Esta semana tive sucesso em mais uma busca de certidão de nascimento de um ancestral de brasileiro descendente de Polacos. Além de enviar o documento encontrado para a pessoa que solicitou meus serviços de "buscador" de origem, costumo fazer uma espécie de relatório. Faço isso para demonstrar a honestidade do serviço, das dificuldades encontradas e também porque sempre ocorrem situações inusitadas. São estas surpresas que conferem os atrativos para que continue procurando documentos em terras da Polônia. Não fosse por conhecer a história da Polônia, a história da imigração polaca, dominar o difícil idioma polaco e a índole dos polacos de hoje, com certeza não teria como fazer estas buscas. Esta semana fui ao Noroeste do país, quase 500 quilômetros distante de Cracóvia (onde moro e estudo há cinco anos).
1. Antes disso, semana passada fui a Białystok, a 493 km de Cracóvia. Estive no Arquivo Nacional (que tem departamentos regionais). Mas a viagem foi frustrante. Não encontrei nenhum registro do ancestral pesquisado. Como não tinha mais tempo de ir procurar em outro lugar, em função das minhas aulas na universidade, voltei a Cracóvia. Como é de se esperar tive gastos com trem, ônibus e alimentação.
2. Mas como não desisto, esta semana enfrentei outros 469 km até Łomża (pronuncia-se uomja). Viagem cansativa. Três horas de trem até Varsóvia, depois um segundo trem local até a saída dos ônibus regionais. Lá tomei um ônibus até Łomża, ou seja, mais 3 horas. Cheguei já quando era noite. Temperatura de 5 graus negativos. Nenhuma viva alma nas ruas. Andando a esmo encontrei uma moça e perguntei: "Onde é o hotel mais próximo?" E ela respondeu: "O mais próximo? Você quer dizer o único?". Então, ela indicou-me a direção. Era preciso andar umas dez quadras a pé com aquele vento frio que cortava até não sei o quê. Mas encontrei o hotel naquela escuridão. As ruas de muitas cidades da Polônia são mal iluminadas. Consegui dormi, mas o hotel foi mais caro do que tinha planejado.
3. Dia seguinte fui ao Arquivo Nacional (sub-departamento de Łomża do regional de Białystok. Perguntei se poderiam me dar indicações de onde era Zabiele. A funcionária me disse que havia pelo menos 3 localidades com este nome nas redondezas. Disse então, que esta Zabiele ficava em Kolno. Perguntei também se o Arquivo Nacional fornece certidão de nascimento. Ela disse que não.
4. Fui então para estação de ônibus. Peguei o primeiro, das 10.30, para Kolno. A viagem, naquele ônibus antigo foi vagarosa. Mas muito bonita. Sol forte, céu azul, terra arada. Fui imaginando a vida dos imigrantes nos séculos passados nesta terra. Fiquei emocionado. Como é que saíram desta terra bonita para se meterem no meio das florestas do Paraná? Tinham que ser uns corajosos mesmos estes nossos bisavós. Tirei fotos pelo caminho de dentro do ônibus mesmo. Depois de um tempo apareceu o totem de boas vindas da cidade de Kolno.
5. No caminho até a estação, o ônibus passou em frente a prefeitura e cartório da cidade. "Menos mal, já sei onde é", pensei!
6. Desci na estação e logo fui perguntar no guichê de vendas de passagens. "Por favor tem ônibus para Zabiele?" A funcionária respondeu com pergunta: "Mas qual Zabiele? tem três". Respondi: "de Kolno". Ela então: "Sim tem!" Perguntei: "Fica longe? É aquela onde deve ter uma igreja antiga... do século dezenove, pelo menos?" A mulher respondeu: "Não! Lá só tem propriedade rural... Fica pertinho aqui da cidade. A igreja antiga mesmo... é a de Kolno".
7. Fui caminhando então até o prédio da prefeitura. Céu azul, sol, mas frio de rachar. Fui direto à sala do Cartório, que ficava no térreo. Apresentei-me para duas senhoras que estavam lá. Disse que era do Brasil e que estava buscando registro de nascimento do bisavô de uma amiga. A mulher disse então: "Não! Para o senhor não vamos dar nada. A amiga é que tem que vir retirar". E inqueri: "Mas como? A senhora sabe que o Brasil não fica ali na esquina! Tem um oceano no meio e pelo menos 12 mil quilômetros de distância". E sorri.
