sábado, 29 de setembro de 2007
Rynek e cidade velha de Cracóvia: sétima maravilha da Polônia
Veja tenta desconstruir o mito
- era apenas "el chancho", o porco, porque não gostava de banho e "tinha cheiro de rim fervido".
- foi um ser desprezível.
- Che tem seu lugar assegurado na mesma lata de lixo onde a história.
- Politicamente dogmático, aferrado com unhas e dentes à rigidez do marxismo-leninismo em sua vertente mais totalitária, passa por livre-pensador.
- regime policialesco de Fidel Castro.
- os exilados cubanos são vozes de maior credibilidade.
- um comandante imprudente, irascível,
- A frente de comportamento mais desastroso foi a de Che,
- A maioria era apenas gente incômoda.
- Seus bens agora me pertenciam".
- se tornou um assassino cruel e maníaco.
- em uma família de esquerdistas ricos na Argentina.
- o argentino "desprezava os técnicos e tratava a nós, os jovens cubanos, com prepotência".
- Daí em diante o argentino tornou-se uma figura patética.
- Como guerrilheiro, foi eficiente apenas em matar por causas sem futuro.
- Boa-pinta, saía ótimo nas fotografias.
- mas a pinta de galã lhe garantia um aspecto juvenil.
- sua roupa imunda.
- determinação exacerbada e narcisista de conseguir tudo aqui e agora.- o supremo comandante, aparece cada dia mais roto, macilento, caduco, enquanto se desmancha lentamente dentro de um ridículo agasalho esportivo.
sexta-feira, 28 de setembro de 2007
Pontagrossense em Cracóvia
Piwo em Araucária
Sul do Brasil tem nova Cônsul
quinta-feira, 27 de setembro de 2007
Morena polaca bonita
Maryla: voz para todos os cantos
Múmias de Cracóvia
quarta-feira, 26 de setembro de 2007
O poeta da canção polaca
Grzegorz Turnau (gjégoje turnau - gregório) é um cantor cracoviano. Canta suas ruas, cidade e amores. Arrajador, pianista, compositor e poeta. Casado com a flautista Marina Barfuss com quem tem uma filha, Antonina. Debutou no Festival da Música Estudantil de Cracóvia com a música "Znów Wędrujemy" (znuf vendruiemi - de novo caminhamos) enquanto cursava o terceiro ano do Liceu. Seu primeiro prêmio foi conquistado nas apresentações da Piwnicy Pod Baranami (pivnitsse pod baranami - adega sob o carneiro), bar na praça central de Cracóvia, que durante muito tempo foi palco dos melhores shows de música da Polônia. Seguiram-se os prêmios Fredereryk de 1994, 95, 97, 2002, 04, 05 e 07; Mateusz de 1995, Festival Nacional da Canção Polaca de Opole de 1996; Wiktor de 1998; Philip Award de 1999, Prêmio Superjedynka 2005 e 07. Tem 13 discos gravados e o status de o poeta da música popular da Polônia. Nesta canção "Bracka" (bratsca - da irmandade) Turnau demonstra seu carinho pela rua onde mora no Centro de Cracóvia - a Ulica Bracka (ulitssa bratsska) e os acontecimentos num dia de chuva.
Versos iniciais da Letra da música:Na północy ściął mróz / z nieba spadł wielki wóz / przykrył drogi pola i lasy / myśli zmarzły na lód / dobre sny zmorzył głód / lecz przynajmniej się można przestraszyć / na południu już skwar / miękki puch z nieba zdarł / kruchy pejzaż na piasek przepalił / jak upalnie mój boże / lecz przynajmniej być może / wreszcie byśmy się tam zakochali /a w krakowie na brackiej pada deszcz / gdy konieczność istnienia trudna jest do zniesienia / w korytarzu i w kuchni pada też / przyklejony do ściany zwijam mokre dywany / nie od deszczu mokre lecz od łez / na zachodzie już noc...
