quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Presidentes se encontram na Polônia

Castelo presidencial da Polônia em Wisła

O presidente Lech Kaczyński se encontra, nesta quarta-feira, com o presidente da Ucrânia Viktor Yuschenko, na pequena cidade de Wisła (pronuncia-se vissua, em português vístula), no sul da Polônia, para discutir a dusputa do gás entre Kiev e Moscou, interrompeu o suprimento de gás para a Europa.
Os presidentes terão conversa em privado, enquanto as delegações dos dois países discutem a situação em plenário. Yuschenko deverá falar sobre o que está em jogo nesta disputa de preços e uso do território de seu país para os gasodutos que exportam gás da Rússia para a Europa.
Segundo um dos conselheiros do presidente da Polônia, ministro de gabinete Mariusz Handzlik, o presidente polaco desde o início da crise tem demonstrado ao presidente do país vizinho seu apoio. Handzlik disse que Lech Kaczyński entende o problema das negociações com a Russia e que deseja que a solução saia o mias breve possível e que se coloca a disposição para dar um encaminhamento satisfatório para todas as partes.
Wisła de 11 mil habitantes está localizada nas montanhas Beskidy da Silésia a poucos quilômetros com a fronteira da República Tcheca, cujo presidente é atualmente o presidente de turno da União Europeia. As nascentes do maior rio da Polônia, o Wisła (Vístula) está localizado na montanha que circunda a cidade.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Silésia é a melhor região polaca

A principal machete do jornal Rzeczpospolita, desta terça-feira, 13 de janeiro de 2009 é: "Silésia lidera melhores condições de vida".
A reportagem extensa da capa e página interna baseia-se em pesquisa ecomendada pelo jornal e revela que a Silésia, dentro dos índices estudos, é a melhor região da Polônia para se viver. As condições de trabalho, moradia, investimentos e oportunidades de Katowice - maior área metropolitana da Polônia - com mais de 3,5 milhões de habitantes supera a capital a Mazóvia da capital Varsóvia e a GrandePolônia de Poznaż.
No final de novembro do ano que passou, o salário médio na Silésia foi de 3.911 złotych, ou 76 złotych menos do que na Mazóvia. Mas por sua vez tem o segundo menor índice de desemprego do país com 6,7 e o que mais rapidamente caiu.
Mas se os índices estão assim tão próximos da Mazóvia, o que torna a Silésia melhor do que a outra? Simplesmente os preços das coisas e volumes de investimento. Com salário quase igual a Varsóvia, o morador de Katowice paga muito menos para comer, viver e se divertir. 
Estatísticamente se Silésia, Mazóvia e WielkoPoslka (Grande Polônia) são as melhores regiões do país, as voivodias de Warmińsko-mazurski, Zachodny-pomorski, Podkarpacki e Kujawsko-pomorskim são as piores. Nestas regiões é bastante difícil se encontrar trabalho. A voivodia de Zachodny-pomorski e sua capital Szczeciń, em que pese estarem próximas a região de Berlim na Alemanha, tem 12,7% de desemprego e um salário médio de 2.857 złotych,
A MałoPolska (PequenaPolônia) e sua capital Cracóvia, está na segunda posição, pois o índice de desemprego é de 7,2% e a média salarial é de 2.983 złotych.