8. Ela perguntou pelo ano de nascimento da pessoa que eu estava buscando. Disse que era 1906. A mulher retrucou: "Ihhh! Então nada feito. Não temos livro de assentamentos deste ano aqui". E Mostrou a prateleira com os livros de registros. "Eu sei, minha senhora. Mas na paróquia tem, não?", retruquei. Ela falou muito séria. Até ali, a conversa tinha transcorrido em meio a sorrisos: "Pode ser que tenha, mas eu não tenho aqui comigo e se o livro não existe aqui não posso fornecer a segunda via da certidão de nascimento. É lei!" Dizendo que não concordava com ela e que em outros cartórios que já tinha estado, eles aceitavam a fotocópia do assentamento no livro da igreja, pedi onde ficava a paróquia. A mulher me indicou o caminho. Saí dali e fui procurar a igreja.
9. Encontrei a igreja. Bati na porta na casa do padre, que ficava nos fundos. Atendeu um padre e convidou-me para dar a volta e entrar pela porta do escritório ao lado. Lá dentro me apresentei, contando o que tinha vindo buscar. O Padre foi até um armário fechado que estava num canto e abriu as portas. Estava cheio de livros. Pegou um com a inscrição 1906 e começou a folhear aquelas páginas amareladas pelo tempo tentando encontrar o assentamento. Encontrou! "Aqui está!" Disse ele. Nesse momento me invadiu uma tremenda emoção. Fiquei emocionado da mesma forma que anos atrás, numa outra localidade da Polônia, encontrei o registro do nascimento de meu avô. Engraçado! Pela enésima vez eu me emocionava com o achado sobre o ancestral polaco de um brasileiro.
10. Pedi uma cópia do assentamento. O Padre disse que estava escrito em idioma russo, por causa do período da invasão russa nas terras da Polônia por 127 anos. Colocou então, o livro no "scanner" e fez uma, duas, três cópias até achar aquela que tinha ficado bem impressa. Em seguida procurou carimbos da igreja e dele e carimbou com tinta vermelha. Depois assinou com a declaração de que a fotocópia correspondia ao registro autêntico. Perguntei o preço e ele respondeu que era o quanto eu quisesse oferecer. Paguei então com uma nota de 10 zl. Agradeci muito. Ele sentiu que eu estava emocionado e me desejou boa sorte no Cartório.
11. Voltei com a preciosa fotocópia autenticada ao Cartório. O tempo já havia mudado, estava nublado e mais frio ainda. Mais uma vez estava diante da cartorária. Ela viu a fotocópia e disse: "Infelizmente é a lei. Não posso dar uma segunda via de algo que não possuo. E aqui não tenho este livro. Ele já foi enviado para o Arquivo Nacional. Nossa lei é esta. Todos os documentos com mais de cem anos devem ser enviados para o Arquivo Nacional. Não posso fazer nada". Mas argumentei: "Entendo, minha senhora, mas veja, aqui está a prova. E o livro está ali na igreja.". Ela foi decisiva: "Não adianta. Não posso lhe dar o que me pede". Quase desiludido, perguntei quem era o chefe e ela respondeu que era o prefeito. Pedi que indicasse onde estava o prefeito e ela disse que era no primeiro andar daquele mesmo prédio.
12. Na sala da secretária perguntei se o prefeito estava. A moça loira retrucou apenas: "Quem deseja falar com o prefeito?" Respondi com meu sobrenome e que era do Brasil. Usando o interfone, ela perguntou se poderia receber o sr. Iarochinski. Porta aberta, entrei para falar com o prefeito.