Toruń: Segunda maravilha da Polônia
Toruń é mais uma das cidades polacas fundadas durante a invasão dos cruzados teutônicos. Em 28 de dezembro de 1233 o grã-mestre da Ordem Herman von Salza assinou a ata de fundação da cidade e esteve em poder dos cruzados até 1454, quando aquelas terras, onde foi fundada a cidade pelos germânicos foi reconquistada pelo Rei Kazimierz Jagiellończyk (cajimiéji iaguielonhtchik - casimiro iaguielônico). Os mais antigos restos arqueológicos encontrados na região datam de 1.100 aC, período conhecido como Luzaciano, antigo povo que deu origem aos eslavos polacos. Entre os séculos 7 e 13 a região era ocupada já por tribos polacas. Etimologicamente o nome da cidade deriva da palavra Toron, nome de um dos castelos dos cruzados no Líbano e que atualmente se chama Tebnine. Quando Toruń se tornou ciddade do Reino Polaco, documentos e moedas cunhadas em Latim usavam declinar o nome da cidade como Thorun, Thorunium, civitas Thorunensis, or civitas Torunensis, e finalmente depois do século 15, foi adotado o nome polaco Toruń (tórunh). No século 13, com a invasão dos germânicos cruzados da Ordem Teutônica e a completa dizimação da população polaca, foi fundada a cidade. A maioria da população germânica que permaneceu na cidade adotou o protestantismo, em 1557, como forma de se posicionarem contra a população e o reino polaco, desde então uma ilha católica apostólica romana na Europa Central. Em 1595, chegaram os padres jesuítas como parte dos planos de Contra-Reforma. Os protestantes da cidade tentaram limitar o fluxo de novos cidadãos católicos, mas além dos jesuítas, os monges dominicanos trataram de controlar a maioria das igrejas, permitindo apenas o uso da igreja de Santa Maria pelos protestantes. A tensão religiosa na cidade continuou nos séculos seguintes. Durante as celebrações de Corpus Christi, em 1682, os católicos ocuparam a igreja de Santa Maria dos Luteranos. Em 16 de julho de 1724 ocorreu o pior dos incidentes. Depois de uma procissão jesuita houve escaramuças de rua promovidas pelos estudantes do Ginásio Luterano, que devastaram o Colégio Jesuíta. Depos disso, tanto os jesuítas como os dominicados tentaram persuadir o prefeito Johann Gottfried Rößner, e outros cidadaõs protestantes a se converterem a igreja de Roma. Com a recusa, os jesuítas apelaram a Suprema Corte Real em Varsóvia. O Tribunal sentenciou Rößner e outros nove luteranos à morte. Estas execuções ficaram mancharam a reputação de tolerância do reino católico da Polônia. Décadas mais tarde, durante a ocupação tri-partite da Polônia, o escritor francês Voltaire, amigo da rainha Catarina - a Grande da Rússia, recordaria o incidente como exemplo da intolerância religiosa dos polacos. E foi em Toruń que nasceu o astronômo Mikołaj Kopernik (micouai copernik - nicolau copernico) em 19 de fevereiro de 1473 na casa da família na Ulica Świętej Anny (ulitssa schvient anna - rua Santa Ana). Atualmente Ulica Kopernika, 17, onde funciona o seu museu. Toruń foi considerada Patrimônia da Humanidade em pela Unesco, em 1997. A cidade ainda possui vários monumentos da idade média. Foram preservados muitas construções góticas, como igrejas, a prefeitura e muitas casas. O centro histórico conseguiu evitar a destruição durante a II Guerra Mundial. O mais recente censo populacional apontava em 2006, cerca de 208 mil habitantes. E junto com a vizinha Bydgoszcz (bidgochtch) forma uma área metropolitana de 800 mil pessoas. Atualmente a cidade é famosa também pela Universidade Nicolau Copérnico, fundada em 1945, e pelo planetário e observatório astronômico que possui o maior radiotelescópio da Europa do Leste com um diâmetro de 32 m. E Finalmente, a cidade é sede da controvertida Radio Maria, fundada em 1991 pelo padre redentorista Tadeusz Rydzyk (tadeuch ridjik). O poder do padre é grande entre os ouvintes, conseguindo com seus polêmicos conselhos mudar o resultado de muitas eleições políticas. Em 2002, o padre-diretor abriu um canal de televisão, um jornal e uma escola de comunização e jornalismo, uma escola de segundo grau e duas Fundações "Nosso futuro" e "Lux Veritatis", destinada a publicações editoriais. Foi a partir do movimento "Deus, Igreja, Patria", organizado pelo padre Rydzyk, como interlocutor político entre seus 4 milhões de militantes católicos e o partido PiS dos gêmeos Kaczyński (catchinhsqui), que as últimas eleições presidenciais na Polônia experimentaram uma reviravolta, quando todas as pesquisas de opinião davam a vitória para Donald Tusk do Partido da Plataforma da Cidadania.