Malbork: descoberta vala com 1800 corpos

Foto: Adam Bielan
Uma vala comum com cerca de 1.800 corpos foi encontrada por operários da construção de um hotel de luxo em Malbork, cidade ao Norte da Polônia. Pelos exames iniciais acredita-se que sejam alemães que se recusaram a deixar a cidade quando do avanço do exército soviético em 1945. Até a guerra a cidade tinha sido ocupada durante 150 anos, inicialmente pelos prussos e depois pelos alemães e com polacos subjugados.
Os trabalhadores encontraram um pequeno grupo de corpos no final de outubro e suspenderam as escavações para permitir que investigações fossem feitas. Semanas mais tarde, foram encontrados centenas de corpos. 
Para Waldemar Zduniak, chefe da equipe da Promotoria Regional de Malbork, "provavelmente ainda vamos encontrar muitos mais corpos nesta cratera que se abriu no centro da cidade. A exumação em curso vai mostrar isso".
Bernard Jesionowski do Museu do Castelo de Malbork acredita que os corpos encontrados são de moradores civis da cidade, em sua maioria de cidadania alemã. Já para o funcionário da prefeitura, Piotr Szwedowski, "Não há dúvidas de que são eles os alemães desaparecidos de Malbork".  Mas só os exames dos peritos poderão determinar se realmente eram apenas alemães. No caos da guerra muitos polacos foram assassinados não só pelos nazistas mas também pelos soviéticos. "Penso, que se procurarmos debaixo da terra de toda cidade, encontrar-se-a muitos mais corpors". Disse o funcionário do Museu Bernard Jesionowski.
Aliás, os soviéticos bombardearam a cidade com artilharia pesada. Depois que o derrotado Exército alemão recuou, os civis remanescentes ficaram entregues ao Exército Vermelho. "Não há testemunhas sobreviventes do que aconteceu", disse Szwedowski. Os corpos foram enterrados nus, sem quaisquer pertences, disse ele. "Não encontramos restos de roupas, sapatos, cintos, óculos, nem mesmo dentaduras ou dentes postiços". Cerca de 100 crânios apresentam buracos, o que sugere que essas pessoas tenham sido executadas. Mais exames serão feitos antes que os restos mortais sejam depositados no cemitério de Malbork, ou então no cemitério militar alemão em Stary Czarnow, próximo a cidade de Szczecin, noroeste da Polônia. "Estas pessoas morreram de forma tão desumana, foram jogadas tão desumanamente, que precisamos enterrá-las com dignidade e respeito", disse Szwedowski.


Remodelação no centro da velha cidade

P.S. A notícia que ganhou os jornais do mundo todo no dia de ontem foi destaque nos jornais polacos na semana passada, dia 6 de janeiro. E só distribuída mundialmente pela agência de notícias norte-americana Associated Press no domingo e ontem foi estampada nos jornais de vários países. Além de notícia velha, percebe-se no texto reproduzido em inglês, alemão, espanhol e até mesmo português, uma subliminar noção de que aquela cidade pertenceu a Alemanha antes da Segunda Guerra Mundial. Não foi o caso dos jornais polacos, pois aquelas terras nunca pertenceram à Alemanha. Não é porque prussos e depois alemães invadiram, trucidaram e ocuparam aquele lugar, que por encanto ele passou a ser alemão. Malbork é Polônia e sempre foi.

Católicos mais próximos dos judeus

Foto: Regierung Gonline/Kugler 

Um série de eventos está acontecendo esta semana para comemorarar o "Dia do Judaísmo" na Polônia. Conferências, encontros, exposições, exibições artísticas, cultos ecumênicos terão seu ápice com a missa no dia 17 janeiro, sábado próximo em Varsóvia, que será celebrada por todas as igrejas católicas da cidade próximo a Sinagoga Nozyk.
Esta é a décima-segunda vez que o "Dia do Judaísmo" é comemorado conjuntamente pela Igreja Católica Apostólica da Polônia e o rabinato polaco. O tema deste ano foi extraído do Livro do Gênesis onde está escrito: "Eu fixei meu arco nas nuvens e este deverá ser um sinal de pacto entre mim e a terra."
O "Dia do Judaísmo" foi estabelecido em 1997, na Conferência do Episcopado Polaco baseado na necessidade do diálogo Cristão-Judeu para se refletir sobre as faltas de cada um. Segundo Stanislaw Krajewski, um dos representantes da comunidade judaica nas questões Judaica-Cristã, sete mil igrejas católicas do país receberam material e instruções sobre como preparar este dia. Os padres receberam junto modelos de sermões que poderão ser dito nas missas. "Esta é mais uma oportunidade para se saber da nossa sensibilidade, para se saber mais sobre antissemitismo, especiamente na Polônia."