13. Apresentei-me. Disse que além de jornalista brasileiro era doutorando em história na Universidade Jagiellonski de Cracóvia. Então o prefeito disse: "Ah! Então temos uma visita especial em nossa cidade. O senhor quer café, chá, bolo?" E levantou-se trazendo em seguida um livro, um chaveiro e uma flâmula da cidade de Kolno. Conversamos...disse que a cartorária não queria fornecer o registro de nascimento. Ele então chamou a secretária e pediu para que a cartorária viesse conversar. Olhando pela janela, atrás do prefeito vi a nevasca que estava caindo, forte. Mas como era possível há uma hora atrás estava um céu azul e um sol forte. Decididamente esta primavera polaca está muito estranha este ano. A mulher do cartório entrou na sala do prefeito nesse instante e repetiu a mesma história de que não tinha o livro, que este se exisitiu ali no cartório teria mais de cem anos e que possivelmente foi enviado para o Arquivo Nacional. Então, o prefeito pediu para a secretária fazer uma ligação telefônica com o Arquivo sediado na cidade mais importante da região: Łomża. Ligou, conversou e encerrando a ligação, disse para mim: "É... Não vai dar mesmo! Mas o senhor vá até Łomża. Lá eles podem lhe dar uma declaração oficial do registro de nascimento do bisavô".
14. Não houve jeito. Saí dali sem a segunda via oficial da certidão de nascimento. Corri até a estação de ônibus para voltar a Łomża Eram 13 horas e o Arquivo Nacional iria fechar o expediente as 15 horas. Cheguei em Łomża as 14.20 horas. Corri até o Arquivo. Uma senhora me atendeu já com o livro de 1906 nas mãos. Mas disse que eu teria que fazer um requerimento e pagar a taxa. Mas esta só podia ser paga no Correio. Contudo, não haveria mais tempo de fazer isto hoje, pois ela encerraria o expediente dali a 20 minutos. Encarecidamente pedi que ela fizesse o favor de fornecer o documento neste mesmo dia, pois não tinha mais dinheiro para pernoitar na cidade. Ela resignada com meu pedido, auxiliou-me a escrever o requerimento. Voei até a agência de correio, paguei 26 zl e voltei na mesma desabalada corrida. Eram 15.08 minutos. A Declaração do Arquivo Nacional já estava redigida em cima da mesa. Tal declaração segundo a chefe do Sub-Departamento Regional do Arquivo Nacional de Łomża substitui a segunda via do Cartório. Pois, segunda a lei civil polaca, uma instituição só pode fornecer uma segunda via de um documento, desde que tenha estes registros em seu próprio arquivo. Como já se passaram mais de cem anos do registro só o Arquivo Nacional pode expedir esta declaração.
15. Tarefa cumprida, mais uma vez tive sucesso na busca de documento que comprova que o ancestral de um brasileiro nasceu em terras da Polônia e que portanto, era sim... um polaco, em que pese invasões estrangeiras.
1. Antes disso, semana passada fui a Białystok, a 493 km de Cracóvia. Estive no Arquivo Nacional (que tem departamentos regionais). Mas a viagem foi frustrante. Não encontrei nenhum registro do ancestral pesquisado. Como não tinha mais tempo de ir procurar em outro lugar, em função das minhas aulas na universidade, voltei a Cracóvia. Como é de se esperar tive gastos com trem, ônibus e alimentação.
2. Mas como não desisto, esta semana enfrentei outros 469 km até Łomża (pronuncia-se uomja). Viagem cansativa. Três horas de trem até Varsóvia, depois um segundo trem local até a saída dos ônibus regionais. Lá tomei um ônibus até Łomża, ou seja, mais 3 horas. Cheguei já quando era noite. Temperatura de 5 graus negativos. Nenhuma viva alma nas ruas. Andando a esmo encontrei uma moça e perguntei: "Onde é o hotel mais próximo?" E ela respondeu: "O mais próximo? Você quer dizer o único?". Então, ela indicou-me a direção. Era preciso andar umas dez quadras a pé com aquele vento frio que cortava até não sei o quê. Mas encontrei o hotel naquela escuridão. As ruas de muitas cidades da Polônia são mal iluminadas. Consegui dormi, mas o hotel foi mais caro do que tinha planejado.
3. Dia seguinte fui ao Arquivo Nacional (sub-departamento de Łomża do regional de Białystok. Perguntei se poderiam me dar indicações de onde era Zabiele. A funcionária me disse que havia pelo menos 3 localidades com este nome nas redondezas. Disse então, que esta Zabiele ficava em Kolno. Perguntei também se o Arquivo Nacional fornece certidão de nascimento. Ela disse que não.
