas funções no Ministério da Defesa, ele realizou purgações radicais no serviço secreto militar.
 
Críticos o acusaram de, dessa maneira, ter incapacitado o Exército Polaco. Como ministro da Defesa de 2015 a 2016, igualmente impediu a modernização das forças de combate, ao rescindir os contratos armamentistas com a França, entre outros.
 
Tusk: "Não sou um segundo McCarthy" 
"O laço das informações que estamos coletando vai se apertando em torno de Antoni Macierewicz", comentou Tusk. Em seus círculos teriam atuado indivíduos que desarmaram o Exército polaco e desativaram o serviço de informações. "Muitas decisões [de Macierewicz] foram em proveito da Rússia", confirmou na quarta-feira o chefe da Comissão Parlamentar para Controle dos Serviços Secretos, Marek Biernacki.
 
Em sua opinião, o PiS "não é um partido pró-russo, mas sim infiltrado pela Rússia".
 
"Não sou um [Joseph] McCarthy moderno", assegurou Tusk, em alusão ao senador que promoveu nos Estados Unidos uma caça às bruxas anticomunista, nas décadas de 40 e 50.
 
Contudo, na fase quente da campanha eleitoral para o Parlamento Europeu, em 9 de junho, o líder da maior legenda governista, o PO, tenta mobilizar seu eleitorado representando a votação como uma confrontação entre a Europa e a Rússia. "A Rússia já está aqui", diz seu clip eleitoral, controvertido também dentro do partido.
 
Os autores condenam o PiS por manter contatos com Rússia e a Bielorrússia, citando um discurso de Tusk no Parlamento em que ele classifica a extrema-direita polaca como "traidores pagos, lacaios da Rússia".
 
"Tusk precisa vencer, de qualquer modo, a fim de acelerar a tomada de controle sobre o Estado", explica o jornalista Michał Szułdrzyński no Jornal Rzeczpospolita. Apesar de revelados numerosos escândalos e casos de corrupção do governo anterior, permanece forte o apoio à sigla de Kaczyński.
 
As pesquisas de opinião antecipam uma corrida cabeça-a-cabeça entre o PO e o PiS. Uma décima vitória seguida dos populistas de extrema-direita representaria grave perda de prestígio para Tusk. Perante tal quadro, a mensagem que o político liberal, pró-UE Donald Tusk dirige a seus eleitores não poderia ser mais simples: "Putin quer desestabilizar a Europa. Se você quer paz, vá votar". 
 
Fonte: Radio Deustch Welle
Texto: Jacek Lepiarz

quinta-feira, 16 de maio de 2024

ABAIXO-ASSINADO AO REITOR DA UJ PEDINDO ROMPIMENTO DE RELAÇÕES COM ISRAEL


Collegium Nowum - Reitoria da UJ

CARTA E ABAIXO-ASSINADO PARA O REITOR DA UNIVERSIDADE IAGUIELÔNICA DE CRACÓVIA.

Eu, Ulisses iarochinski, na qualidade de formando da mais antiga universidade da Polônia e segunda mais antiga da Europa Central, assinei esta carta pedindo rompimento de relações com as universidades e governo de Israel por cometimento de genocídio contra o Povo Palestino da Faixa de Gaza.

 

Honorável Professor

Reitor da Universidade Iaguielônica,

Prof. Dr. Hab. Jacek Popiel

Sua Magnificência, Prezado Sr. Reitor, Nós, abaixo-assinados e abaixo-assinados, estudantes, diplomados, acadêmicos e cientistas, estamos horrorizados com a escala e a crueldade das ações israelitas desde 7 de Outubro do ano passado, que atingiram um nível sem precedentes na longa e brutal história da ocupação da Palestina.

De acordo com os principais estudiosos israelenses e judeus do Holocausto e dos estudos do genocídio, como Rez Sagal [1], Barry Trachtenberg [2] e Amos Goldberg [3], as ações de Israel são um exemplo clássico de genocídio.

No decurso do processo contra Israel, o Tribunal Internacional de Justiça concluiu que existe uma probabilidade das ações de Israel violarem o direito dos palestinianos na Faixa de Gaza à proteção contra atos de genocídio e atos proibidos relacionados estabelecidos no artigo III da Convenção para a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio [4]. Pelo menos 35 mil palestinos morreram, a grande maioria deles civis, incluindo 14,5 mil crianças [5].

De acordo com um relatório de 2 de Abril do Banco Mundial e das Nações Unidas, mais de 62% da área da Faixa de Gaza foi destruída e mais de um milhão de pessoas ficaram desalojadas. O valor total da infraestrutura destruída foi estimado em 18,5 bilhões de dólares [6]. As ações do Estado de Israel têm consequências desastrosas também a nível educativo, científico e cultural. Universidades, bibliotecas, escolas e museus são destruídos.

Os ataques israelitas já afetaram todas as universidades da Faixa de Gaza, tendo a última sido explodida pelo exército israelita em 17 de Janeiro pelo exército israelita [7]. Junto com ele, o museu administrado pela universidade foi saqueado e arrasado, juntando-se a uma série de outros museus destruídos ou danificados por Israel [8].