A Geórgia e o temor da Rússia

Nino Burjanadze, a mulher que pode ser a próxima presidente da Geórgia

A imprensa mundial, dependendo das pautas e direciionamento da informação das grandes agências noticiosas, como Reuters, AP, UPI, FrancePress e redes de TV como BBC e CNN, vivem do factual. Mas também é verdade que ninguém aguenta mais esta proteção e exposição diária, semanal, anual das coisas de Israel. Parece que o planeta está a pagar constantemente pelos horrores que os alemães cometeram contra o povo judeu de nacionalidades europeias na segunda guerra mundial. Enquanto isto países e questões tão ou mais importantes do que essa cobertura das atrocidades israelenses em Gaza contra inocentes palestinos deixam de ser noticiadas. Mas não é porque a Reuteus e a CNN não noticiam que as coisas não estejam acontecendo. A vida e as nações seguem seu destino apesar das vontades editoriais das agências de notícias.
Uma região que não recebe o mesmo tratamento notícioso está a passar por momentos delicados e recebe pouca atenção dos editores chefes da notícia internacional. Esta região é o cáucaso e as ações da Rússia.
Em novembro passado os russos invadiram a Geórgia, intimidaram presidentes de outros países que foram a Tbilissi manifestar apoio aos georgianos. Alguma coisa foi noticiada. No Brasil, por exemplo, os disparos contra o presidente polaco Lech Kaczyński passou em branco, porque coincidia com visita do presidente da Federação Russa Dymitr Miedwiedwiew ao Rio de Janeiro.
A EuroNews, uma televisão que está presente em quase todos os países europeus com notícias e edições em vários idiomas, colocou no ar uma longa entrevista com a líder das oposições na Geórgia. A deputada e ex-presidente do Parlamento da Geórgia, Nino Burjanadze, distanciou-se dos manifestantes contrários ao presidente Mikail Saakashvili.
Burdjanadze fundou recentemente o Movimento Democrático para uma Geórgia Unida, um movimento da ala direita moderada, inspirada em Margaret Thatcher. Segundo a georgiana a democracia em seu país ainda corre sérios riscos, "digamos que o nível de democracia do nosso país não é satisfatório. Claro que a Geórgia é um país mais democrático do que outras ex-repúblicas soviéticas. Não quero fazer comparações entre o nível da democracia na Geórgia com outros países ex-soviéticos. Quero compará-lo com o de países bálticos, com o da Polônia, República Tcheca e outros, que têm uma democracia sólida." Sobre o presidente Mikail, a deputada lembra que ele foi reeleito triunfalmente em maio de 2008 e que, "o presidente goza de uma popularidade ainda forte, apesar dos ataques da oposição. Aos olhos dos georgianos ainda é ele quem resiste à Rússia. A dificuldade para a oposição é: Como fazer cair o governo, sem fazer o jogo de Moscou". 
Burjanadze entende que o povo de seu país está unidos contra o que ela chama de agressão russa e, "as pessoas estão unidas e apoiaram o presidente quando a Rússia tentou mudar o regime, porque não cabia a Moscou decidir quem deve presidir ao nosso país. Só os georgianso devem decidir quem fala em seu nome. Isso não cabe decidir nem à Rússia nem a mais ninguém."
No caso da Abcásia e da Ossétia do Sul, Nino Burjanadze, acredita numa armadilha preparada por Moscou e Tbilissi não a soube evitar, "A Rússia criou todas as situações de provocação e era visível que queria provocar a Geórgia. Só fomos perceber, isto mais tarde, quando Vladimir Putin, presidente nesse momento, assinou a declaração de relações diretas com a Abcásia e a Ossétia do Sul, um documento completamente ilegal, claro. Era evidente que a Rússia queria provocar uma crise com a Abcásia mas, felizmente, pudemos evitar a crise naquele momento." 
Nino Burjanadze acusa a Rússia e crítica a ONU e outros países ao dizer que "A Rússia enviou o exército contra um país soberano, violando as fronteiras de um país soberano. Desprezou a soberania e integridade territoriais de um país membro das Nações Unidas. E ainda que a Rússia quisesse proteger os ossetas, ainda que a Rússia quisesse respeitar as suas obrigações enquanto força de manutenção de paz, poderia ter apelado à ONU, ela não tinha o direito de agir sozinha." E finalmente ela acredita que as agressões ao seu país, a tentativa de o desintegrar reconhecendo a independência de suas províncias Abcásia e a Ossétia do Sul, só vão ter um fim quando os russos respeitarem o que eles próprios assinam em fóruns internacionais, "Não penso que o isolamento total da Rússia produza resultados positivos, não sou favorável e não sou favorável à criação de uma nova Cortina de Ferro entre a Rússia e o resto do mundo. Mas é lógico, para ser totalmente honesta, que esperávamos uma reação mais forte e dura dos demais países, porque é evidente que a Rússia foi culpada ao organizar a agressão contra a Geórgia. É importante conseguir que a Rússia participe nas negociações internacionais e não bloqueie as discussões."

