quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Sławomir Mrożek nie żyje


Com a idade de 83 anos morreu o dramaturgo, escritor e cartunista polaco.
Um dos mais notáveis escritores polacos, autor das histórias satíricas e obras dramáticas.
Sławomir Mrożek estreou como cartunista em 1950.  E já em 1953 publicou uma série de desenhos na revista de cultura "Przekroj". Ao mesmo tempo, publicava a sua primeira coleção de histórias curtas.
Sua primeira peça teatral, o drama "Polícia" foi lançado em 1958, enquanto "Tango", de 1964 finalmente lhe trouxe fama mundial. Mas ainda em 1962, ele foi um dos primeiros quatro vencedores dos prêmios literários Koscielski.
Em 1963, emigrou com sua esposa. Viveu nos Estados Unidos, Alemanha, Itália e México. Em 1980, quando vivia na França, o escritor polaco voltou com sua esposa a Polônia.


Retomou sua carreira no país natal. Estava começando a ganhar um novo impulso, mas a situação política lentamente foi se tornando insuportável para ele. Depois de anos de envolvimento com o socialismo na juventude, Mrożek despediu-se com nojo redobrado. Retirou um novo passaporte para fazer apenas em uma viagem pela Itália. Ninguém dizia que ele não poderia voltar.
Em 1990, ele recebeu a cidadania honorária da Cidade Real de Cracóvia. Em 1996, retornou à Polônia. Em 2002, sobreviveu a um acidente vascular cerebral, o que resultou numa afasia. O que resultou em perda na sua linguagem oral e escrita. Através da terapia, que durou cerca de três anos, recuperou a capacidade de escrever e falar.
Por despacho do presidente Aleksander Kwasniewski, de 11 de Novembro de 1997, em reconhecimento à sua notável contribuição para a cultura nacional, ele foi condecorado com a Cruz de Comandante com Estrela da Ordem de Polonia Restituta.
Uma vez mais, em 6 maio de 2008,  Sławomir Mrożek decidiu novamente   deixar o país "para sempre" e se estabelecer em Nice, no sul da França.
Quando perguntado por que, ele respondeu que precisava de tempo para descansar, e de um clima mais propício.
Em junho deste ano, deu entrevista  ao jornal "Gazeta Wyborcza", onde disse que: "quanto mais tempo você vive, o tempo de espera para o lançamento é menos intenso". 
Na última vez que visitou a Polônia, junho de 2013, Sławomir Mrożek participou da estréia de sua última peça "Carnaval, a primeira esposa de Adão", no Teatro Polaco, em Varsóvia. 

No vídeo mais sobre Sławomir Mrożek 

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Peregrinações na Polônia


Amanhã, 15 de agosto, é o dia mais importante nas celebrações de Jasna Góra, em Częstochowa (pronuncia-se iásna gura, Tchenstorróva), quando se comemora a Assunção da Virgem Maria.
Cerca de 80 mil peregrinos devem se reunir diante da catedral onde está protegida a Czarna Madonna, ou Madona Negra da Polônia - Nossa Senhora de Częstochowa.


Se comparados aos 3,5 milhões de Copacabana podem ser considerados minoria. Mas o número de peregrinos durante todo o ano a esse santuário foi de 3,3 milhões, o que se aproxima da Jornada Mundial da Juventude.
Este número incrível de peregrinos polacos já chegou a 4,5 milhões sete anos atrás, quando da morte do Papa João Paulo II.
Częstochowa talvez não seja tão conhecida mundialmente como as peregrinações ao Vaticano, Fátima, Lourdes ou Medjugorje. Mas tem uma peculiaridade: na Polônia os fiéis chegam todos à pé. Alguns percorrem mais de 700 km, distância entre Jasna Góra e um povoado no Nordeste do País, encravado na fronteira com a Lituânia.
Costumam andar 30 km por dia. Hospedam-se na casa de outros peregrinos, que na manhã seguinte saem para as estradas com seus hóspedes em direção ao santuário polaco.


