terça-feira, 7 de agosto de 2007

Futebol Polaco

O campeonato polaco de futebol 2007/2008 já começou...após duas rodadas o Legia Varsóvia está em primeiro. O campeão do ano passado, Zagłębia Lublin perdeu neste fim de semana para o Wisła Kraków (dos brasileiros Jean Paulista e Kleber) por um a zero.

O Wisła não jogou a primeira rodada pois estava em Chicago nos EUA onde venceu o torneio internacional que contou com o Sevilha da Espanha e o Reggina da Itália. Na foto, o lateral esquerdo, Kleber, após troca de camisas com jogador do Sevilha, levanta a taça de campeão.

Kleber campeão em Chicago

Foto: Imprensa de Chicago

E na foto abaixo, o atacante Jean Paulista, considerado pela crítica polaca, o mais técnico e habilidoso brasileiro do campeonato polaco, com a famosa camisa branca do Wisła, domina a bola no campo dos espanhóis. Por sua vez, o ex-Coxa Branca, Adriano, agora no Sevilha, pelo segundo ano consecutivo, amargou uma derrota para o time de Cracóvia. A primeira derrota aconteceu na comemoração dos cem anos de existência do clube de Cracóvia, ano passado.

Racławicka: Um enorme quadro panorama


Na cidade de Wrocław (pronuncia-se: vrossúaf) há um museu especialmente construído para abrigar um único quadro. Parece improvável, mas é verdade.

Também pudera o quadro que representa a Batalha de Racławice (pronuncia-se: Rassúavitce) tem 15 metros de altura por 114 de comprimento. Ou seja, corresponde mais ou menos a um edifício de 6 andares. Para visualizá-lo é preciso estar dentro dele.

Explico, ele é montando em forma circular, já que o prédio do museu foi especialmente construído em formato circular, assim a obra em óleo está disposta na parede com suas extremidades se tocando. Retrata a vitória do herói de dois mundos Tadeusz Kościuszko, que lutou pela Independência dos Estados Unidos e da Polônia.
Uma cena de Raclawicka

Foto: Museu Panorama Raclawicka




O Panorama da Batalha de Racławice é o mais antigo e único exemplar existente de panorama pintado na Polônia.

A idéia de pintar a célebre batalha foi do pintor Jan Styka (1857–1925) em Lwów, que convidou o renomado pintor Wojciech Kossak (1857–1942) para participar no projeto.

Eles foram ajudados por Ludwik Boller, Tadeusz Popiel, Zygmunt Rozwadowski, Teodor Axentowicz, Włodzimierz Tetmajer, Wincenty Wodzinowski e Michał Sozański.

O projeto foi concebido como uma manifestação patriótica que comemorava o 100º aniversário da Batalha vitoriosa de Racławice, episódio famoso da Insurreição de Kościuszko, um ato heróico mas no qual cai tentando defender a independência polaca.

A batalha foi lutada no dia 4 de abril de 1794 entre a força regular dos insurretos e temerosos camponeses armados de foices sob o comando de Kościuszko (1746–1817) e o exército russo comandado por Tormasov. Para a nação que tinha perdido sua independência, a memória desta vitória gloriosa era particularmente importante.


Endereço:
Jana Ewangelisty Purkyniego 11, 50-155
Wrocław, Polônia

domingo, 5 de agosto de 2007

Salomé de Olbinski



Outro poster do Rafał. Realmente ele é super (nova gíria polaca - influência estrangeira no idioma). Olbinski nasceu na Polônia, em 1945, arquiteto, pintor, designer, ilustrador e artista de poster. Desde 1981 vive em Nova Iorque, o que permitiu que sua obra fosse conhecida em todo o mundo. Frequentemente faz ilustrações para as revistas Time, Der Spiegel e Newsweek. Leciona atualmente na Escola de Artes Visuais de Nova Iorque.