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Versos contra atrocidades

Os acontecimentos na Faixa de Gaza têm indignado os quatro cantos do mundo. Muitos se perguntam: como um povo que sofreu os horrores maiores da humanidade, passados sessenta anos da última catástrofe podem repetir as ações de seus algoses contra outro povo. Os descendentes daqueles que sofreram com os alemães e Hitler, estão fazendo o mesmo agora com os palestinos.
Há tempos venho tentando colocar no blog arquivos de som, com entrevistas, narrações, músicas, mas o serviço ainda não permite colocar diretamente som neste espaço para que seja ouvido. Mas existem outras formas e foi esta a que descobri, (clique no link do título da poesia para ouvir) . Como experiência desta primeira tentativa de apresentar áudio no blog aqui está meu protesto contra a matança de crianças e inocentes palestinos, com a declamação do poema "Versos Íntimos" do poeta Augusto dos Anjos,





Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!

Israel passou dos limites

O jornalista brasileiro Mário Augusto Jakobskind, descendente de polacos judeus, que sofreram os horrores alemães em solo da Polônia durante a Segunda Guerra Mundial, publica nesta semana no site "Direto da Redação" de Eliakim Araújo e Leila Cordeiro, artigo onde se posiciona frontalmente com as atrocidades que o governo de Israel está cometendo contra os palestinos. Este é o artigo:

Crianças palestinas observam estragos causados por ataques à escola da ONU em Gaza. Foto: Reuters.

A barbárie que Israel vem cometendo na Faixa de Gaza precisa ter uma pronta resposta da comunidade internacional. A partir de agora, não bastam apenas notas oficiais que não produzem efeitos. Pressionado, Israel comprometeu-se a interromper os bombardeios por três horas diárias, para permitir a entrada de comboios com ajuda humanitária. Nem isso foi cumprido, segundo a própria ONU, que acusou os militares israelenses de atacarem um dos comboios resultando na morte de dois motoristas. Israel nega, mas já negou outras vezes violações dos direitos humanos contra palestinos.

E quais poderiam ser as respostas da comunidade internacional à barbárie israelense? O Mercosul firmou recentemente um acordo comercial com Israel, então por que não suspendê-lo? O governo da República Bolivariana da Venezuela expulsou os representantes diplomáticos e está rompendo as relações com Israel. O chanceler Celso Amorim está percorrendo a região oferecendo o Brasil como mediador entre palestinos e israelenses.

Cada governo com seu estilo. O que não é mais possível é o mundo assistir impassível o que está acontecendo. Na época do apartheid da então racista África do Sul, a comunidade internacional reagiu de forma concreta, sancionando o odioso regime e apressando o seu fim. A pá de cal foi a batalha de Cuito Canavale, quando angolanos e cubanos derrotaram um dos mais poderosos exércitos do mundo, o sul-africano.

Na verdade, mais de 60 anos depois do fim do pesadelo do III Reich, o Ocidente continua respaldando Israel em tudo, numa espécie de complexo de culpa pelo que aconteceu com os judeus naquele período. Certamente o que aconteceu não pode ser esquecido ou ignorado, como querem os revisionistas neonazistas da atualidade, mas daí a aceitar passivamente que os descendentes das vítimas do holocausto vistam a camisa do opressor nazista e repitam os crimes contra a humanidade, desta vez contra um povo sem pátria e vivendo em condições sub humanas, como os palestinos, vai uma grande diferença. Isso envergonha o gênero humano.

Antes que alguém conteste ou critique o jornalista, informo que o autor destas linhas teve familiares assassinados pela barbárie nazista e quer ficar bem com a sua consciência não silenciando diante da repetição de outras barbáries em cenários diferentes.

E nesta guerra desproporcional, civis são os que mais sofrem. O bombardeio israelense de escolas mantidas pela Organização das Nações Unidas em campos de refugiados palestinos de Gaza é, de fato, um crime contra a humanidade. Deve ser apurado com o máximo rigor. Representantes da ONU garantem que Israel tinha sido avisado sobre o perigo que acarretaria uma incursão naquela área e que por lá não havia combatentes do Hamas. Israel justificou o ataque sangrento afirmando que de lá partiam ataques de militantes do Hamas. Será que representantes da ONU fariam tão grave acusação se não tivessem certeza?

O cessar-fogo da ONU não resultou em nada. Israel e Hamas com seus foguetes artesanais ignoraram a resolução aprovada com a abstenção dos Estados Unidos.

Diante deste quadro tenebroso, uma comissão internacional deveria ser formada imediatamente para apurar o que acontece em Gaza. Os responsáveis por este crime contra a humanidade deveriam então ser submetidos a um tribunal internacional. Crimes contra a humanidade não investigados com rigor e mantidos impunes geram mais violência contra seres humanos.

Depois da II Guerra Mundial, os nazistas responsáveis por crimes contra a humanidade foram julgados no Tribunal de Nurenberg e devidamente condenados. Nos dias de hoje existe um Tribunal Penal Internacional para julgar violações dos direitos humanos e crimes de guerra.