4. Fui então para estação de ônibus. Peguei o primeiro, das 10.30, para Kolno. A viagem, naquele ônibus antigo foi vagarosa. Mas muito bonita. Sol forte, céu azul, terra arada. Fui imaginando a vida dos imigrantes nos séculos passados nesta terra. Fiquei emocionado. Como é que saíram desta terra bonita para se meterem no meio das florestas do Paraná? Tinham que ser uns corajosos mesmos estes nossos bisavós. Tirei fotos pelo caminho de dentro do ônibus mesmo. Depois de um tempo apareceu o totem de boas vindas da cidade de Kolno.
5. No caminho até a estação, o ônibus passou em frente a prefeitura e cartório da cidade. "Menos mal, já sei onde é", pensei!
6. Desci na estação e logo fui perguntar no guichê de vendas de passagens. "Por favor tem ônibus para Zabiele?" A funcionária respondeu com pergunta: "Mas qual Zabiele? tem três". Respondi: "de Kolno". Ela então: "Sim tem!" Perguntei: "Fica longe? É aquela onde deve ter uma igreja antiga... do século dezenove, pelo menos?" A mulher respondeu: "Não! Lá só tem propriedade rural... Fica pertinho aqui da cidade. A igreja antiga mesmo... é a de Kolno".
7. Fui caminhando então até o prédio da prefeitura. Céu azul, sol, mas frio de rachar. Fui direto à sala do Cartório, que ficava no térreo. Apresentei-me para duas senhoras que estavam lá. Disse que era do Brasil e que estava buscando registro de nascimento do bisavô de uma amiga. A mulher disse então: "Não! Para o senhor não vamos dar nada. A amiga é que tem que vir retirar". E inqueri: "Mas como? A senhora sabe que o Brasil não fica ali na esquina! Tem um oceano no meio e pelo menos 12 mil quilômetros de distância". E sorri.
8. Ela perguntou pelo ano de nascimento da pessoa que eu estava buscando. Disse que era 1906. A mulher retrucou: "Ihhh! Então nada feito. Não temos livro de assentamentos deste ano aqui". E Mostrou a prateleira com os livros de registros. "Eu sei, minha senhora. Mas na paróquia tem, não?", retruquei. Ela falou muito séria. Até ali, a conversa tinha transcorrido em meio a sorrisos: "Pode ser que tenha, mas eu não tenho aqui comigo e se o livro não existe aqui não posso fornecer a segunda via da certidão de nascimento. É lei!" Dizendo que não concordava com ela e que em outros cartórios que já tinha estado, eles aceitavam a fotocópia do assentamento no livro da igreja, pedi onde ficava a paróquia. A mulher me indicou o caminho. Saí dali e fui procurar a igreja.
9. Encontrei a igreja. Bati na porta na casa do padre, que ficava nos fundos. Atendeu um padre e convidou-me para dar a volta e entrar pela porta do escritório ao lado. Lá dentro me apresentei, contando o que tinha vindo buscar. O Padre foi até um armário fechado que estava num canto e abriu as portas. Estava cheio de livros. Pegou um com a inscrição 1906 e começou a folhear aquelas páginas amareladas pelo tempo tentando encontrar o assentamento. Encontrou! "Aqui está!" Disse ele. Nesse momento me invadiu uma tremenda emoção. Fiquei emocionado da mesma forma que anos atrás, numa outra localidade da Polônia, encontrei o registro do nascimento de meu avô. Engraçado! Pela enésima vez eu me emocionava com o achado sobre o ancestral polaco de um brasileiro.
10. Pedi uma cópia do assentamento. O Padre disse que estava escrito em idioma russo, por causa do período da invasão russa nas terras da Polônia por 127 anos. Colocou então, o livro no "scanner" e fez uma, duas, três cópias até achar aquela que tinha ficado bem impressa. Em seguida procurou carimbos da igreja e dele e carimbou com tinta vermelha. Depois assinou com a declaração de que a fotocópia correspondia ao registro autêntico. Perguntei o preço e ele respondeu que era o quanto eu quisesse oferecer. Paguei então com uma nota de 10 zl. Agradeci muito. Ele sentiu que eu estava emocionado e me desejou boa sorte no Cartório.