Desde 7 de Outubro, pelo menos 95 cientistas, 5.497 estudantes, 261 professores e funcionários da administração escolar morreram, e pelo menos 625.000 pessoas morreram. As crianças em idade escolar foram privadas do acesso à educação durante vários meses. Pelo menos 60% das instalações educativas, incluindo 13 bibliotecas públicas, foram destruídas ou danificadas [9]. 212 escolas foram diretamente bombardeadas, incluindo 165 localizadas em território marcado como “seguro” pelo exército israelita [10].

Deve-se enfatizar que as universidades israelenses são cúmplices na perseguição da população palestina e nas operações militares. Mantêm laços estreitos com o exército israelita e trabalham para melhorar as armas, os instrumentos de opressão e de vigilância [11]. As universidades também discriminam sistematicamente os estudantes com base na sua identidade não-judaica e participam diretamente na colonização das terras palestinas [12].

À luz do acima exposto, apelamos à Universidade Iaguielônica para:

1. Condenação pública, firme e inequívoca do ataque de Israel à Faixa de Gaza e da ocupação da Palestina,

2. rescisão imediata da cooperação com instituições acadêmicas, centros de pesquisa e outras organizações e empresas israelenses,

3. fornecer informações sobre quais entidades deste tipo a Universidade Iaguielônica coopera e em que medida,

4. Boicotar as instituições israelitas a nível nacional e internacional até que a ocupação da Palestina termine, o direito dos palestinos à igualdade e à autodeterminação seja reconhecido e o direito de regresso dos refugiados palestinos seja reconhecido. Consideramos que a falta de ação equivale ao consentimento tácito para cometer crimes contra a humanidade.

 

Fontes: [1] Segal, R. (13.10.2023), "A Textbook Case of Genocide", Jewish Currents, https://jewishcurrents.org/a-textbook-case-of-genocide (data: 09.05.2024).

[2] Dogru, I. (22.02.2024), "Estudioso judeu americano diz que Israel lançou campanha genocida de extermínio em Gaza", Anadolu Ajansi, https://www.aa.com.tr/en/world/american- O estudioso judeu diz que Israel lançou uma campanha genocida de extermínio em Gaza / 3145086 (dostęp: 09.05.2024).

[3] Middle East Eye (29.04.2024), "Israel 'Indubitavelmente' cometendo genocídio: estudioso do Holocausto Amos Goldberg", https://www.middleeasteye.net/.../israel-undoubtedly... amos-goldberg (data: 09.05.2024).

[4] Międzynarodowy Trybunał Sprawiedliwości (26.01.2024), Despacho: Aplicação da Convenção para a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio na Faixa de Gaza (África do Sul v. Israel), par. 54, par. 58, par. 66, par. 74. https://www.icj-cij.org/.../192-20240126-ord-01-00-en.pdf (data: 09.05.2024).

[5] datado de 07.05.2024; Al Jazeera (09.10.2023) "Guerra Israel-Hamas: em mapas e gráficos", https://www.aljazeera.com/.../9/israel-hamas-war-in-maps-and -charts-live-tracker (data: 09.05.2024).

[6] Al Jazeera (02.04.2024), "Danos à infraestrutura de Gaza estimados em US$ 18,5 bilhões na ONU, relatório do Banco Mundial", https://www.aljazeera.com/.../2/gaza-infrastructure-damages -estimado-em-18-5-bln-in-un-world-bank-report (data: 09.05.2024).

[7] Pollock, L. (18.01.2024), "Israel destrói a última universidade em Gaza enquanto os ataques continuam", The National, https://www.thenational.scot/.../24059315.israel-destroys... Ataques em Gaza continuam (data: 09.05.2024).

[8] Bibliotecários e Arquivistas com a Palestina (2024), "Danos israelenses a arquivos, bibliotecas e museus em Gaza, outubro de 2023 a janeiro de 2024," https://librarianswithpalestine.org/gaza-report-2024/ (data: 09.05.2024).

[9] ACNUDH (18.01.2024), "Especialistas da ONU 'profundamente preocupados' com o escolasticídio em Gaza", https://www.ohchr.org/.../04/un-experts-deeply-concerned -over-escolástica-gaza (data: 09.05.2024).

[10] Notícias da ONU (27.03.2024), "Guerra de Gaza: 'Acertos diretos' em mais de 200 escolas desde o início do bombardeio israelense, https://news.un.org/en/story/2024/03/1148031 (dostęp : 09.05.2024).

[11] Hever, S. (2009), "Boicote Acadêmico a Israel e a Cumplicidade das Instituições Acadêmicas Israelenses na Ocupação dos Territórios Palestinos", Economia da Ocupação Boletim Socioeconômico 23, Jerusalém/Beit Sahour: Centro de Informações Alternativas (AIC) https://bdsmovement.net/files/2011/02/EOO23-24-Web.pdf (data: 09.05.2024); Campanha Palestina pelo Boicote Acadêmico e Cultural a Israel (08.11.2014), "Universidades de Israel: Um Pilar da Ocupação e do Apartheid", https://bdsmovement.net/.../israel%E2%80%99s-universities... ocupação e apartheid (data: 09.05.2024); Riemer, N. (23.05.2023), "Universities as Tools of Apartheid", Overland, https://overland.org.au/.../universities-as-tools-of.../ (data: 09.05.2024 ).