O premier Ehud Olmert, a Ministra do Exterior, Tzipi Livni, o Ministro da Defesa Ehud Barak e demais integrantes do governo israelense que deram o sinal verde para os ataques desproporcionais devem responder pelos crimes que estão sendo cometidos contra os palestinos.




Mário Augusto Jakobskind é correspondente no Rio de Janeiro do semanário uruguaio "Brecha". Foi colaborador do "Pasquim", repórter da Folha de São Paulo e editor internacional da Tribuna da Imprensa. É autor do livro, "Dossiê Tim Lopes".

Gás: nada para a Polônia

A machete principal do jornal Gazeta Wyborcza desta segunda-feira, 12 de janeiro de 2009, é: "Sobre o gás sem polacos". 
A reportagem fala sobre as negociações entre a Rússia-Ucrânia-República Tcheca e União Europeia. A Rússia teria vetado qualquer participação de representantes polacos na comissão da UE que negocia o gás russo e se encerre o conflito. Como se sabe o gasoduto russo para países como Alemanha, França e Itália, passam pela Ucrânia. Esta além de um preço menor ainda recebe pelo trânsito do gás em seu território. A Rússia de uma hora para outra resolveu aumentar o que cobra da Ucrânia, esta não tem como pagar o preço pedido. A Rússia então fechou o escoamento do gás e acusou a Ucrânia de roubar gás do gasoduto e estocar em armazéns subterrâneos da zona rural. A  Ucrânia nega. Mas depois de mais de uma semana de negociações teriam sido assinados protocolos de um acordo para regularizar a situação neste fim-de-semana.

Variação da temperatura é terrível

Para se ter uma idéia de como a temperatura nestes dias de inverno polaco mudam radicalmente durante o dia, o gráfico abaixo, mostra, para esta segunda-feira, dia 12 de janeiro de 2009, que em Cracóvia, às sete da manhã estava 15 graus negativos, sob para 4 negativos e vai variando ao logo do dia.

Orquestra Ra´anana está na Polônia



A Ra’anana Symphony Orchestra de Israel começou uma "tournèe" pela Polônia em tributo a Irena Sendlerowa, a polaca que salvou 2.500 crianças polacas-judias durante a segunda guerra mundial.
O ponto alto das apresentações, que tem no roteiro as cidades de Poznan, Gniezno, Konin, Kalisz, Leszno e Pila, será uma composição do isralense Kobi Oshrat, entitulada "Canção de Irena – um raio de luz na escuridão (Irena´song - a Ray of Light through the Darkness) para orquestra, voz e violino.
A excursão faz parte de um projeto educacional, que envolve 2.500 estudantes de segundo grau de Israel. Todos escreveram uma carta para Irena Sendlerowa como um gesto simbólico. Todas foram colocadas em jarros, igual aquele em que Irena colocava pepelzinho com o nome da criança salvada, para que eles ao fim da guerra pudessem se reunir às suas famílias.
Os jarros dos estudantes israelenses serão presenteados a personalidade da Polônia e Israel. Todas as cartas foram colocadas dentro de envelopes especialmente produzidos. As autoridades filatélicas de Israel emitiram para a ocasião dois selos, criados pelo artista polaco Rafał Olbinski (famoso pelos seus posters). 
Irena Sendlerowa morreu em maio de 2008 aos 98 anos de idade. Entre suas várias destinções se inclui a cidadania honorária do Estado de Israel.

domingo, 11 de janeiro de 2009

Sikora é líder do mundial

Foto: Hannibal Hanschke

O polaco Tomasz Sikora ficou em terceiro lugar no "esqui nórdico" e somou pontos na prova deste fim de semana, em Oberhof, na Alemanha, pelo Campeonato Mundial de Biatlo (campeonato de esqui nórdico e tiro). Os pontos deram a primeira posição na classificação geral do campeonato. O ganhador da prova foi o russo Maxim Czudow, seguido do alemão Michael Roesch. O então líder da classificação Emil Svendsen ficou apenas em 21 primeiro na prova.
Tomasz Wacław Sikora, nasceu em 21 de dezembro de 1973 em Wodzisław Śląski. Já foi campeão mundial 1995, o melhor corredor do campeonato de 2004 e medalha de bronze em 1997 (competição por equipe). Em 25 de fevereiro de 2006 ficou em segundo lugar nos 15km de prova do Jogos Olimpicos de Inverno realizados em Turim e ganhou a inédita medalha de prata para a Polônia neste esporte. Em marco de 2006, Sikora venceu o IBU World Cup, batendo Ole Einar Bjørndalen em cinco 5 pontos.