11. Voltei com a preciosa fotocópia autenticada ao Cartório. O tempo já havia mudado, estava nublado e mais frio ainda. Mais uma vez estava diante da cartorária. Ela viu a fotocópia e disse: "Infelizmente é a lei. Não posso dar uma segunda via de algo que não possuo. E aqui não tenho este livro. Ele já foi enviado para o Arquivo Nacional. Nossa lei é esta. Todos os documentos com mais de cem anos devem ser enviados para o Arquivo Nacional. Não posso fazer nada". Mas argumentei: "Entendo, minha senhora, mas veja, aqui está a prova. E o livro está ali na igreja.". Ela foi decisiva: "Não adianta. Não posso lhe dar o que me pede". Quase desiludido, perguntei quem era o chefe e ela respondeu que era o prefeito. Pedi que indicasse onde estava o prefeito e ela disse que era no primeiro andar daquele mesmo prédio.
12. Na sala da secretária perguntei se o prefeito estava. A moça loira retrucou apenas: "Quem deseja falar com o prefeito?" Respondi com meu sobrenome e que era do Brasil. Usando o interfone, ela perguntou se poderia receber o sr. Iarochinski. Porta aberta, entrei para falar com o prefeito.
13. Apresentei-me. Disse que além de jornalista brasileiro era doutorando em história na Universidade Jagiellonski de Cracóvia. Então o prefeito disse: "Ah! Então temos uma visita especial em nossa cidade. O senhor quer café, chá, bolo?" E levantou-se trazendo em seguida um livro, um chaveiro e uma flâmula da cidade de Kolno. Conversamos...disse que a cartorária não queria fornecer o registro de nascimento. Ele então chamou a secretária e pediu para que a cartorária viesse conversar. Olhando pela janela, atrás do prefeito vi a nevasca que estava caindo, forte. Mas como era possível há uma hora atrás estava um céu azul e um sol forte. Decididamente esta primavera polaca está muito estranha este ano. A mulher do cartório entrou na sala do prefeito nesse instante e repetiu a mesma história de que não tinha o livro, que este se exisitiu ali no cartório teria mais de cem anos e que possivelmente foi enviado para o Arquivo Nacional. Então, o prefeito pediu para a secretária fazer uma ligação telefônica com o Arquivo sediado na cidade mais importante da região: Łomża. Ligou, conversou e encerrando a ligação, disse para mim: "É... Não vai dar mesmo! Mas o senhor vá até Łomża. Lá eles podem lhe dar uma declaração oficial do registro de nascimento do bisavô".
14. Não houve jeito. Saí dali sem a segunda via oficial da certidão de nascimento. Corri até a estação de ônibus para voltar a Łomża Eram 13 horas e o Arquivo Nacional iria fechar o expediente as 15 horas. Cheguei em Łomża as 14.20 horas. Corri até o Arquivo. Uma senhora me atendeu já com o livro de 1906 nas mãos. Mas disse que eu teria que fazer um requerimento e pagar a taxa. Mas esta só podia ser paga no Correio. Contudo, não haveria mais tempo de fazer isto hoje, pois ela encerraria o expediente dali a 20 minutos. Encarecidamente pedi que ela fizesse o favor de fornecer o documento neste mesmo dia, pois não tinha mais dinheiro para pernoitar na cidade. Ela resignada com meu pedido, auxiliou-me a escrever o requerimento. Voei até a agência de correio, paguei 26 zl e voltei na mesma desabalada corrida. Eram 15.08 minutos. A Declaração do Arquivo Nacional já estava redigida em cima da mesa. Tal declaração segundo a chefe do Sub-Departamento Regional do Arquivo Nacional de Łomża substitui a segunda via do Cartório. Pois, segunda a lei civil polaca, uma instituição só pode fornecer uma segunda via de um documento, desde que tenha estes registros em seu próprio arquivo. Como já se passaram mais de cem anos do registro só o Arquivo Nacional pode expedir esta declaração.
15. Tarefa cumprida, mais uma vez tive sucesso na busca de documento que comprova que o ancestral de um brasileiro nasceu em terras da Polônia e que portanto, era sim... um polaco, em que pese invasões estrangeiras.