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Curitibanos na Lista de Schindler

Para quem não sabe ainda, o filme de Spilberg, "Lista de Schindler", foi inteiramente gravado em Cracóvia. Outra informação é que dois curitibanos trabalharam no filme como figurantes. Mauro Kraenski e Rogério Piasecki, na época, eram estudantes na Universidade Jagiellonski. No filme, a cena de evacuação dos judeus do bairro do Kazimierz para o outro lado do rio Vístula é marcante. Não só pelo clima dramático e de horror, mas também porque, por dois rápidos segundos, aparece na tela grande, o rosto de Rogério, fazendo as vezes de um judeu.
Ponte de ferro do Podgórze
Foto Prefeitura de Cracóvia
A foto, mostra a ponte de ferro por onde os judeus passaram a pé, em direção ao para o guetto criado pelos nazistas, no bairro do Podgórze. Além da ponte, pode-se ver, ao fundo, o Castelo de Wawel e a torre da catedral metropolitana.

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Leminski em polaco

Moje polskie serce wróciło

Serce, które mój dziadek

Przyniósł mi z daleka

Serce zdruzgotane

Serce podeptane

Serce poety

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Meu coração de polaco voltou

Coração que meu avô

Trouxe de longe pra mim

Um coração esmagado

Um coração pisoteado

Um coração de poeta.

Paulo Leminski, Polonaises, 1980.
Tradução Anna Róża Orzech

Culpa do Bush?

Caiu a ponte de Minneapolis. É culpa do Bush? Ou será que é do Bin Laden? Fosse no Brasil, a direita impedernida (que tem saudades de Hitler, Stalin e Médici) já estaria culpando o Lula através da grande imprensa e de emails idiotas...
Por outro lado, como é que a nação mais poderosa e orgulhosa do mundo pode construir pontes que caem? Engraçado que ela também foi reformada como a pista de Congonhas. Será que são os engenheiros, ou os operários que não sabem reformar?

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Castelo da idade média

Um castelo que vale a pena visitar é o de Czorsztyn. Alguns filmes retratando a idade média já foram gravados ali. Fica a beira de um grande lago e das montanhas Tatras e da reserva natural “Zielone Skałki”.
Castelo de Czorsztyn
Foto Ulisses Iarochinski

O Castelo de Czorsztyn fica quase na fronteira com a Eslováquia e foi construído no século XIII. Serviu muitas vezes de pouso para o rei Casimiro – “O Grande”, da Polônia, em suas viagens a Hungria e Áustria. Também fizeram uso do magnífico castelo, os reis Ludwik Węgierski e Władysław Jagiełło. Foi incendiado em 1795 e por causa disso durante séculos foi apenas ruínas. Décadas atrás ao se tornar parte do Parque Nacional Pieniny foi finalmente restaurado. Polacos, Eslovacos, Tchecos, Húngaros e Austríacos são seus mais assíduos visitantes. Muito próximo fica outra atração bastante apreciada: descer as águas tranqüilas do rio Dunajce em canoas de troncos, conduzidas pelos típicos montanheses polacos até a cidade de Krościenko Nad Dunajcem.


Raffting no rio Dunajce


Foto Ulisses Iarochinski

terça-feira, 31 de julho de 2007

Igreja das Múmias

Mais uma atração turística de Cracóvia, que você não vai encontrar nos manuais de viagens e nem ouvir dos guias turísticos. E se você perguntar pelas ruas, ou mesmo, nas centenas de livrarias da cidade, não vai ter resposta. Alguns, ao ouvir, "Igreja Święt Kazimierz", vão indicar a "Igreja Bożego Ciało", no bairro judeu do Kazimierz.
Talvez isso se deva, por que os monges Franciscanos-Reformados não queiram propaganda de suas catacumbas. Mas a igreja das múmias européias existe ali na Ulica (rua) Reformacka, 4, sim! Não são como aquelas tradicionais múmias de sarcófagos egípcias, com bandagens e tudo mais, não! Pois são múmias vestidas com suas próprias roupas mortuárias. Foram colocadas no porão da igreja dos Franciscanos-Reformados ao longo dos últimos séculos.