Um peregrino de Cracóvia costuma levar 4 dias para chegar até às proximidades do altar da Madona. O peregrino de Varsóvia leva 10 dias para percorrer 300 km entre a capital e Częstochowa.
Não bastasse essa viagem programada em todo verão polaco, os padres palotinos organizam peregrinações a outros santuários espalhados pelo mundo....Foi assim mês atrás a Foz do Iguaçu, Curitiba, Aparecida do Norte e Rio de Janeiro.
E claro tudo custa. Mas o dinheiro vem de contribuições, festas, bingos, quermesses. O peregrino polaco nos meses de setembro e outubro vão China para "O encontro de duas grandes tradições do Oriente e do Ocidente", por 15 dias, ao custo 1.600. dólares.
Depois ao Egito "pátria antiga copta", por 9 dias, a 1000. dólares. No final do ano farão uma peregrinação a Nova Zelândia e a Ilhas Fiji (custo da peregrinação de 17 dias por 8500. Dólares).
Um segundo grupo de 40 pessoas irá à Guadalupe, no México por 8 mil dólares). As viagens de peregrinos polacos mais frequentes ocorrem a Jerusalém e Roma...cerca de 80 delas por verão.
De acordo com dados oficiais do Instituto de Estatísticas da Igreja Católica cerca de 200 mil polacos viajam em peregrinação ao exterior por ano.


sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Guia de Cracóvia do Wall Street Journal

Um Guia Rápido dos "hits" de Cracóvia
- George Semler

Cinco coisas únicas e às vezes poética, que você pode fazer em torno do centro cultural da Polônia e em nenhum outro lugar.

A ex-Capital da Polônia e coração perene artístico e intelectual inspirou figuras tão diversas como Nicolau Copérnico, o Papa João Paulo II e ganhador do Prêmio Nobel, a poeta Wisława Szymborska.
Moradia da antiga Universidade Iaguielônica, do Castelo Wawel e da maior praça medieval da Europa, o Rynek Główny, Kraków produz 120 festivais culturais por ano, incluindo a Sacrum Profanum,  festival de música contemporânea, que chega em setembro próximo. Aqui está um punhado de coisas imperdíveis e em torno desta cidade histórica.

1- Confira os instrumentos de Copérnico. Em Cracóvia, o estudioso Mikołaj Koperniko propôs pela primeira vez que o Sol, e não a Terra, era o centro do sistema solar.
A Universidade Iaguielônica publicou seu "Sobre as Revoluções das Esferas Celestes", em 1543 (apesar de ter demorado um século para seus achados ganhar aceitação). A visita ao museu da universidade mostra o astrolábio, um dispositivo do astrônomo usado para medir as posições das estrelas e outros tesouros. Fica na ulica Jagiellonska 15, maius.uj.edu.pl

2 - Conheça um herói polaco da Guerra Revolucionária Americana. Uma caminhada de 30 minutos até o Kopiec Kościuszki, ou Morro Bendito de Bronisław, com vista para o Rio Vístula, está o túmulo memorial de Tadeusz Kościuszko, um engenheiro militar que lutou na primeira guerra da América.
Pós-graduado nas escolas militares polacas e francesas, Kościuszko foi recrutado por Benjamin Franklin, em 1776, e subiu ao posto de general de brigada. Thomas Jefferson o chamou de "o mais puro filho de liberdade que eu já conheci."
Nos EUA, nove monumentos e duas pontes são consagrados ao herói da Polônia na Guerra Revolucionária Americana. Aleja Waszyngtona 1, kopieckosciuszki.pl

3 - Formigueiro dentro da cabeça de uma pessoa. Quando o escultor polaco Igor Mitoraj doou "Eros Bendato",  sua enorme criação em bronze, a Cracóvia em 2005, ele decretou que ela tinha que ser colocado no Rynek.
Apesar dos protestos de historiadores e críticos de arte, as autoridades municipais concordaram, em instalá-lo como uma exposição temporária.
O problema é que "Eros" fez sucesso: Crianças gostam de entrar e sair do crânio cavernoso, enquanto os casais amorosos são surpreendidos lá dentro durante a madrugada. "Eros" parece estar aqui para ficar. Está localizado no canto sudoeste da praça principal da cidade.

4 - Telefone da poeta ganhadora do Prêmio Nobel. Wisława Szymborska, que morreu em fevereiro de 2012, acreditava que as gavetas estavam entre as melhores invenções do mundo. Pois estão sempre cheias de itens que dizem muito sobre humor peculiar do seu proprietário e imaginação. Este ano a "Gaveta Szymborska" está aberta, exibindo uma coleção de quinquilharias da poeta, como colagens, cartões postais, móveis, livros e fotografias peculiares. Um vídeo de sua história de vida e um telefone com 10 números para discagem onde se pode ouvir leituras de Szymborska completam a exposição, prevista para encerrar no final do próximo ano. Dom Szołayski, plac Szczepanski 9, muzeum.krakow.pl 


5 - Explore uma igreja feita de sal. A Mina de Sal de Wieliczka, que se estende por mais de 1.000 metros abaixo da superfície, estava em operação desde o século 13 até 1996. Ela é agora um museu. Paredes, escadas e lustres na capela de Santa Kinga são feitas de sal. Durante o festival de páscoa de música antiga, Misteria Paschalia, concertos são realizados aqui. Na ulica Daniłowicza 10, wieliczka-saltmine.com

