O Prof. dr hab. Jerzy Brzozowski , (Ulisses Iarochinski, na foto), Prof. dr hab. Andrzej Pankowicz e o Prof. dr hab. Tadeusz Paleczny (orientador), , não hesitaram em dar nota máxima ao texto e a defesa do mestrado de Ulisses Iarochinski, cujo livro "Polaco", traduzido para português, está sendo lançado nesta quarta-feira, dia 24/11, às 19:30 horas em Curitiba.
O autor Iarochinski partiu das provocações e agressões, que sofreu nos lançamentos de seu livro anterior “Saga dos Polacos”, para iniciar as pesquisas, estudos e defesa de sua dissertação “Identidade Cultural do Brasileiro descendente de imigrantes da Polônia”.A bolsa de estudos concedida pelo Ministério da Educação da Polônia foi a oportunidade para o autor finalmente concluir sua tese. Iarochinski fez dois anos de Cultura e Idioma Polaco, dois anos de mestrado em Ciências da Cultura Internacional e quatro anos de doutoramento em História, na sexta mais antiga universidade do mundo, a Iaguielônica de Cracóvia, mesma escola onde obtiveram grau de doutores, Mikolaj Koperniko, Karol Wojtyla (Papa João Paulo II) e Wyslawa Szymborska (Prêmio Nobel de Literatura). O artigo, “Porque Polaco!” evoluiu para a dissertação do mestrado e finalmente, esta foi defendida, em novembro de 2008.
Segundo o professor orientador da dissertação, Tadeusz Paleczny, a “dissertação se localiza na fronteira da etnolinguística, da antropologia cultural e dos estudos científicos da cultura. Possui um nível bastante interessante de estudo analítico e avançado do tema sobre o processo de assimilação cultural, particularmente no âmbito linguístico dos brasileiros de origem polaca”. Ainda segundo o orientador da tese, “o autor se concentra nas características de identidade cultural considerando o grau de competência linguística (mono e bilíngue) destes indivíduos”.
Para Paleczny, “os dois termos usados no título da dissertação significam certamente uma síndrome de atitudes e de identidade dos brasileiros de descendência polaca, em relação ao consequente aspecto pejorativo dado à palavra Polaco. Sendo isto, colocado no contexto das relações interculturais dos imigrantes, na sociedade de acolhida”.
O professor que é diretor do Instituto de Estudos Regionais, da Universidade Iaguielônica, afirma que “uma dicotomia que esconde, por assim dizer, uma duplicidade de ethos entre os descendentes de colônias polacas no Brasil: por uma parte, este povo está envolto pelo fenômeno da desorganização, da falta de adaptação e da opinião negativa sobre os imigrantes, por outra parte, está a sua adaptação estrutural, a sua aculturação e assimilação completas às condições do país de acolhida”.
Concluindo sua opinião à respeito do livro de Iarochinski, Paleczny afirma que “Não se trata apenas de questão estilística, de figura de linguagem e, ou modismo, mas também uma retomada de atenção e de uma descrição de fenômenos dependentes das consequências socioculturais, das barreiras e do processo em curso de assimilação, nas quais os idiomas estabeleceram os parâmetros básicos que vieram promover a aniquilação das diferenças, bem como as acidentais e potenciais causas da discriminação e do mútuo preconceito”.
A polêmica, quase centenária, em torno da palavra polaco é explicada num livro de fácil leitura sem deixar de lado sua base científica. “Polaco – Identidade Cultural do Brasileiro descendente de imigrantes da Polônia” traz em aspectos linguísticos, sociológicos, culturais e antropológicos, porque o Brasil deixou de falar “polaco” para incorporar o termo galicista “polonês”.
“Polaco da nhanhã”, “polaco burro”, “polaco sem bandeira”, “polaco preto”, “preto do avesso”! Quantos designativos, os imigrantes da Polônia e seus descendentes têm ouvido ao longo de mais de um século no Brasil. E quase sempre depreciativos e preconceituosos.
Usurpado do significado genuíno de seu termo gentílico, o imigrante e seus descendentes, viu-se na contingência de aceitar, de forma impositiva pelas elites, um termo que enfim, designasse sua nacionalidade e etnicidade no Brasil. Pressionado pelas elites da comunidade viu polaco virar polonês.
Incomodado com as respostas evasivas de – “ora... é pejorativo e pronto!” – Iarochinski buscou as origens do preconceito contra a adequada e correta tradução do gentílico “Polak” para o termo em língua portuguesa, “polaco”.