Foto Ulisses Iarochinski

Como estas primeiras, de quatro monges, colocadas no chão de terra batida da catacumba no início dos anos 1600. Durante a segunda guerra mundial, os soldados alemães levaram mais de duas mil múmias para que Jozef Mengeli fizesse experiências em Auschwitz. Restaram apenas setenta múmias. Na época do comunismo, as catacumbas podiam ser visitadas diariamente, mas há alguns anos é possível somente visitar o porão da igreja uma vez no ano, no dia primeiro de novembro, dia de "Todos os Santos". E por apenas 15 minutos! A explicação para a existência de múmias não embalsamadas seria a existência de um microclima no porão da igreja. Estão em perfeito estado, os corpos de nobres polacos e europeus; de um soldado de napoleão e de um bispo, que deve ser canonizado santo, em razão de seus milagres.
Verdade é que algumas múmias estão em processo de deterioração. A causa seriam as constantes visitas que ocorreram nas últimas décadas, daí o porque da restrição para apenas um dia de visitação no ano. Sendo que no último ano não foram permitidas visitas.

segunda-feira, 30 de julho de 2007

Curitiba = Kurytyba

Curitiba é a única cidade brasileira que possui grafia no idioma polaco. Isso porque, Kurytyba é considerada a capital polaca da América do Sul. Também porque, é a terceira cidade no mundo em número de habitantes de origem polaca, superada apenas por Chicago (EUA) e Varsóvia. Em Cracóvia, atrás do Castelo de Wawel (Panteão Nacional) há um totem com placas de 25 cidades parceiras.


foto Ulisses Iarochinski

Kurytyba ocupa lugar de destaque por ser "Cidade Gêmea de Honra". As demais são denominadas apenas como cidades parceiras. A indicação é de que Curitiba está 11.500 km distante de Cracóvia.

domingo, 29 de julho de 2007

A Madona de Cracóvia


Para aqueles que pensam existir apenas a Madona do Louvre, a cidade de Cracóvia, apresenta outra. E do mesmo gênio de Leonardo da Vinci. Um dos símbolos gráficos da cidade, a "Madona" do Museu Czartoryski, tem uma história de muitos percalços. Quando vir a Cracóvia, não deixe de ver o quadro, talvez não tão famoso quanto o da Gioconda, mas nem por isso, menos belo e enigmático.
A Madona e o Arminho

Foto: Acervo do Museu Czatoryski

Leonardo da Vinci conheceu Cecília Gallerani, em Milão em 1494 quando ambos estavam vivendo no Castello Sforzesco, o Palácio de Ludovico -O Moro- Sforza. Ela era uma das senhoras da casa do Duque; jovem e bonita (tinha apenas 15 anos), Cecília era música e escrevia poesia. Quando Da Vinci foi comissionado para pintar o retrato de Cecília, em 1496, ele a representou segurando um Arminho qualquer, porque o nome dela, Galle, significa Arminho em grego, ou então, porque o emblema de Ludovico Sforza era um Arminho. Quando Ludovico Sforza se casou com Isabella D'Este, Cecília teve que deixar o Palácio, mas levou o retrato pintado por Da Vinci com ela. O Moro lhe deu um dote e um castelo fora de Milão, onde ela passou o resto de sua vida com o marido Conde Pergamino.

DE ROMA PARA A POLÔNIA
Não havia nenhum rastro do quadro durante quatro séculos até que o filho de Izabela Czartoryska, o nobre polaco Adam Jerzy o adquiriu, em Roma. Não havia inclusive, registro de procedência da obra. Junto ele comprou um auto-retrato de Raphael que pertencia à família de nobre de Veneza, os Giustiniani.