Na veia, o traço polaco
Foi assim que começou a história de ilustrar esse livro. Eu desenhei no passado algo que o Dante me pediria no futuro, agora presente em A Banda Polaca - Humor do Imigrante no Brasil Meridional.
Márcia Széliga conta: "Entrei num túnel do tempo e fui parar na Polônia, em Cracóvia, lápis e papel na mão, desenhos safra 1989. Tudo bem que outros são vinhos frescos, recém-saídos dos barris de carvalho da imaginação (ou seriam provenientes de butelkas de vódka?).
Importa é que fui estudar Desenho Animado na Academia de Belas Artes de Cracóvia, e chegar lá em 89 ou 40, 50, 60 anos atrás dá tudo na mesma.
Foi um tempo de antes, de costumes distantes no espaço, de figuras interessantes, caricatas, umas sisudas, outras carismáticas, no silêncio polonês. Lá entendi minhas raízes, lá entendi Curitiba.
E nesse traço quieto, na captura da expressão de cada rosto, da velha com seu gato manso à Romiseta levando um louco, esse é o sangue polaco que trago na veia."
Dante Mendonça [26/09/2007]
Repercussão da Banda Polaca
Este livro do Dante tem vários méritos, inclusive o literário. Enquanto idéia e motivo intelectual, me agrada a atitude de cultivar a alma curitibana e discutir o universo polaco, inclusive ao polemizar e revisar o uso da palavra maldita. Aceitar o termo polaco, limpo de estigmas, significa aceitar a liberdade de um povo e a dívida que nós, outras etnias, temos com ele.
Prosador maduro moldado pela lida diária do jornalismo, Dante tenta e consegue, como compromisso básico, estabelecer uma demanda para o humor, coluna mestra deste glossário de piadas sobre polacos e afins.
Não fosse ele um cartunista de plantão 24 horas por dia. Méritos também para a narrativa que funciona como memória de uma cidade petrificada pelo ascetismo e rigidez das culturas imigrantes, na medida em que rir de si mesmo é a melhor sugestão no receituário tropical. Como bem proclama o autor fazendo uma síntese da querela internacional: O Polaco é nosso!
Toninho Vaz
(Autor de “O Bandido que Sabia Latim” - biografia de Paulo Leminski, “Pra Mim Chega”– biografia de Torquato Neto e “Edwiges, a Santa Libertária”)
terça-feira, 25 de setembro de 2007
Deco é brasileiro, sim senhor!!!!
A pergunta é: porque Deco - Anderson Luiz de Sousa, nascido em São Bernardo do Campo - SP, com carteira de identidade e passaporte brasileiro está listado como Deco (POR/Barcelona), ou seja como português?
Qual é a diferença? A imprensa brasileira se tornou braço do Ministério da Justiça (Polícia Federal) e das secretarias de Segurança Pública dos Estados? Sim, porque Deco é tão ou mais brasileiro que Dida, Ronaldo, Ronaldinho e Roberto Carlos. Sim, Deco não fez farra, nem se entregou em campo para os afagos de Zidane, nos campos da Alemanha em 2006.
Deco deveria processar estes jornalistas presunçosos por lhe terem subtraido a cidadania brasileira. E não venham com a ladainha de que foi o sindicato que fez o anúncio. Corrija-se então o assessor de imprensa do sindicato europeu (sim porque esse sindicato não é mundial).
Deco é o maior meio campista brasileiro depois da geração de Telê. Só não vê quem recebe propina da Nike, Adidas e etc. para endeusar os Rs e os Kakas.