Foto: Hannibal Hanschke

O biatlo envolve dois esportes, esqui nórdico e o tiro. Tem provas intercaladas durante toda a prova. A corrida de esqui tem em determinados pontos do trajeto paradas para que os concorrentes disparem com espingarda sobre um alvo estático. Cada tiro fora do alvo é penalizado com uma distância adicional de corrida no esqui, ou então, adicionando tempo ao total da prova. Ganha quem termine a prova com menos tempo. O biatlo surgiu na na Noruega como treinamento de soldados. O primeiro campeonato mundial foi realizado em 1957. Três anos mais tarde, a modalidade foi incluída no programa dos Jogos Olímpicos de Inverno.

Morreu a polaca general


Prof. Elżbieta Zawacka - Foto: Robert Górecki / AG

Em Toruń, morreu a legendária carteira do Principal Comando das Armas do País (Armia Krajowa). Única mulher conhecida no meio como a famosa "Cichociemnych" (algo como escuro silêncio) e segunda polaca na história das forças armadas da Polônia a ser promovida ao grau de general de brigada.
A centenária Elżbieta Zawacka iria completar 100 anos de idade em março próximo. Durante a Segunda Guerra Mundial ela foi carteira, depois apenas a mulher "Cichociemnych".
John Nowak Jezioranski escreveu sobre "Zo" na publicação "Kurierze z Warszawy": - "Mesmo para a conspiracy, quando reinava o anonimato, "Zo" se tornou uma lenda. Perdeu a família Já nasceu como um ser humano, forte, mais exigente que os demais, mas muito mais consigo mesma. Sua devoção beirava o fanatismo. ( ) Foi austera, séria, um pouco grosseira e muito concreta".
Zawacka há 19 anos atrás foi condecorada com a Cruz de Oficial da Ordem do Renascimento da Polônia e, em 2006, foi promovida a general de brigada do Exército da Polônia e igualmente honorável cidadã de Toruń, a mesma cidade onde nasceu o astrônomo Nicolau Copérnico.

Warta: O terceiro maior rio da Polônia

O rio Warta quando passa no distrito de Warta

No Norte do Paraná, uma cidade homenageia um rio e uma localidade da Polônia. Warta (pronuncia-se várta e em português significa sentinela, não confundir com Warto, que traduzindo significa vale a pena) é um principais rio da Polônia em seus 808 km de extensão. Como corre em região de planície possui uma lenta vazão para um rio de seu tamanho, apenas 195 metros cúbicos por segundo.
O Warta banha várias localidades e cidades desde que nasce Kromołów, próximo a Częstochowa e deságua no Rio Odra, em Kostrzyn nad Odrą.
Estas são as localidades e cidades banhadas pelo terceiro maior rio da Polonia: Zawiercie, Myszków, Częstochowa, Działoszyn, Sieradz, Warta, Uniejów, Koło, Konin, Pyzdry, Śrem, Mosina, Puszczykowo, Luboń, Poznań, Murowana Goślina, Oborniki, Obrzycko, Wronki, Sieraków, Międzychód, Skwierzyna, Gorzów Wielkopolski e Kostrzyn nad Odrą.

sábado, 10 de janeiro de 2009

Sobieski: viemos, vimos e Deus venceu

Quadro de Jan Matejko, onde o rei Sobieski envia mensagem de vitória ao Papa

O grande imperador romano Julio Cesar quando, em 47 a.C., chegou a Ásia e conquistou rápida vitória sobre Farnaces, rei do Ponto, disse uma de suas frases célebres, "Veni, vidi, vinci"  (Vim, vi, venci).
Já, o grande rei polaco Jan III Sobieski, quando em 12 de setembro de 1683, salvou a Europa de invasão pelo Império turco Otomado, na famosa batalha de Viena, enviou mensagem ao Papa Inocêncio XI, repetindo a frase de Cesar, mas conferindo a vitória, não a ele, mas a Deus: "Venimus, Vidimus et Deus vicit" - "Viemos, vimos, e Deus venceu".
Sensibilizado, o Papa desejando homenagear Maria, estendeu a festa do Santíssimo Nome de Maria que já era comemorado em 12 de setembro no calendário litúrgico da Igreja Católica,  para toda a igreja. Assim o Dia do Santíssimo Nome de Maria é em comemoração à vitória polaca nesta batalha da Europa cristã sobre as forças muçulmanas do Império Otomano.
Antes da batalha o rei Jan III Sobieski já havia colocado seus hussardos alados (legião de soldados polacos mais poderosa da história mundial) sob a proteção da Virgem Maria, quando antes de partir para a Áustria foi ao santuário de Częstochowa com este sentido de humildade perante a mãe de Cristo.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