Adam Jerzy Czartoryski

Foto: acervo do Museu Czartoryski


Em 1800, "A Madona e o Arminho" foi levado para o bonito castelo Czartoryski, em Puławy, situado a 160 km a Sudeste de Varsóvia, onde foi exposto no primeiro museu da família, criado por sua mãe. Ao receber a pintura do filho, a princesa Izabela disse sobre o arminho: "Se for um cachorro, é muito feio” e ela denominou o retrato de Cecília Gallerani como "Belle Ferroniere".
Em 1830, depois da revolução de Varsóvia, a tropa russa marchava para Pulawy e a Princesa Izabela foi forçada a guardar “A Madona com o Arminho" e o auto-retrato de Raphael, em seu refúgio de Sieniawa, próximo a Cracóvia, cidade que se encontrava sob ocupação austro-húngara. Apesar da ocupação estrangeira, o quadro estava protegido ali da pilhagem russa.
DA POLÔNIA PARA PARIS -
Em 1843, depois de estar escondido por nove anos em Sieniawa, "A Madona" foi exibida em Paris, no Hotel Lambert, propriedade do Príncipe Adam Jerzy Czartoryski. Em 1871, depois da derrota francesa na guerra Franco-prussiano, "A Madona" foi mantida num cofre, no porão do Hotel Lambert.
DE PARIS PARA A POLÔNIA -
Em 1876, "A Madona e o Arminho" volta orgulhosamente à Polônia e é mantida no novo Museu Czartoryski, de Cracóvia. Em 1894, o Príncipe Adam Ludwik assume o Museu com a morte de seu pai. Em 1914, o Príncipe Adam Ludwik foi intimado pelo Exército austríaco e sua esposa, Princesa Maria Ludwika, temendo pior sorte envia a “Madona" e a maioria das valiosas obras de arte e objetos para Dresden, onde conexões com a família Real da Saxônia dão a devida segurança ao tesouro polaco. Na Alemanha, a coleção é aberta, ao público, dois dias por semana. Depois de anos de negociações com a família real da Saxônia Real, a coleção completa com "A Madona e o Arminho" volta ao Museu de Cracóvia, em 1920. Em 1937, o Príncipe Agustyn assume o Museu com a morte do pai. Com a segunda guerra chegando, na primavera de 1939, "A Madona" e 16 outros objetos preciosos são levados do Museu para o castelo da família em Sieniawa. Apesar de toda proteção, dois meses depois, algumas obras foram pilhadas. Salvou-se a "A Madona", que foi enviada à propriedade de um primo em Pewkinie.
Em janeiro de 1940, "A Madona" e a maioria dos 85 objetos mais importantes foi pilhada e enviada para a Alemanha para formar parte da coleção privada de Hitler. "A Madona" ficou pendurada no apartamento do Dr. Frank, governador alemão de Cracóvia. Quando os alemães fugiram e as tropas soviéticas entraram em Cracóvia, o nazista levou junto "A Madona" e outros objetos para sua casa, em Neuhaus, na Silésia. Depois da prisão do nazista Frank pelos americanos, no dia 4 de maio de 1945, "A Madona" finalmente encontrou seu espaço no Museu Czartoryski de Cracóvia, para onde havia sido levado pelo regime comunista. Em 1946, o Príncipe Agustyn morreu em Sevilha, na Espanha e seu filho, Príncipe Adam Karol que tinha apenas seis anos se tornou o patriarca da Família Czartoryski (Adam Karol é primo em primeiro grau do atual rei da Espanha, Juan Carlos de Bourbon I e portanto também parente da família real brasileira). Após a queda do regime comunista, em 1991, o Supremo Tribunal da Nação Polaca reconheceu o Príncipe Adam Karol como o herdeiro direto e legítimo do Príncipe Agustyn e recebeu de volta o Museu junto a "A Madona" de Da Vinci.
VIAJANDO PELO MUNDO - Em 1992, "A Madona" viajou a Washington D.C. para ser o centro da exibição "Por volta de 1492", em comemoração aos quinhentos anos de descobrimento da América. "A Madona" foi levada também, em 1993, a Malmo e Estocolmo, na Suécia, para ser exibida na exposição dedicada a Leonardo da Vinci. Depois de uma ausência de 200 anos, "A Madona" voltou à Itália, em 1998, para ser exibido em Roma, Milão e Florença, para um público estimado em mais de 300.000 pessoas. Em 2001, "A Madona" foi ser exibida em Kyoto, Nagoya e Yokohama, no Japão, para mais de 669.500 visitantes. "A Madona" esteve também no Milwaukee Arte Museu, em setembro de 2002, e depois em Houston e São Francisco, como parte de uma exibição que celebrava o “Período de Esplendor da Polônia”.

sábado, 28 de julho de 2007

Devem ser vistas

Na Igreja de São Francisco de Assis, no centro de Cracóvia, três coisas valem a visita, uma é o vitral de Deus, a maior expressão da arte vitrinista da Polônia, a outra, uma placa de prata num dos bancos traseiros da igreja e a terceira, a réplica do Santo Sudário de Cristo, que está guardado a sete chaves, numa capela de Turin (Itália).