Kanał Elbląski: quinta maravilha da Polônia
Blog completa dois meses
É amanhã o dia da Banda
Mara Andrich
Humor e conhecimentos históricos. É a isso que o leitor terá acesso ao conhecer o quarto livro do cartunista e escritor Dante Mendonça, Banda polaca. Depois de conhecer um pouco da história dos polacos em Curitiba, o leitor será convidado a entrar no mundo dos “causos” dessa etnia, que não tem poucos representantes no Sul do País.Mendonça conta que o nome do livro foi dado em função de uma banda “verdadeira” que existia na cidade no período entre 1976 e 1982, da qual ele fazia parte (mas o nome “banda” no livro se refere a “lado” ou “margem”). A banda, chamada de Banda Polaca, tocava músicas de Carnaval. Embora Mendonça não seja polaco (ele é descendente de italianos, nascido em Nova Trento, Santa Catarina), o escritor pretende mesmo contar, com muito bom humor, um pouco da vida dos polacos no Sul do País. “Quem nasceu aqui cresceu ouvindo histórias de polacos, e nunca ninguém pensou em reuni-las em um livro”, comentou. Para escrever o livro, o escritor não só ouviu muitos representantes da etnia, como também fez várias pesquisas históricas sobre o assunto. Na obra, Mendonça aborda as dificuldades dos polacos em se adaptar à nova terra, a língua diferente com a qual tinham que se acostumar e os preconceitos que tiveram que enfrentar. Há 35 trabalhando no jornal O Estado do Paraná, Mendonça faz as charges da publicação e ainda mantém uma coluna. No ramo das charges, ele é um dos pioneiros a publicá-las, em cores, na capa de um jornal. Hoje, dividido entre escrever suas crônicas e fazer charges, Mendonça diz que lê um pouco de tudo, principalmente sobre história, e que não considera ter influências para escrever. “Sou um leitor compulsivo”, comenta. Pai de dois filhos, veio para Curitiba na década de 70, de onde não mais saiu. O livro conta com o apoio do jornalista Ulisses Iarochinski, Roberto Gomes, Nireu Teixeira, Ernani Buchmann, além do posfácio do escritor paranaense Wilson Bueno. A resenha da capa é do jornalista Toninho Vaz. Serviço Lançamento do livro Banda polaca, de Dante Mendonça, dia 26 de setembro, às 18h, na Casa Romário Martins (Rua São Francisco, 30 - Largo da Ordem). Telefone: (41) 3321-3255.
segunda-feira, 24 de setembro de 2007
Katyń: para entender a Polônia de hoje
Quem esperava por um filme de guerra, no melhor estilo hollywoodiano se decepciona, quem esperava por um documentário histórico se frustra, pois apesar de contar a verdade sobre uma mentira calada por mais de 50 anos, Wajda é suficientemente genial para se distanciar das bombas e explosões de artefatos e se aproximar das explosões contidas de emoção de seus personagens. O grupo de atores selecionado pelo diretor está entre as caras mais conhecidas da arte de representar da Polônia dos últimos anos. Populares, mas nem por isso “canastrões”. Ao contrário, representam com uma densidade dramática pouco vista nos filmes do resto do mundo. Em seus minutos de atuação, os atores que interpretam os oficiais assassinados pelos russos mereceriam todos, o prêmio de melhor coadjuvante. Já Maja Ostaszewska, atriz de família cracoviana, no papel de Anna, esposa de um dos generais assassinados, comporta-se com uma qualidade artística impressionante. Desde já uma candidata seriíssima aos troféus Palma de Ouro, Urso de Ouro, Leão de Ouro, Globo de Ouro e Oscar de melhor atriz. Não há uma única cena em que ela exagere, ou faça de menos. Tudo nela é preciso e requintado. Ostaszweska esteve entre outros, em “Lista de Schindler” e “Pianista”. A crítica polaca tem feito muitos elogios também a Maja Komorowska (presente em “O Homem de Mármore”) por seu desempenho como a mãe do personagem Oficial Artur. A densidade dramática do filme é conduzida pela música de Krzysztof Penderecki e pela magnífica direção de fotografia de Paweł Edelman. Mas é nos cenários, objetos de cena, figurinos, que o filme transporta a imaginação para a Cracóvia daqueles dias de guerra. A cidade é a mesma de hoje, mas o clima e o cenário são de mais de 60 anos atrás. Perfeito, envolvente. Sobre as respostas buscadas, neste período de Polônia, é necessário dizer que com este filme de Wajda, entende-se a repulsa que os polacos, de hoje, sentem pelos russos. Enquanto inimigos