"Meu Paraná" na Polônia

Nas duas últimas semanas de 2008, esteve na Polônia, uma excursão organizada por André Hamerski, de Nova Prata -RS, com paranaenses, catarinenses e gaúchos descendentes de polacos para ver de perto como ainda é comemorado o natal na Polônia.
Acompanhando o grupo, a também descendente de polacos, repórter Adriana Milczevsky-Rendak, da Rede Paranaense de Televisão, coligada da Rede Globo, no Paraná.
O grupo antes de seguir para a fria Zakopane, passou por Cracóvia algumas horas. Adriana aproveitou então para fazer uma entrevista comigo. O resultado da entrevista e da excursão dos brasileiros pela Polônia está no programa especial "Meu Paraná", que vai ao ar, neste sábado, às 11:40 da manhã. 
Mas hoje, no telejornal "Bom dia Paraná", transmitido para as repetidoras da TV Globo no Estado, foi apresentada uma "reportagem-chamada". E nela já tem minha participação. Acompanhe no video:

Niewolnica Izaura na Tv Silésia

Atendendo sugestão de um dos leitores do Blog em Portugal, Sérgio Luiz, corrigimos a informação de que estaria sendo apresentado em televisões da Polônia apenas a novela da Band,  "Dance, dance,dance", pela TVPuls.
A histórica "Escrava Isaura" de 1976, apresentada na Polônia pela primeira vez em 1984 e muitas vezes repetida, está mais uma vez sendo apresentada aqui, só que desta vez na televisão regional TV Silésia, (http://www.tvs.pl/) e com uma novidade para os padrões polacos. Ao invés do locutor único (Lektor) para todos os personagens, esta versão de "Niewolnica Izaura" é dublada por várias vozes em idioma śląski, ou silesiano (uma vertente do idioma polaco). Aqui um trecho da novela com Lúcelia Santos e o falecido Ruben de Falco.
É comum, em encontros com polacos, ao me apresentar como brasileiro, a pessoa imediatamente dzer: niewolnica Izaura. O sucesso da novela foi tanto durante o período comunista, apesar das críticas desfavoráveis dos jornais, que diziam ser um "produto classe B", em poucas semanas de exibição Isaura atingiu 84% de audiência, um recorde nunca superado. Naqueles meses de exibição (a versão exportada tinha apenas 40 capítulos dos 100 originais) 38 pessoas ganharam o nome Izaura e nenhum Leôncio, ou Leonciusz. O sucesso foi tanto, que em 1985, a atriz Lucélia Santos, obteve permissão do governo comunista e foi ovacionada como grande estrela internacional nas cidades de Varsóvia, Łódź, Skierniewice, Katowice, Sosnowiec e Cracpovia.  

Prefeitos: emigrantes voltem para a Polônia.

Missões de cidades buscam atrair as polacas emigradas na Inglaterra.