Foto Ulisses Iarochinski
O vitral é autoria de Stanislaw Wyspianski, artista polaco que pode sem favor algum ser colocado na categoria de gênio do século XX, pois não fica nada a dever aos espanhóis Picasso, Dali e Miró. Ouso dizer que por suas extensas habilidades artísticas como pintor (óleo, aquarela, afresco), projetista de ambientes, escultor em mármore, artesão de móveis em madeira, vitral, ilustrador, cenógrafo, figurinista, dramaturgo e poeta... só não é famoso por que viveu numa Cracóvia sob ocupação austro-húngara. É dele também o texto da mais importante peça do teatro polaco: "Wesele".
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Foto Ulisses Iarochinski

Em se tratando da placa com a inscrição "Aqui rezava o Santo Padre João Paulo II", conta a lenda que o cardeal metropolitano de Cracóvia, Karol Wojtyla, todas as manhãs atravessava a rua que separa a Cúria da Igreja às 7 horas para rezar neste banco. Atenção, os manuais turísticos não mencionam a placa e tampouco os guias de excurssão.

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Foto Ulisses Iarochinski

Já a réplica é feita no mesmo tecido e nas mesmas dimensões do original, que está guardado em Turin. Segundo a Igreja Católica este é o manto que recobriu Jesus Cristo após a Cruxificação e também o envolveu enquanto esteve sepultado da gruta de Jerusalém.

sexta-feira, 27 de julho de 2007

Onde moro

Este castelo, construído, durante a ocupação nazista na segunda guerra mundial, para ser um hotel de oficiais é agora uma casa de estudante. Este é o meu endereço em Cracóvia, na montanha do Przegorzaly. Bonito, não?

Foto: Uniwersytet Jagiellonski



Terceiro destino turístico

Segundo os meios de comunicação local, Cracóvia, no verão passado, tornou-se o terceiro destino turístico da Europa. Ficou atrás apenas de Paris e Roma, deixando para trás as conhecidas Londres, Madrid, Berlim, Veneza e as festejadas Praga e Budapeste. Só para se ter um idéia do número de turistas durante os meses de julho e agosto do ano passado, basta dizer que quase 9 milhões de pessoas visitaram a cidade. O Brasil, durante o ano todo de 2006 não atingiu os 3 milhões de visitantes.
Barraquinhas na quermesse da praça central - Rinek
Foto Ulisses Iarochinski


Só neste ano, 80 novos pequenos hotéis e pensões foram abertos na cidade. Há cerca de 5 anos existia apenas um albergue da juventude e nenhuma pensão. Restaurantes, bares e discotecas nascem da noite pro dia. Entre outras atrações, Cracóvia apresenta o Castelo real de Wawel, o bairro judeu do Kazimierz, as casas onde viveu o Papa João Paulo II, o quadro da "Madona e o Arminho" de Leonardo da Vinci (para muitos, mais bonito e enigmático que a outra madona do Louvre, a Gioconda), o Rinek (maior praça em área territorial da Europa) no centro do maior e mais preservado conjunto arquitetônico dos séculos XV a XIX da Europa Central. Além da parte histórica, os arredores da cidade são imperdíveis, tais como os campos de concentração de Auschwitz e Birkenau, a mina de Sal de Wieliczka, Wadowice (cidade natal do Papa), Zakopane (a mais charmosa estação de esqui da Europa) e a reserva nacional de bisões de Niepolomice. Vir aqui e não provar a saborosa cerveja, a vodka, o pierogui, as tortas enquanto se observa o desfilar das mulheres mais bonitas do planeta é não ter estado aqui, apesar de todas as atrações turísticas. É preciso tirar um tempinho para se sentar nas mesinhas dos diversos restaurantes do Rinek e descansar após tanta caminhada. Para este ano de 2007 estão sendo esperados mais de 10 milhões de turistas em Cracóvia, só nos meses de julho e agosto.