6 - Veja a fábrica de Schindler. Fábrica de esmaltados de Oskar Schindler, no coração do gueto onde a comunidade judaica de Cracóvia foi confinada em 1941, foi imortalizada, no filme de 1993, de Steven Spielberg "A Lista de Schindler".
O local agora abriga o Museu de Arte Contemporânea de Cracóvia, um prédio ondulando projetado pelo arquiteto italiano Claudio Nardi. A casa dos escritórios adjacente a Oskar Schindler narra a situação dos judeus de Cracóvia durante a ocupação. MOCAK: ulica Lipowa 4, mocak.com.pl, Oskar Schindler: Lipowa 4, mhk.pl

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Estudar na Polônia não é fácil

Uniwersytet Jagielloński de Cracóvia
Hoje recebi um email de um jovem querendo saber detalhes da vida de estudante e da possibilidade de permanecer na Polônia depois de se formar numa universidade polaca.
Respondi assim a ele: Ganhou a bolsa de quem? Você é descendente de polacos?
Bem, vamos às minhas impressões e comentários:
O ano letivo na Polônia começa dia primeiro de outubro, o que coincide com o outono, a temporada de ventos, do frio e do escurecer mais cedo.
Desde 1971, quando os jovens brasileiros descendentes de imigrantes polacos começaram a ser contemplados com bolsas de estudo do governo da Polônia, até 2002 (ano em que ganhei minha bolsa) o consulado da Polônia em Curitiba enviou 200 destes brasileiros para a Polônia.
Destes, apenas 24 concluíram seus estudos....a maioria retornou dois meses depois de chegar lá, pouco antes do natal.
Por que? Porque as condições climáticas (15 graus negativos em média, nessa época, com o dia escurecendo às 4 da tarde, o não conseguir se comunicar ainda no idioma, praticamente ficar trancado dentro da sala de aula do curso de idioma com outros estudantes estrangeiros e no quarto do "Akademiku" (Casa de Estudante) é muito muito difícil... A depressão ataca fortemente!
Assim, tua disposição de dizer que vai ficar lá para sempre, é no mínimo ousada. Mas você, só recebe visto de estudante com validade de um ano. Para renovar o visto, tem que passar nas disciplinas na universidade; o diretor da faculdade tem que lhe fornecer ano a ano uma declaração de que você realmente está estudando e passou.Isto, para que o visto seja renovado.
Se a bolsa é do governo da Polônia, através do Ministério da Educação, este também precisa ser comunicado de que você passou de ano, pois só assim renovam a bolsa.
A casa de estudante também precisa desta declaração do diretor da faculdade para renovar tua permanência na casa. Para continuar ali, a gerente do "Akademik" fornece declaração de que você realmente reside ali. Com esta "Zaświadczenie" (declaração), pode-se registrar na prefeitura e obter a "Zameldowania" (registro de residência).
Somente com estas declarações todas, o serviço de imigração concede o visto temporário. Quando você se formar....depois de 7 anos (um ano de curso de idioma, cinco anos de graduação e o mestrado) você precisa sair do país....pois o visto não será mais renovado.
Como se vê, não é assim tão fácil permanecer e trabalhar na Polônia.....um país que desde a entrada na União Europeia tem se desenvolvido bastante economicamente. Mas que tem o mais baixo salário entre todos os 28 membros da União.
A Polônia é certamente o único país do mundo (incluindo Cuba) em que o índice de analfabetismo é zero, todos os universitários acabam saindo da universidade com o diploma de mestre. Para se ter uma idéia da importância da educação na Polônia, a rica Holanda tem 17% de analfabetos em sua população.
Assim a mão de obra é altamente qualificada, mas os salários são baixíssimos... O que fazem então, os polacos?
Imigram para a Inglaterra, Irlanda, Alemanha, França... Somente na Grã-Bretanha vivem um milhão e meio de jovens polacos formados... Outros dois milhões, na Alemanha.
ENFIM... NÃO querendo desestimular, não é fácil viver, estudar lá (é a segunda gramática mais difícil do mundo). Aliado a isso, os professores polacos não gostam de estudantes estrangeiros, e de brasileiro.
Respondendo tua questão: não existe nenhum privilégio lá. Essa história de que brasileiro é bem recebido lá fora é balela. Ao contrário, são vistos como gente que não consegue aprender o idioma local, vivem em bandos (ou seja, só tem amizades com outros brasileiros que também não aprendem a língua).
Engenharia elétrica é um campo que tem emprego em qualquer lugar do mundo. Mas dizer que está em alta, na Polônia, é sonhar. Emprego, nessa área lá, só para polaco mesmo.
Mas depois de todas estas dificuldades e você conseguindo se formar, terá então, que revalidar seu diploma numa universidade federal para conseguir trabalho no Brasil... e fica muito caro fazer isso (tem que traduzir todo o conteúdo das disciplinas, em tradutor juramentado, ao custo de 50 reais cada 21 linhas traduzidas).
Por exemplo, fiz mestrado em ciências da cultura, e doutorado em história, nem posso revalidar meu mestrado, pois o curso simplesmente não existe no Brasil.  E por não ter mestrado revalidado, também não posso revalidar meu doutorado em história (este existe no Brasil)... ou seja, estou lascado depois de dois anos de curso de idioma polaco, dois anos de mestrado e 4 anos de doutorado na Polônia. E mais, o Brasil rejeita quem estuda no exterior... a inveja talvez seja uma das causas....sabe se lá! Ainda não entendi, por que preferem um recém formado no Brasil, à um mestre ou doutor formado no exterior.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