declarados, os alemães foram as piores bestas da civilização humana, mas os falsos russos não ficaram atrás. Pior! (Se é que pode existir coisa pior) Não destruíram e assassinaram polacos apenas em Katyń e no resto da Segunda Guerra Mundial, não! Continuaram destruindo e matando nas décadas seguintes com a imposição do sistema comunista. Transformando suas antigas vítimas em algozes do próprio povo polaco. O personagem do oficial que escapa da morte em Katyń, mas se suicida em plena rua da Cracóvia comunista, após uma série de encontros com familiares que ainda tinham esperanças de que os oficiais retornassem do front de guerra na Rússia, é a resposta a muitas das minhas perguntas. Mas os russos estão atormentando os polacos não apenas nos últimos 60 e tantos anos, não! Os reis, nobres e povo russo ocuparam a Polônia de 1795 a 1918. Caída a Dinastia Romanov, assumiu as rédeas Lenin, Trostki e seus bolcheviques. Estes, iguais aos reis, não tardam em voltar seus olhos para a Polônia. Os comunistas atacaram a Polônia em 1920, mas foram rechaçados espetacularmente pelo marechal Józef Pilsudski. A Polônia é a única nação a infringir derrota aos russos. Ninguém chegou tão longe como Pilsudski. O marechal polaco com suas tropas chegou às portas de Moscou. Uma ousadia que não foi esquecida com certeza. Stalin, após tirar o poder de Lenin e assassinar Trotski volta a sonhar com as planícies polacas. O acordo Ribbentrop-Molotov cela o destino da Polônia. Atacada pelos dois lado, mais uma vez, pelas mais potentes forças armadas da época (alemãs e russas), a Polônia tenta resistir. Realmente a sobrevivência da Polônia e dos polacos, talvez, seja caso único de um povo que se nega a desaparecer. E as perguntas que tanto fiz sobre o modo de agir para sobreviver de uns, o de se deixar aprisionar de outros, ou ainda, de morrer pelo ideal de um Polônia Livre estão também retratadas nesta obra de Wajda. Muitos, submissos à prepotência das forças armadas, da polícia e dos agentes de segurança calaram. Outros enfrentando as determinações do Kremlin estiveram sempre em posição de rebeldia. Assim os Polacos, que sofreram os horrores soviéticos e nazistas, foram divididos e transformados, uns em espiões e dedos-duros e outros em mudos e cegos da realidade. A cena do padre negando a colocação da lápide do piloto assassinado em Katyń, na igreja, responde porquê num Estado ateu e comunista de “esquerda”, muitos polacos, hoje, são conservadores e de direita. As cenas de arquivo (foram filmadas pelos nazistas na época e desacreditadas pelos soviéticos) são suaves se comparadas com o realismo das cenas de assassinatos dos oficiais polacos nos campos de Katyń por Wajda e Edelman. A crueldade do nazista Mengeli, ou a loucura do general alemão, governador de Cracóvia, personagem do filme de Spilberg é equiparada por aqueles soldados russos que disparavam, com pausa para uma baforada, nas cabeças dos soldados polacos à beira da vala comum. Talvez esta seja a cena mais chocante da narrativa "wajdiana"!!!! Ali, na cena, não era Stalin que estava disparando, mas um absurdo e idiota soldado vermelho. Evidentemente que cumprindo ordens do georgiano Josef Vissarionovich Dzhugashvili, ou simplesmente Josef Stalin - o soviético. Mas que aquele soldado estava executando vidas. Isto estava! O soviético Stalin, cultuado por boa parte da esquerda mundial, não fica nada a dever aos horrores perpetrados pelo nazista Hilter. Curiosamente nem um dos dois nasceu nos países que comandaram. Enquanto Hitler nasceu na Áustria e se assenhorou da Alemanha, Stalin saiu da Georgia para cometer os maiores crimes contra a humanidade a partir da Rússia. Tomara este filme possa ser visto em todos os países e em todas as línguas, pois embora não chegue a ser extraordinário e tampouco lembre momentos épicos da cinematografia de Wajda, como “Kanał”, “Homem de Mármore”, “Homem de Ferro”, “Danton” e “Terra Prometida” ele é extremamente poderoso para desmentir meio século de mentiras e opressão. Um passo para isso já foi dado, pois além de sua estréia em todos os cinemas da Polônia, o Ministério da Cultura e o Comitê Nacional de Seleção escolheu, entre 16 filmes produzidos no país, o “Katyń” de Andrzej Wajda, para representar a Polônia no Oscar 2008 de melhor filme estrangeiro.