[12] Sen, S. (29.06.2021), "Israeli Apartheid on Campus", Al Jazeera, https://www.aljazeera.com/.../29/israeli-apartheid-on-campus (dostęp : 09.05.2024); Wind, M. (27.02.2024), "Israel's Universities Are Institutions of Apartheid", Jacobin, https://jacobin.com/.../israel-universities-palestine... (data: 09.05.2024); Campanha de Solidariedade à Palestina (13.02.2020), "Universidade Hebraica de Jerusalém", https://palestinecampaign.org/.../hebrew-university-of.../ (data: 09.05.2024).

A Carta deste abaixo-assinado pode ser encontrada no seguinte endereço, a lista será atualizada todos os dias:

https://docs.google.com/.../1QszcMr4BzzY6yu7T5.../

 

Tradução do polaco para português de: ulisses iarochinski

quinta-feira, 2 de maio de 2024

VIVA VIVA VIVA O DIA DA BANDEIRA DA POLÔNIA


O DIA da BANDEIRA DA POLÔNIA e dos POLACOS todos do exterior (sejam nascidos na Polônia e/ou em todos os países do mundo).

Todo aquele que carrega o sangue vermelho da bandeira e o branco da Paz são polacos, independentemente, se nasceram em Wojcieszków, como meu avô Bolesław e minha bisavó Anna, e como meu bisavô Piotr Jarosiński que nasceu em Dobre, ou Eu que carrego o coração que eles trouxeram de longe para mim, para Harmonia - Monte Alegre, no Paraná.

As cores branca e vermelha foram declaradas nacionais pela primeira vez em 3 de maio de 1792. Estas cores da bandeira foram reguladas pela primeira vez pela resolução do Sejm (Congresso) do Reino da Polônia, de 7 de fevereiro de 1831, a pedido do deputado de Walentin Zwierkowski, vice-presidente da Sociedade Patriótica, como uma proposta de compromisso com a cor branca – de Augusto II e a proposta feita por conservadores com três cores – azul-branco-carmin – as cores tanto da Confederação de Bar (cidade polaca atualmente na Ucrânia) como pela Sociedade Patriótica.

Depois de recuperar a sua independência, as cores e o formato da bandeira foram adotadas pelo Congresso da Polônia renascida, em 1 de agosto de 1919. As cores da bandeira foram alteradas pela Lei de 31 de janeiro de 1980, lei esta preparada pela equipe composta por Szymon Kobyliski, Maria Szypowska, Kazimierz Sikorski e Nikodem Sobczak.

As cores da República da Polônia são componentes da bandeira do Estado da República da Polônia. A lei afirma que as cores da República d são cores branca e vermelha, dispostas em duas faixas horizontais e paralelas da mesma largura, cuja parte superior é branca e a parte inferior vermelha. Desde 2004, em 2 de maio, foi oficialmente comemorado na Polônia como Dia da Bandeira da República da Polônia.



MÃE POLACA

Em 1862, o português Eugênio Arnaldo de Barros Coimbra, publicou nas páginas 87,88 e 89 de seu livro "Poesia" sua tradução do poema "Do Matki Polski" do poeta polaco Adam Mickiewicz:

PARA A MÃE POLACA!

Adam Mickiewicz

Se do gênio ardente

Sentir teu filho a sacro santa chama;

Se altiva auréola lhe adornar a frente,

Com que a grandeza dos avôs proclama;

Se ele, inimigo do infantil folguedo,

Quiser os cantos escutar de glória,

Que o velho entoa; e pensativo, quedo,

Ouvir de avôs a veneranda história;

Livra teu filho de tão mau recreio!

Implora a Virgem-Dolorosa,

e encara o duro ferro, que lhe punge o seio;

Prá ti a sorte a mesma dor prepara.

Oh sim! Enquanto no mundo impera

A paz, dos povos na fraterna aliança,

Inglória lide por teu filho espera,

Morte de mártir, sem nenhuma esperança.

Manda-o nos antros meditar, escuros,

Deitado em palha, em solidão profunda;

Frios miasmas respirar, impuros,

E dormir junto da serpente imunda.

Esconda a todos quando sofre, ou goza,

A todos torne seu pensar oculto;

Faça, qual peste, a sua voz danosa,

Receba humilde, qual réptil, o insulto.

Cristo, na infância, de ilusões tão cheia,

Já a cruz que o mundo redimiu, trazia;

Ó mãe polaca!

O filho teu recreia Com instrumentos, que usará um dia.

Nos roxos pulsos os grilhões suporte;

O carro imundo a conduzir aprende;

A ver no ferro do verdugo a morte,

Sem pejo a corda a contemplar horrenda.

Nunca, de antigos campeões a exemplo, 

Irá Solyma resgatar dos mouros;

Dar, como o Franco, à Liberdade um templo,

Seu sangue dar, que lhe enobrece os louros.

Será por tredos espiões raptado,

Um tribunal combaterá perjuro;

Ser-lhe-á juiz inimigo ousado,

Terá por liça um calabouço escuro.

Vencido – a forca é seu final jazigo;

Sua glória, o pranto feminino, terno,

Que enxugam dias - no peito amigo

Dos conterrâneos recordar eterno

 

 

segunda-feira, 22 de abril de 2024

Novos prefeitos eleitos em segundo turno na Polônia

 
Neste domingo, 21 de abril, ocorreu o segundo turno nas eleições municipais, na Polônia. Os resultados oficiais apontam os seguintes vencedores. Os novos prefeitos de Cracóvia, Toruń, Olsztyn, Kielce, Gdynia e Zielona Góra estão entre as cidades com 100.000 habitantes.
 