quinta-feira, 26 de julho de 2007

Sinagoga Judaica

Não sempre, mas algumas vezes, acompanho brasileiros, descendentes de pessoas que nasceram no território da Polônia, em busca de suas origens. Foi o que aconteceu no último fim-de-semana. Como anfitrião, motorista, guia, intérprete e divulgador levei dois gaúchos até o Sudeste da Polônia. O lugarejo nem no mapa do aparelho de GPS constava e a pronúncia do nome do lugar dita pelos dois descendentes de polacos judeus só atrapalhava. Mas enfim depois de 5 horas de viagem chegamos a Łaszczów (a primeira letra não é L, mas sim UÊL, que se pronuncia como U, SZ tem som de ch e CZÓW tem som de Tchuf). A pequena cidade, até começar a segunda guerra mundial, tinha um percentual de 95% da população como sendo de origem judaica. Basta dizer que a quase totalidade destes judeus polacos foram obrigados a caminhar a pé 36 km para morrerem no campo de concentração de Belzec. Os que ficaram acabaram mortos estupidamente nas ruas, ou casas, em execuções sumárias pelos soldados alemães de Hitler. Até o cemitério judaico foi destruído. Anos atrás, a prefeitura da cidade, reergueu o cemitério e em meio aos escombros encontrou algumas lápides, que foram levantadas no mesmo local onde foram encontradas. Hoje o cemitério é um panteão e monumento aos habitantes de origem judaica da cidade.



Não sobrou nenhum polaco de origem judaica para contar a história da cidade. Mas suas casas e ruinas ainda existem. É o caso da sinagoga, que segundo o pai do prefeito atual, foi destruída, não pelos alemães, mas pelos guerrilheiros ucranianos, que atacaram a cidade, após a saída dos nazistas. A sinagoga ainda não foi restaurada, pois a municipalidade da pequena cidade não tem orçamento suficiente para tal.

O cartaz polaco

Para quem não sabe ainda, as escolas de Belas Artes na Polônia, possuem uma disciplina específica sobre cartazes (Cinema, teatro, Balé, Concerto, Ópera etc). Talvez por isso, mas também pelo imenso senso artístico do povo polaco, aparecem semanalmente não ruas da Polônia, verdadeiras obras de arte, chamando para algum espetáculo.




Este é de autoria do Rafał Olbiński para a ópera Rigoletto de Verdi

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Banda Polaca - o livro

Ulisses, então bota aí no teu blog, e repete de vez em quando, a capa do livro "A Banda Polaca". O lançamento será no dia 26 de setembro - quarta-feira - na Casa Romário Martins, Largo da Ordem, a partir das 18 horas. Dante


Tive a honra de assinar o prefácio e ter sido citado várias vezes nos capítulos seguintes deste livro pela generosidade do Dante. Já li e gostei muito... É um livro para saber mais sobre a imigração polaca no Brasil e principalmente, rir muito, mas muito mesmo. Pois apesar dos séculos de opressão, invasão e luta, o povo polaco sabe e faz rir. Polacada da minha etnia..compareçam no lançamento, comprem, leiam e digam a outros pra comprar também. Por favor, livro não se empresta nem se fotocopia!!! Ulisses

Kaczynski foi...Lula não!

Aqui, morreram menos pessoas, mas nem por isso o Presidente da Polônia, Lech Kaczyński, deixou de voar para Grenoble, na França, para junto com o presidente francês Sarkozy, visitar o local da tragédia, onde morreram os peregrinos polacos e o hospital onde estão internados os feridos. O Governo polaco colocou um avião do governo a disposição de familiares para que estes também possam ir a Grenoble..... bem igual aí no Brasil, não?

Fot. JEAN-PIERRE CLATOT AFP

A notícia:
26 pessoas morreram e 27 ficaram feridas quando um ônibus de peregrinos polacos caiu em um despenhadeiro na França. O ônibus perdeu os freios e ultrapassou a barreira de proteção quando descia a estrada. O ônibus caiu de uma altura de 15 metros, incendiando-se logo em seguida. Socorristas afirmaram que a maioria das vítimas morreu em meio ao fogo. Grande número de resgatistas chegou ao local e ajudou a transportar os feridos para a cidade mais próxima, Grenoble.