Uma missão da cidade de Szczecin viaja, nesta sexta-feira, para a Grã-Bretanha com o objetivo de conquistar emigrantes polacos que vivem lá. O prefeito Piotr Krzystek quer aproveitar o fim-de-semana para conversar com polacos que se encontram trabalhando na terra da rainha Elizabeth II. O prefeito quer atrair estes trabalhadores para sua cidade.  Segundo o prefeito "está mais do que na hora dos polacos voltarem para casa" e está oferecendo emprego em algumas empresas como a TietoEnator, que está precisando de 300 pessoas e o banco UniCredit que vai contratar 450 pessoas. Além disso, a própria prefeitura desburocratizou a abertura de novas firmas. Assim é possível registrar a própria empresa em poucas horas e com uma série de incentivos da prefeitura, desde que seja polaco e emigrante.
Calcula-se que desde 2004, quando a Polônia entrou na União Européia, mais de 2,5 milhões de polacos, em sua maioria jovens formados com o diploma de mestres na mão, emigraram para as Ilhas Britânicas. Mas o que era bom começou a ficar ruim. A libra esterlina que valia mais de 6 zł. agora está pouco mais de 4 zł. O trabalho que era bastante e atraente,  já não existe mais. A crise mundial desencadeada pelos inconsequentes agentes imobiliários Norte-americanos está afetando a economia da Casa de Windsor.
A Polônia, ao contrário, com investimentos privados em ascensão e muito crédito da União Europeia para financiar a infraestrutura do país está precisando de mão-de-obra.  A grande questão dos emigrandos é para onde voltar na Polônia, pois algumas regiões estão recebendo mais crédito e investimentos que outras. Por exemplo: Varsóvia, Cracóvia, Poznań e principalmente Wrocław estão concentrando a abertura de fábricas, empresas de "out-sourcing" e grandes "shopping centers".  A região Leste, por sua vez, com Lublin, Białystok, Suwalki, Rzeszów e Przemisł continuam batendo a porta de todo mundo pedindo investimento e infraestrutura. 
Em função disso, até o fim de 2009, uma vez por mês, missões de 12 cidades polacas, estarão na Inglaterra, Irlanda e Escócia oferecendo empregos, aluguéis mais baixos, facilidades de compras em imóveis e outros benefícios. São elas: Szczecin, Poznań, Katowice, Bydgoszcz, Varsóvia, Lublin, Gdańsk, Białystok, Łódź, Cracóvia, Rzeszów e Wrocław.
É preciso que fique bem claro, a oferta de trabalho é para os polacos que emigraram e não para estrangeiros que desejam imigrar para a Polônia. 
Tanto isso é verdade, que a Dell, segunda maior fabricante mundial de computadores, anunciou nesta sexta-feira, está transferindo a base de sua produção européia da Irlanda para a Polônia e cortando entre 1,9 mil e 3 mil postos de trabalho na unidade de Limerick.
Mas ela só está vindo para a cidade de Łódź, por causa dos custos mais baixos de mão-de-obra na Polônia. Muitos destes que estão perdendo o emprego na Dell irlandesa são polacos, que entretanto, dizem não voltarão para Polônia, pois os salários ainda são muito baixos, comparados com o que estavam ganhando na Irlanda. Economistas irlandeses projetam que o desemprego supere os 10% até o final deste ano, o maior índice em mais de uma década, na Irlanda.

Conflito do gás ainda sem acordo

A manchete principal do jornal Gazeta Wyborcza desta sexta-feira, dia 9 de janeiro de 2009 é:
Gás não, porque não! (A palavra Niet está grafada em alfabeto latino mas é russa).

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Noite gelada no Przegorzały

Com a neve caindo continuamente e a temperatura caindo cada vez mais na madrugada, dar um passeio à noite é condenar-se a congelar. Nos últimos dias morreram quase uma dezena de pessoas na Polônia, em sua maioria pessoas "sem-teto", que dormem em abrigos de associações de caridade, ou nas estações de trem. A sequência de fotos é do Przegorzały, às 23:30 da quarta-feira, local onde moro em Cracóvia.

Subida da montanha a pé. Foto: Ulisses Iarochinski

Uma árvore iluminada pela luz do poste. Foto: Ulisses Iarochinski

Tronco vestido de branco. Foto: Ulisses Iarochinski

Castelo do Przegorzały por trás da neve que cai. Foto: Ulisses Iarochinski

Reunião informal em Praga

Foto: Ulisses Iarochinski

O Presidente Lech Kaczyński viajou até Praga, na Tcheca, nesta quinta-feira, para reunião informal com os chefes da diplomacia da União Europeia. O presidente polaco foi convidado pelo presidente tcheco Vaclav Klaus. Entre as reuniões Kaczyński se encontra com o primeiro-ministro Mirek Topolanek. O motivo das reuniões é a crise do gás russo. O presidente polaco está convencido de que a União Europeia deve exigir da Rússia uma rápida solução. Os estoques subterrâneos de gás na Polônia estão diminuindo bastante, apesar de importar apenas 6% da Rússia.
Sobre o conflito na Faixa de Gaza, o presidente da Polônia, afirmou que não é "nosso interesse se envolver nisso". Apesar de um encontro informal, o Tratado de Lisboa, rejeitado em referendum na Irlanda e não assinado ainda pela Alemanha e a República Tcheca, é outro tema abordado. Desde o dia primeiro de janeiro, o presidente rotativo da União Europeia é o tcheco Klaus, em substituição a Nicolas Sarkozy da França. Lech Kaczynski, no entanto, não deseja se pronunciar a respeito, já que para ele com o "não" irlandês, o Tratado de Lisboa é questão encerrada.