Bielsko-Biała:
Jarosław Klimaszewski - 63,93%.
Konrad Łoś - 36,07%.
 
Częstochowa:
Krzysztof Matyjaszczyk – 57,76%
Monika Pohorecka – 42,24%.
 
Elbląg:
Michał Missan – 57,9%
Andrzej Śliwka — 42,0%
 
Gdynia:
Aleksandra Kosiorek - 62,49%
Tadeusz Szemiot - 37,51%
 
Gliwice:
Katarzyna Kuczyńska-Budka – 50,5%
Mariusz Śpiewok – 49,4%
 
Gorzów Wielkopolski:
Jacek Wójcicki — 61,2%
Piotr Wilczewski — 38,77%
 
Kielce:
Agata Wojda – 56,54%
Marcin Stępniewski – 43,46%
 
Koszalin: 
Tomasz Sobieraj — 51,01%
Piotr Jedliński — 48,99%
 
Kraków:
Aleksander Miszalski – 51,04%
Łukasz Gibała – 48,96%
 
Olsztyn:
Robert Szewczyk – 53,45%
Czesław Małkowski – 46,55%
 
Poznań:
Jacek Jaśkowiak – 70,67%
Zbigniew Czerwiński – 29,33%
 
Radom:
Radosław Witkowski – 54,58%
Artur Standowicz – 45,42%
 
Ruda Śląska:
Michał Pierończyk – 70,45%
Marek Wesoły – 29,55%
 
Rybnik:
Piotr Kuczera – 53,79%
Andrzej Sączek – 46,21%
 
Rzeszów:
Konrad Fijołek – 54,9%
Waldemar Szumny – 45,1%
 
Tarnów:
Jakub Kwaśny – 56,15%
Henryk Łabędź – 43,85%
 
Toruń:
Paweł Gulewski – 65%
Michał Zaleski – 35 %
 
Tychy:
Maciej Gramatyka – 58,64%
Sławomir Wróbel – 41,36%
 
Włocławek:
Krzysztof Kukucki – 56,28%
Marek Wojtkowski – 43,72%
 
Wrocław:
Jacek Sutryk – 68,29%
Izabela Bodnar – 31,71%
 
Zabrze:
Agnieszka Rupniewska – 57,85%
Małgorzata Mańka-Szulik – 42,15%
 
Zielona Góra:
Marcin Pabierowski – 57,46%
Janusz Kubicki – 42,54%
 
Sobre o resultados das eleições municipais o ex-presidente da República Aleksander Kwaśniewski afirmou que "o sinal que vem destas eleições é que ainda existe um voto de confiança na coligação governante, embora não seja incondicional. A Coligação Cívica até aumentou sua participação, mas se olharmos com precisão, estes resultados não diferem fundamentalmente dos resultados das eleições parlamentares".
 
Ainda, segundo Kwaśniewski, "a esquerda precisa de uma reflexão profunda. Está faltando alguma coisa. O resultado é frustrante"
 
O resultado mais esperado deste segundo turno é pela prefeitura de Cracóvia, pois um ciclo muito longo se encerra. Depois de 22 anos, o professor doutor habilitado da Universidade Iaguielônica,  Jacek Majchrowski encerrou seu mandato.
 
 Venceu por um mínimo percentual o candidato da Coligação comandada pelo primeiro-ministro Donald Tusk, que também era o candidato de Majchrowski, o Aleksander Miszalski com 51,04% dos votos contra Łukasz Gibała que fez 48,96%
 
O deputado do Partido da Plataforma Cívica Aleksander Miszalski eleito prefeito de Cracóvia

Antes do primeiro turno, ele foi apoiado por toda a Coalização Cívica e pelo Partido da Nova Esquerda, bem como por Stanisław Mazur, o líder da Associação Cracóvia Melhor, que renunciou à sua candidatura poucos dias antes da votação. Antes do segundo turno, PSL e Polska 2050 também declararam seu apoio a Miszalski.
 
o novo prefeito Aleksander Miszalski (nascido em 1980, em Cracóvia) é o presidente do PO - Partido da Plataforma Cívica na voivodia da Małopolska (Pequena Polônia). Antes de se tornar deputado, foi vereador distrital e vereador eleito pela comissão eleitoral de Jacek Majchrowski.
 
Suas prioridades incluem melhorar a situação financeira da cidade. Ele possui mestrado em três áreas: economia e relações internacionais na Universidade de Economia, turismo e recreação na Academia de Educação Física e sociologia na Universidade Iaguielônica. Este ano defendeu seu doutorado em turismo na Universidade de Economia de Cracóvia.
 
Durante 20 anos, até anunciar sua candidatura à prefeitura da cidade, ele foi um empresário que atuava no setor de turismo. Miszalski substituirá Jacek Majchrowski, prefeito de Cracóvia, que estava no cargo desde 2002. Majchrowski não concorreu à reeleição. Ele explicou a decisão, entre outros: idade dele. Ele tem 77 anos.
 
