Nino Burjanadze, a mulher que pode ser a próxima presidente da Geórgia
A imprensa mundial, dependendo das pautas e direciionamento da informação das grandes agências noticiosas, como Reuters, AP, UPI, FrancePress e redes de TV como BBC e CNN, vivem do factual. Mas também é verdade que ninguém aguenta mais esta proteção e exposição diária, semanal, anual das coisas de Israel. Parece que o planeta está a pagar constantemente pelos horrores que os alemães cometeram contra o povo judeu de nacionalidades europeias na segunda guerra mundial. Enquanto isto países e questões tão ou mais importantes do que essa cobertura das atrocidades israelenses em Gaza contra inocentes palestinos deixam de ser noticiadas. Mas não é porque a Reuteus e a CNN não noticiam que as coisas não estejam acontecendo. A vida e as nações seguem seu destino apesar das vontades editoriais das agências de notícias.
Uma região que não recebe o mesmo tratamento notícioso está a passar por momentos delicados e recebe pouca atenção dos editores chefes da notícia internacional. Esta região é o cáucaso e as ações da Rússia.
Em novembro passado os russos invadiram a Geórgia, intimidaram presidentes de outros países que foram a Tbilissi manifestar apoio aos georgianos. Alguma coisa foi noticiada. No Brasil, por exemplo, os disparos contra o presidente polaco Lech Kaczyński passou em branco, porque coincidia com visita do presidente da Federação Russa Dymitr Miedwiedwiew ao Rio de Janeiro.
A EuroNews, uma televisão que está presente em quase todos os países europeus com notícias e edições em vários idiomas, colocou no ar uma longa entrevista com a líder das oposições na Geórgia. A deputada e ex-presidente do Parlamento da Geórgia, Nino Burjanadze, distanciou-se dos manifestantes contrários ao presidente Mikail Saakashvili.
Burdjanadze fundou recentemente o Movimento Democrático para uma Geórgia Unida, um movimento da ala direita moderada, inspirada em Margaret Thatcher. Segundo a georgiana a democracia em seu país ainda corre sérios riscos, "digamos que o nível de democracia do nosso país não é satisfatório. Claro que a Geórgia é um país mais democrático do que outras ex-repúblicas soviéticas. Não quero fazer comparações entre o nível da democracia na Geórgia com outros países ex-soviéticos. Quero compará-lo com o de países bálticos, com o da Polônia, República Tcheca e outros, que têm uma democracia sólida." Sobre o presidente Mikail, a deputada lembra que ele foi reeleito triunfalmente em maio de 2008 e que, "o presidente goza de uma popularidade ainda forte, apesar dos ataques da oposição. Aos olhos dos georgianos ainda é ele quem resiste à Rússia. A dificuldade para a oposição é: Como fazer cair o governo, sem fazer o jogo de Moscou".
Burjanadze entende que o povo de seu país está unidos contra o que ela chama de agressão russa e, "as pessoas estão unidas e apoiaram o presidente quando a Rússia tentou mudar o regime, porque não cabia a Moscou decidir quem deve presidir ao nosso país. Só os georgianso devem decidir quem fala em seu nome. Isso não cabe decidir nem à Rússia nem a mais ninguém."
No caso da Abcásia e da Ossétia do Sul, Nino Burjanadze, acredita numa armadilha preparada por Moscou e Tbilissi não a soube evitar, "A Rússia criou todas as situações de provocação e era visível que queria provocar a Geórgia. Só fomos perceber, isto mais tarde, quando Vladimir Putin, presidente nesse momento, assinou a declaração de relações diretas com a Abcásia e a Ossétia do Sul, um documento completamente ilegal, claro. Era evidente que a Rússia queria provocar uma crise com a Abcásia mas, felizmente, pudemos evitar a crise naquele momento."
Nino Burjanadze acusa a Rússia e crítica a ONU e outros países ao dizer que "A Rússia enviou o exército contra um país soberano, violando as fronteiras de um país soberano. Desprezou a soberania e integridade territoriais de um país membro das Nações Unidas. E ainda que a Rússia quisesse proteger os ossetas, ainda que a Rússia quisesse respeitar as suas obrigações enquanto força de manutenção de paz, poderia ter apelado à ONU, ela não tinha o direito de agir sozinha." E finalmente ela acredita que as agressões ao seu país, a tentativa de o desintegrar reconhecendo a independência de suas províncias Abcásia e a Ossétia do Sul, só vão ter um fim quando os russos respeitarem o que eles próprios assinam em fóruns internacionais, "Não penso que o isolamento total da Rússia produza resultados positivos, não sou favorável e não sou favorável à criação de uma nova Cortina de Ferro entre a Rússia e o resto do mundo. Mas é lógico, para ser totalmente honesta, que esperávamos uma reação mais forte e dura dos demais países, porque é evidente que a Rússia foi culpada ao organizar a agressão contra a Geórgia. É importante conseguir que a Rússia participe nas negociações internacionais e não bloqueie as discussões."