Praia de Cracóvia


Com o calor de 35 graus positivos que anda fazendo em Cracóvia, as polacas vão pra beira do Rio Vístula tomar banho de sol. De Sol... de água, não!!! Pois a água do rio é muito, mas muuuiiiito fria!!!! Elas têm medo de ficar constipadas e não poder tomar sorvete, assim preferem ficar apenas na graminha fôfa. Foto: Ulisses Iarochinski.

segunda-feira, 23 de julho de 2007

Corte previsto

Ricardinho, na "zona mista", após vitória sobre a Polônia.
Foto de Ulisses Iarochinski

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Como único jornalista brasileiro presente no mundial de vôlei na Polônia, onde o Brasil conquistou o heptacampeonato da Liga Mundial, posso dizer que em nada me estranhou o fato de Ricardinho ter sido cortado.
Ao final de cada partida, compareciam para entrevista coletiva apenas, os dois técnicos e capitães das equipes.
Ricardinho apareceu só na primeira partida, derrota para a Bulgária, mesmo assim não disse nada e retirou-se antes de encerrada a participação de todos. Nos jogos seguintes apenas o Bernardinho compareceu. Falou, respondeu, foi extramente sincero e diplomático em suas falas e respostas.
Nesta primeira coletiva, Bernardinho, responsabilizou-se pela derrota, alegando que deveria ter tirado da equipe Dante, que não estava bem na partida.
Na segunda partida, bastou Giba para Bernardinho tirá-lo e colocar Murilo, que desencantou e foi responsável pela vitória. Essa partida foi decisiva para que Giba tenha perdido o título de melhor do mundial para Ricardinho.
Na coletiva após a final, com a ausência de Ricardinho, jornalistas do mundo inteiro cobraram de Bernardinho. Este fez um gesto com as mãos e cabeça dando a entender que Ricardinho tinha ficado louco com o título do mundial e de ter sido considerado o melhor do campeonato.
A coletiva foi longa, inclusive, com a réplica de Bernardinho ao capitão da seleção russa Vadin Khamuttskikh, de que os brasileiros eram mercenários, que jogaram apenas pelo 1 milhão de Euro de prêmio ao campeão. E também deu sua versão à minha pergunta ao capitão russo de que ele tinha provocado os jogadores brasileiros nas duas partidas. Para mim, o russo respondeu que não, que eram situações de jogo. Para mim, Bernardinho respondeu pelo russo dizendo, que não sentiu provocação, afinal Khamuttskikh enfrenta os brasileiros há anos (o russo tem 38 anos e foi o jogador mais velho do mundial) e que há uma sincera amizade entre eles.
Mas ainda sobre Ricardinho, quem pudesse acompanhar no fundo da quadra, os jogos e não ao vivo pela tela da TV Polsat (que transmitiu suas imagens para todo o mundo) teria podido perceber que Ricardinho exercia um poder paralelo ao técnico dentro da quadra. Dizia palavrões a todo o momento, não só contra adversários, juízes, torcida, erros próprios, mas também contra todos os companheiros. O que se percebia é que os demais sentiam a partida e manifestavam com gritos, expressões de desapontamento, raiva, alegria, e satisfação, mas nada comparado a ira de Ricardinho.
O exaltado levantador ganhou o prêmio com os votos dos jornalistas polacos (maioria entre os credenciados), pois ao meu lado, entre jornalistas, búlgaros, russos, franceses, libaneses, alemães, o voto foi para Giba. E chorou na hora do anúncio. Para o jornalista da TV Al Jazeera, que estava ao meu lado, a saída de Giba, no início, do segundo set, da segunda partida foi o que lhe tirou o título e permitiu Ricardinho ganhar. Não esquecendo que Gustavo ganhou o de melhor bloqueio de rede.
Enfim, creio, que a chegada atrasada de Ricardinho aos treinos, motivada por problemas de vôos não foi a causa do corte, para quem acompanhou na quadra e não na tela da TV, Ricardinho já tinha demonstrado que dificilmente estaria no PAN. Talvez, por isso, é que minha última pergunta ao Bernardinho foi: Não vai acontecer nenhum corte neste grupo para o PAN? Nenhum jogador vai pedir dispensa como fizeram Kaka e Gaúcho na seleção de futebol? Bernardinho tranqüilo respondeu: Não acredito, pois firmamos um compromisso de estarmos juntos até o final, dia 28 de julho quando todos entrarão de férias.

quarta-feira, 3 de maio de 2006

Meu sonho de menino (?)...