Nas eleições, Majchrowski recomendou a candidatura do seu vice, Andrzej Kulig, mas este não chegou ao segundo turno. Nas duas últimas eleições em 2014 e 2018, Majchrowski (concorrendo em seu próprio comitê eleitoral) venceu no segundo turno os candidatos do PiS: Marek Lasota (58,77% a 41,23% dos votos) e Małgorzata Wassermann (61,94% a 38,06% dos votos). votos)
 
E é Donald Tusk que afirmou: “PiS simplesmente desapareceu”. O PiS - Partido Direito e Justiça, do líder Jaroław Kaczyński, que governou o país desde 2015, não poder ser considerado, apesar das palavras do atual primeiro-ministro que desapareceu. A população polaca continua dividida entre os católicos de extrema-direita e os católicos de centro-esquerda.
 
Pois nestas eleições locais é difícil dizer quem ganhou e quem perdeu. Mas Tusk está convicto que “os resultados são muito significativos para mim. O dia 15 de outubro teve um significado profundo. Continuo a acreditar que este processo será muito exigente".
 
O Primeiro-Ministro acredita que "há um mito que se espalha hoje de que existem alguns redutos do partido, de que existem redutos do PiS. Em cada voivodia e em cada vila, pode-se esperar uma surpresa quando há candidatos interessantes. Há apenas três dias, alguém poderia ter dito que Zakopane é um reduto do PiS. Estas eleições locais mostraram que a Polônia está em todo o lado".
 
 Texto: Ulisses iarochinski (com fontes de jornais e Comissão eleitoral)
 
 
 

segunda-feira, 8 de abril de 2024

Coalização do primeiro-ministro Tusk vence as eleições municipais na Polônia

Primeiro-ministro Donald Tusk vitorioso nas eleições regionais e municipais

 
 A coalizão pró-europeia da Polônia que está no governo saiu vitoriosa nas eleições locais deste domingo (7).
 
Mas ainda assim, o partido de extrema-direita Direito e Justiça (PiS), que governou nos últimos 8 anos foi o partido mais mais votado, individualmente, com 33,7%, segundo o instituto Ipsos.
 
A Coalizão Cívica de centro-esquerda do atual primeiro-ministro Donald Tusk obteve 31,9%, o que lhe dá a maioria junto com seus aliados da Terceira Via (democratas-cristãos, 13,5%) e a Nova Esquerda (6,8%).
 
Outro partido de extrema-direita, o Confederação recebeu 7,5%. Com isso, Tusk comemorou outra vitória da aliança pró-europeia após as eleições gerais de 15 de outubro passado, que o devolveram ao poder.
 
"O 15 de outubro se repetiu em abril", declarou. Os eleitores na Polônia, país membro da União Europeia e da Otan com 38 milhões de habitantes, foram às urnas neste domingo que passou para eleger prefeitos, vereadores e governos das 16 voivodias.
 
A Coalizão Cívica alcançou vitórias claras nas prefeituras da capital Varsóvia e da cidade portuária de Gdansk, seus dois principais bastiões. Rafal Trzaskowski, um aliado de Tusk que foi reeleito como prefeito de Varsóvia, afirmou que os resultados marcam "um novo passo no caminho para garantir que os populistas representados pelo PiS nunca voltem ao poder".
 
Em Łuków, cidade a 18 km de Wojcieszków, onde nasceram minha bisavó Anna Ognik-Filip e

meu avô Bolesław Jarosiński, meu amigo Sławomir Smolak foi eleito conselheiro (equivalente a vereador). Anos atrás, ele me auxiliou a encontrar a família Jarosiński/Jaroszyński em Łuków e a localizar Wojcieszków, como uma das terras das minhas origens paternas.
 
A outra é a cidade de Dobre, na voivodia da Mazóvia, onde nasceu meu bisavô Piotr Jackowski Jarosiński. Em Łuków também é a terra do meu primo e ex-embaixador da Polônia no Brasil, Jacek Hinz (sua mãe é Jarosiński).



Em Cracóvia depois de mais de 20 anos de vitórias consecutivas do prof. dr. hab Jacek Majchrowski, a cidade terá um novo prefeito. As eleições foram vencidas por Aleksander Miszalski da Coalização Cívica de Donald Tusk do Partido da Plataforma Cívica com os votos de 37,21% dos eleitores.
Jacek Majchrowski

Isto é uma surpresa porque nenhuma sondagem tinha indicado anteriormente que Miszalski poderia vencer no primeiro turno. O segundo lugar ficou com Łukasz Gibała (KWW Łukasz Gibała - Cracóvia para residentes) com 26,79%
 
A Polônia está cada vez mais alinhada com a União Europeia e com a OTAN após essas eleições. E mais distante da Rússia e Putin. Contudo, pode-se dizer que a Igreja Católica Romana ainda é bastante poderosa, muito dos votos de direita são, justamente, orientações políticas do Padre Tadeusz Rydzyk. Ele é um padre católico romano da Congressão dos Redentoristas, fundador e diretor da emissora conservadora Radio Maryja e também fundador da Universidade de Cultura Social e de Mídia da cidade de Toruń, que forma jornalistas conservadores e de direita. 

quarta-feira, 27 de março de 2024

Anita Dolly Panek nie żyje

Anita Dolly Panek

"Nie żyje", no idioma polaco a expressão quer dizer que a pessoa faleceu. E foi isso que aconteceu nesta quarta-feira, dia 27 de março, em Cracóvia. A cientista Anita Dolly Panek deixou este plano de vida.