P.S. Faltaram ainda muitas outras respostas. Mas fica mais evidente que o mundo não pode ser dividido dialeticamente apenas entre esquerda e direita, conservadores e progressistas, bem e mal, céu e inferno. Definitivamente o mundo não é só isso que nos impingem as cartilhas religiosas.
"Sztuczki" vence Festival de Gdynia
Começou o Outono
domingo, 23 de setembro de 2007
Polaco ou polonês?
Ao começar a escrever o livro A Banda polaca - O humor do imigrante no Brasil Meridional - uma das minhas preocupações foi o adjetivo pátrio: polaco ou polonês? Este gentílico ainda é motivo de muita “briga de ripa” entre os imigrantes, por ter se transformado numa expressão pejorativa. Na língua polaca, é “polak”. No espanhol, é “polaco”. No italiano, é “polacco”. No inglês, é “polish”. No alemão, é “polnisch”. Em bom português, é “polaco”. Na língua francesa é onde encontramos “polonais”. Este galicismo foi sugestão do embaixador da França ao cônsul Gluchowisk, em 1927, como forma de substituir o polêmico “polaco”, usado para ofender os imigrantes e seus descendentes. No prefácio da Banda polaca, o jornalista e historiador paranaense Ulisses Iarochinski defende o uso do gentílico “polaco” e faz questão de assim ser chamado, com muito orgulho:
Creio que seja necessário saudar a ousadia de Dante Mendonça ao utilizar a palavra “polaco”. Desde já alerto que ele pode ter problemas com a comunidade “polonesa”, pois não foi uma nem duas vezes que meu trabalho sofreu censura. Justo pelo uso adequado do termo “polaco” na língua portuguesa. Utilizar “polaco” impediu, por exemplo, a publicação do artigo “A etnia polaca no Brasil”, de meu doutoramento na Universidade Jagiellonski de Cracóvia, em uma revista brasileira de estudos científicos. Não bastasse isso, reportagens produzidas por mim para jornais e televisão do Brasil tiveram, sem meu consentimento, mudados os registros do termo “polaco” para “polonês”.
O termo “polaco” sofre há pelo menos 85 anos campanha sistemática pela sua eliminação da língua falada no País. Alguns chegam a pregar sua total extinção dos dicionários e documentos. As gerações mais antigas simplesmente abominam o termo. Quando escrevia Saga dos polacos, publicado em 2001, o presidente de uma associação étnico-cultural do interior do Paraná interrompeu a entrevista quando ouviu o termo “polaco”. O homem, também descendente de imigrantes da Polônia, afirmou que não prosseguiria a conversa se continuasse a ouvir “polaco”. Ele se sentia terrivelmente agredido com a palavra. Perguntei o porquê da irritação. O polonês-paranaense respondeu que era um termo pejorativo.
- Por que, pejorativo?
- Não sei a razão! Meu pai sempre dizia que não aceitasse ser chamado assim, porque essa palavra era muito feia e que significava burrice e que na verdade estavam nos chamando de filho da puta. Agora chega. O senhor não pode sair por aí falando “polaco, polaco”!
Este incidente seria apenas o primeiro. Na fase de lançamento do livro por 25 cidades brasileiras, houve pelo menos outras três situações delicadas. Uma delas, inclusive, com agressão física. Irritado com o título do livro, um senhor chegou a me esmurrar duas vezes durante a seção de autógrafos.
Os estudiosos da etnia apontam que o preconceito contra a palavra “polaco” teria se iniciado na época da importação de prostitutas européias pelo Império Brasileiro. Como naquele momento a maioria das mulheres no Rio de Janeiro era de escravas africanas, o reino queria “branquear” a população. Como as importadas eram em sua maioria loiras como as “polacas” do Sul do Brasil, a população logo começou a qualificá-las de “polacas”. Num momento imediatamente posterior, a população carioca passou a denominar qualquer prostituta, fosse loira, preta, branca, amarela ou índia, com o termo “polaca”. (Ulisses Iarochinski).