__________Ulisses Iarochinski


foto: NASA

Quando criança minha mãe comprava muitos livros para mim e meu irmão. Interessava-me pelos livros de aventura, principalmente. Lembro-me de “Sete Léguas Submarinas” e “Moby Dick”. Por essa época o homem também chegava a Lua. Certamente a maior aventura da humanidade. Fiquei com os olhos grudados na tela preto e branco da TV vendo Armstrong e Aldrey pisarem o solo lunar naquele junho de 1969. Li quase tudo o que foi publicado a respeito.

Até então, minha maior aspiração era ter um Jipe azul para sair pelo mundo. Mesmo carro que meu pai tinha quando era vivo (Ele morreu assassinado quando eu tinha pouco mais de dois anos de idade).
... Porém, a frase "um pequeno passo para o homem, mas um grande salto para a humanidade", ficou gravada na minha mente. Dali em diante não bastava mais ter um Jipe, queria mesmo era um foguete espacial. Para quem não tinha nenhuma resposta quando perguntavam: - o que você quer ser quando crescer? Agora eu tinha na ponta da língua: - Quando crescer quero ser astronauta!

Contudo, para isso ocorrer, precisava por em prática alguns dos meus planos. O primeiro passo foi me inscrever num curso técnico de eletricidade, que concluí no Senai. Até então, o sonho permanecia. 

Logo em seguida fiz o curso técnico em telecomunicações, na ETFPR, que também concluí. Mas aí, já era tarde para meu sonho! Os planos para engenharia eletrônica foram trocados pelo curso de jornalismo na universidade. Além das aulas do curso técnico, o teatro e seu diretor ator José Maria Santos tinham me encantado por essa época e os sonhos da lua foram trocados pelos sonhos do espírito, das verdades que embalam os seres humanos...

E aí a vida deixou de ser um sonho de menino nos céus, para ser o de escudeiro da realidade entre os homens...

Pois, inconscientemente imagino até que, aquelas imagens de 1969 podem ter sido criadas pela imaginação dos homens e Neil Armstrong deve ter dado aquele passo em algum outro lugar, porém nunca na Lua. O mais provável é que tenha sido no deserto do Estado de Nevada.

... Depois de muitas conquistas pessoais e profissionais, vejo-me realizando um sonho que talvez no fundo, no fundo não seja meu mesmo. Sou doutorando em história na sexta mais antiga universidade do mundo.

Pela primeira vez, desde que meu bisavô emigrou com minha bisavó, meu avô e seus irmãos para o
Brasil, em 1911, retorna à Polônia, um descendente. Vivo momentos de intensa emoção aqui nesta terra milenar, como naquela noite, em um dos vôos entre Varsóvia e Cracóvia, quando vi pela pequena janela do avião Embraer (sim, avião brasileiro!), a terra do meu avô toda branca coberta de neve e chorei...muito!

As lágrimas teimavam em cair sem cessar. Não sei realmente se fui... eu! Ou foi a alma do meu avô... da minha avó...do meu bisavô, da minha bisavó que emocionados verteram lágrimas nos meus olhos.

Ou então, dias atrás quando saindo da Reitoria da Universidade Jagielloński, vi o bosque que circunda o centro da cidade de Cracóvia todo coberto de neve. Aí, acho que quem se emocionou fui eu mesmo. Naquele momento não me lembrei dos meus avôs polacos...

Recordei apenas de uma pessoa...de ninguém mais que não fosse minha Mãe, que não tem nada de polaca...Nem nada!

Pois é brasileira, mineira, que lá, muito distante, tem suas origens em Portugal.

Andando sobre o caminho pavimentado de branca neve, pensava nos dias difíceis que ela passou sozinha, após a morte do meu pai e ainda jovem se dispôs a lutar para transformar duas crianças em homens. Creio, que os meus passos, neste caminho branco do inverno polaco, são testemunhas de que ela conseguiu isto.

Acredito também naquela frase que fala sobre a pessoa que não valora aqueles que lhe antecederam. Esta pessoa não consegue dar nenhum passo adiante...Estaciona!

Ao contrário, quero ir sempre em frente!
Por isso obrigado... polacos, brasileiros, paranaenses, mineiros e portugueses das minhas origens... e a meu sonho de menino(?)...