Polaca de origem judaica asquenaze, Anita Haubenstock, nasceu em Cracóvia em 1.º de setembro de 1930. Viveu no Brasil desde 1940, quando não pode voltar para Cracóvia por causa da Segunda Guerra Mundial.

Ela e seus pais estavam na França, iriam retornar para a ulica (rua) Batorego, n.º 17, no centro histórico de Cracóvia, no dia 1.º de setembro. Seus pais, Emil e Waleria Regina devido a esta decisão forçada, abandonaram todos seus bens e pertences, na Polônia.

Os familiares que não viajaram para a França com a menina Anita, Emil e Waleria foram aprisionados nos Campos de Concentração e Extermínio Alemão, nas cidades de Oświęcin e Brzezinka, os famosos Auschwitz e Birkenau. Uma dessas pessoas era a avó materna, Franciszka.

A menina Anita com o pai Emil

Aquela situação era desesperadora, as notícias de bombardeios e escaramuças de guerra na terra natal, imobilizava-os. Para piorar ainda mais a situação foram forçados a fugirem dali, em junho de 1940, quando os alemães tomaram Paris e os franceses capitularam.

A família de polacos de origem judaica não tinha mais abrigo naquele mundo enfurecido pelo ódio humanitário. Os Haubenstock fugiram à noite, a pé, pela fronteira com a Espanha. O dinheiro tinha acabado e as joias ficaram em Cracóvia.

Afinal, seriam apenas uns dias de descanso nas praias francesas.

Quem pensaria que o mundo estaria em guerra alguns dias depois e que o alvo principal dos nazistas, naqueles primeiros momentos, era justo a Polônia?

Quando tentavam conseguir visto de saída, os Haubenstock souberam que a quota para judeus emigrarem aos Estados Unidos estava esgotada. As únicas possibilidades eram Haiti e Brasil. 

A jovem Anita e a mãe Waleria num Café, no Rio de Janeiro

Anita contava que, “chegamos ao Rio no último navio que saiu da Europa, o Serpa Pinto. Para as passagens de segunda classe, Helena Rubinstein, prima de minha mãe, conseguiu nos enviar emprestados 250 dólares.” 

No Brasil, aqueles três cracovianos, passaram a viver no Rio de Janeiro. Onde, no final dos anos 1940, ingressou no curso de Química da então Universidade do Brasil (UFRJ). Diplomou-se em 1954 em Química Industrial e em 1955, tornou-se Instrutora de Ensino na Cadeira de Microbiologia Industrial e Tecnologia das Fermentações da mesma instituição.

Casou-se com o polaco Józef Panek com quem teve a filha Ana Cristina.

Em 1962 obteve seu doutorado em ciências pela mesma universidade, seguindo da livre-docência em Microbiologia Industrial. Em 1976, virou professora titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro e em 1995 foi proclamada Professora Emérita.

Criou um laboratório que acabou sendo mundialmente reconhecido. Publicou mais de 170 trabalhos em revistas especializadas. Orientou 50 alunos em cursos de pós-graduação. 

Membro da Sociedade Brasileira de Bioquímica e Biologia Molecular e da Academia Brasileira de Ciências, membro também da American Society for Biochemistry and Molecular Biology. Recebeu, em 1996, a medalha da Ordem Nacional do Mérito Científico da Presidência da República do Brasil.

A ficha consular da mãe Waleria Regina - filha de Adam e Franciszka

Não bastasse toda a angústia dos primeiros anos de vida, da fuga forçada pela segunda guerra mundial, as dificuldades dos trópicos, dos estudos, da vida dividida entre duas nações (Brasil e Polônia), Anita levou uma rasteira das mais absurdas aos 85 anos de vida.

Os crimes contra Anita aconteceram quando ida de seu neto Carlos, filho de Ana Cristina e Pedro para estudar na Polônia. Anita então, por causa do neto estar vivendo em sua terra natal, finalmente decidiu retornar à Cracóvia.

Ela gostou tanto, que passou a frequentar a cidade, através da ponte aérea São Paulo-Cracóvia. Suas contas bancárias e seu salário de professora aposentada haviam sido bloqueadas. Seu advogado de muitos anos, de quem fora fiadora, não havia pagado suas dívidas, que acabou recaindo sobre Anita. 

A vida no retorno a Cracóvia

O desgosto foi muito grande e assim aos 85 anos, a brasileira naturalizada, decidiu passar o resto de sua vida, na sua amada rainha do rio Vístula: Cracóvia. Morou nos últimos anos no bairro judeu da Cracóvia, o Kazimierz.

Anita Dolly Panek aos 93 anos deixa a filha Ana Cristina, o genro Pedro, os netos Carlos e Antonia e os bisnetos Anthony e Logan.

Anita e a filha Ana Cristina, em Cracóvia


quarta-feira, 13 de março de 2024

OS MONSTROS SÃO PESSOAS COMUNS

Cena do filme

Sim, assisti ao filme "Zona de Interesse"! Sim, acompanho diariamente na internet o genocídio em Gaza! Sim, leio todos os dias em diversos sites sobre os ataques da invasão russa!

E observo também, nos telejornais brasileiros, a proteção excessiva ao governo de Israel. Vejo o comandante das Forças Armadas Israelenses fazendo pronunciamentos sóbrios e comedidos, sempre com uma expressão natural. Assim como testemunho o ministro das Relações Exteriores de Israel, de maneira jocosa e irresponsável, criar piadas - os chamados memes - contra o presidente brasileiro Lula.

Tudo isso acontece com uma aparente tranquilidade!

Exterminar um povo, diga-se de passagem, não é privilégio exclusivo dos nazistas ou dos sionistas. No passado, com as bênçãos do Papa devasso Alexandre VI, os espanhóis católicos exterminaram as civilizações Araucana no Chile, Inca no Peru e Asteca no México. A única exceção foi a Maia da América Central, que já havia desaparecido da face da Terra.

Mas sim, assisti ao filme "Zona de Interesse". Confesso que fiquei intrigado com o título desde domingo, quando este filme ganhou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro de 2024 e o Oscar de Melhor Som de Johnnie Burn e Tarn Willers.

Em polaco, intitulado "Strefa Interesów", em inglês "The Zone of Interest" e em português tenho lido como "Zona de Interesse". Para mim, todos ambíguos, já que a divulgação do filme informa que se trata de uma família que vive além do muro do Campo Alemão Nazista de Concentração e Extermínio, na cidade polaca de Oświęcim, mundialmente conhecida como Auschwitz.

Cartaz do filme nos cinemas da Polônia

Fui encontrar no texto do jornalista polaco Łukasz Mańkowski, do portal onet.pl, a origem do título, "a 'zona de interesse' (do alemão Interessengebiet) que se referia à área de 40 km ao redor do Campo Auschwitz. Foi daí que, em 2014, o escritor Martin Amis escreveu um livro com o mesmo título.” 

Esse livro serviu de ponto de partida para o filme de Jonathan Glazer. O cineasta britânico buscou expressar sua visão sobre a crueldade do genocídio nazista ao reduzir a "zona" presente no título a imagens da vida cotidiana, apenas um registro trivial de uma determinada família privilegiada, desligada do mundo que existe ao seu redor.

O diretor Jonathan Glazer

O resultado do trabalho artístico do cineasta se traduz em sequências com um ritmo singular. Glazer, com a ajuda de uma centena de produtores e técnicos polacos, criou uma obra devastadora, vanguardista e, acima de tudo, penetrante. Sim, porque aquele andamento britânico de imagens calmas e belas, captadas pelo diretor de fotografia polaco Łukasz Żal, vai consumindo o espectador, que espera por um desfecho, no mínimo, violento.
Łukasz Żal

Apesar da estética marcante, do forte simbolismo e da constante tentativa de perturbar a área de conforto do público por meio de sons, ruídos, barulhos, gritos e latidos que ecoam ao longe, o filme é uma obra profundamente conectada ao presente.

Confesso que, durante a projeção, a vontade é sair da sala, pois aquele barulho surdo vai penetrando, incomodando...

- "O que estou fazendo aqui?"
- "Onde estão as imagens fortes dos crematórios, das câmaras de gás, dos fuzilamentos?"
- "Mas afinal, este não é um filme sobre o Holocausto?"

São perguntas que insistem em surgir na mente. E o diretor, com este filme aparentemente tranquilo, está fazendo uma acusação. Não apenas para os personagens do filme, mas para mim, para você que me lê.


A produtora polaca Ewa Puszczyńska

Ao retratar a indiferença do comandante alemão Rudolf Franz Ferdinand Höss e sua família diante do que está acontecendo atrás daquele muro de tijolos vermelhos, ele também está falando da indiferença de todos nós diante dos conflitos que assolam o mundo, como as mortes na Ucrânia e o genocídio de crianças, mães e idosos em Gaza.

O filme "Zona de Interesse" é apresentado como um drama familiar comum. A verdadeira mensagem emerge do que está em segundo plano, nos sons e na cuidadosa representação da banalidade do mal que o diretor encontra na dinâmica do cotidiano, na vida aparentemente comum dos monstros da humanidade.

Se não fossem os sons na abertura do filme, com o quadro claramente esticado e o título, não saberíamos que se tratava de um retrato cinematográfico do Holocausto.

Rudolf, Hedwig e seus filhos vivem próximos ao Campo de Concentração e Extermínio de Auschwitz.
 
O ator e cantor alemão Christian Friedel no papel de Höss

As paredes da casa dessa família alemã são literalmente as paredes da mais sinistra fábrica da morte. Enquanto o filme nos mostra crianças correndo no quintal verde, a esposa regando seu canteiro de flores, ou mostrando aos convidados o impressionante jardim que cultiva, também se ouvem sons surdos de sofrimento (tiros, gemidos, gritos) que ocorrem atrás daquelas paredes límpidas e claras. Não há nelas nenhum rabisco, mancha de mofo, ou sangue. Tudo é limpo e perfeito.

O horror está nos olhos de quem vê, amplificado pela música pulsante do compositor Mica Levi. Este é um filme que busca a irrepresentabilidade, ou seja, utiliza a linguagem cinematográfica para capturar o que parece impossível de apreender, impossível de transferir para a tela do cinema, da TV, ou mesmo para o pequeno espaço de exibição do telefone.
 
 A atriz alemã Sandra Hüller no papel de Hedwig Höss

O desejo evidente do diretor é retratar o holocausto em sons, a arrogância dos criminosos, a inconsciência e os motivos capitalistas por trás dos planos de extermínio.

A essência da "banalidade do mal", descrita por Hannah Arendt, é retratada nas sequências que enfocam o discurso sobre os negócios. Como na cena em que os nazistas estão discutindo os meios de melhorar o funcionamento do campo de extermínio para que o expurgo ocorra mais rapidamente e gere menos perdas econômicas para o Reich, ou naquela cena em que Höss ostenta o dinheiro que recebe por estar naquela zona de interesse.

Sem dúvida, este filme veio ocupar um lugar na atualidade, onde movimentos neonazistas, evangélicos pré-cristãos e sionistas dominam os discursos, as notícias e, em muitos casos, estão muito próximos de nós. Antigos amigos e familiares que, de uma hora para outra, se revelam como pessoas más, ignorantes e desconectadas do amor, onde só o ódio e a intolerância as movem.

Primo Levi escreveu: "Existem monstros, mas são poucos para serem perigosos. Os mais perigosos são as pessoas comuns que estão dispostas a agir sem fazer perguntas." 

SOBRE RUDOLF HÖSS

Ele nasceu em 1901 em Baden-Baden. Em 1929, casou-se com Hedwig Hensel, com quem teve 5 filhos.


Ele serviu, por quase dois anos, como comandante de Auschwitz. Ele foi um dos responsáveis por testar, e depois implementar, vários métodos de matança, entre eles a introdução do pesticida Zyklon B, para executar o plano de Adolf Hitler de extermínio.

Em 25 de maio de 1946, Höss foi entregue às autoridades polacas e para o Supremo Tribunal Nacional. Seu julgamento durou de 11 a 29 de março de 1947.


Em 2 de abril, foi sentenciado à morte por enforcamento. A sentença foi executada quando ele tinha 46 anos, no dia 16 de abril de 1947, na entrada do que fora o crematório 1 do campo de concentração e extermínio alemão nazista de Auschwitz I.


Texto: Ulisses Iarochinski

sábado, 10 de fevereiro de 2024

Putin: Rússia não vai invadir Polônia ou Letônia

Foto: Gavriil Grigorov/AFP 

O presidente russo, Vladimir Putin, disse em uma entrevista exibida na quinta-feira (8/2) que a Rússia não tem interesse em invadir “a Polônia, a Letônia ou qualquer outro lugar” e disse que falar que Moscou poderia fazer isso seria espalhar ameaças.

Putin fez os comentários durante entrevista de duas horas com o apresentador de televisão norte-americano Tucker Carlson, gravada, em Moscou, na terça-feira (6/2).


Questionado se poderia imaginar um cenário em que enviaria tropas russas para a Polônia, membro da OTAN. Putin respondeu:
Apenas em um caso: se a Polônia atacar a Rússia. Por que? Porque não temos interesse na Polônia, na Letônia ou em qualquer outro lugar. Por que faríamos isso? Simplesmente não temos qualquer interesse.”

A entrevista foi realizada, em Moscou, na terça-feira, e transmitida no tuckercarlson.com. Putin falou em russo e seus comentários foram dublados para o inglês. O presidente russo começou com longos comentários sobre as relações da Rússia com a Ucrânia, com a Polônia e com outros países.

Segundo o Kremlin, Putin concordou com a entrevista de Carlson porque a abordagem do ex-apresentador da Fox News é diferente da reportagem “unilateral” sobre o conflito na Ucrânia feita por muitos meios de comunicação ocidentais.

Há em acredite que Carlson tem ligações estreitas com o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, que está, no momento, pleiteando ser o candidato do Partido Republicano nas eleições presidenciais do próximo mês de novembro nos EUA. Trump apelou à desescalada da guerra na Ucrânia, que a administração Biden apoiou fortemente o governo do presidente ucraniano Volodymyr Żeleński, mas reclamou das centenas de milhões de dólares em ajuda enviados até agora àquele país criado, em 1922, por Vladimir Lênin.

Carlson disse que grande parte da cobertura da guerra pela mídia ocidental é tendenciosa a favor de Kiev.

As declarações de Putin, na qual descarta a ideia de invadir a Polônia ou a Letônia, "não têm qualquer credibilidade", considerou no dia seguinte, sexta-feira (9/2), o vice-primeiro-ministro e ministro da defesa polaco, Władysław Kosiniak-Kamysz.



Segundo Kosiniak-Kamysz, "a Polônia tem deveres a cumprir como Estado-membro da Otan e da União Europeia. A Polônia e as suas autoridades têm, acima de tudo, compromissos para com os seus cidadãos", disse ele.

A Polônia compartilha fronteira com a Ucrânia, país que a Rússia invadiu no final de fevereiro de 2022. Como resultado dessa ofensiva, Varsóvia empreendeu um plano milionário para reforçar as suas capacidades de defesa, ao qual atribui até 4% do seu Produto Interno Bruto (PIB).

"Façamos o nosso trabalho, preparemo-nos para situações diferentes, não podemos baixar a vigilância por nada, e palavras como essas, claro, não contribuirão para isso, muito pelo contrário", sublinhou Kosiniak-Kamysz perante a imprensa em Varsóvia.

Fontes: CNN e AFP