O retorno a Treblinka de um sobrevivente

Treblinka foi o quarto campo de extermínio alemão onde prisioneiros, em sua maioria de origem judaica, foram exterminados em câmaras de gás alimentadas por motores a explosão localizado nos arredores da cidade de Treblinka, em Polônia ocupada pelos os alemães.
Vestindo uma boina militar, condecorações e caminhando com uma bengala, o veterano Samuel Willenberg lidera um grupo de visitantes a Treblinka, na região da Mazóvia polaca, onde funcionou um dos mais conhecidos campos de concentração nazista. Em uma parte coberta por floresta hoje, ele para e aponta: "Ali funcionava a plataforma. Todos os trens paravam ali."
Não restou nada em Treblinka que lembre o campo de extermínio onde morreram 87 mil pessoas de origem judaica, a maioria em câmaras de gás. Samuel Willenberg é o último dos sobreviventes de uma revolta de prisioneiros judeus que aconteceu há 70 anos. Ele chegou de trem a Treblinka em outubro de 1942, aos 19 anos, na companhia de outras 6 mil pessoas que foram retiradas do gueto judeu de Opatów.
Na chegada, receberam a ordem para tirar as roupas para um banho coletivo. Na verdade, os banheiros eram câmaras de gás. Enquanto esperava, Samuel Willenberg - que era filho de um pintor - reconheceu um conhecido entre os prisioneiros polacos-judeus, que lhe fez uma recomendação. "Ele disse: 'Diga a eles que você é um tijoleiro''. Em poucos segundos, um oficial da SS entrou perguntando 'Onde está o tijoleiro?'
Eu me levantei e mostrei a ele o avental sujo com a tinta de meu pai, e isso o convenceu. Ele me mandou para as acomodações dos prisioneiros com um chute no traseiro. Uma cidade inteira, três grupos de 20 vagões, foi para a câmara de gás", contou Willenberg. 
 Ele era um dos 750 prisioneiros de origem judaica que trabalharam em Treblinka. Sua função era vasculhar os pertences dos que foram mortos nas câmaras de gás. "Um dia eu estava passeando", diz ele, com a voz embargada. "Naquele dia, eu olhei. Minha irmã menor tinha um casaco que havia ficado pequeno nela. Minha mãe aumentou o tamanho das mangas com um pedaço de veludo verde. Foi assim que eu reconheci (o casaco). Eu ainda consigo vê-lo hoje." 
 Ele interrompe a história e diz que não consegue mais falar. Mas em seguida ele continua. "Foi assim que eu fiquei sabendo que minhas irmãs acabaram em Treblinka. Eu compreendi que eu não tinha mais irmãs. Eu olhei, mas não chorei. Eu não tinha mais lágrimas, apenas ódio." 

Revolta
Um pequeno grupo de prisioneiros planejou uma revolta. Os trens haviam parado de chegar a Treblinka em abril de 1943. O comandante da SS, Heinrich Himmler, visitou o local em março. Pouco depois, vários corpos foram desenterrados, para que fossem empilhados e queimados. Os nazistas tentavam acobertar os seus crimes. As queimas deste tipo continuaram ao longo do verão europeu de 1943. Os trabalhadores sabiam que seriam mortos assim que terminassem a função. No dia 2 de agosto, com uma cópia de uma chave, eles abriram a casa de armas da SS, distribuíram o arsenal entre si e colocaram fogo no campo.
Em meio ao caos da fumaça, tiros e explosões, Samuel Willenberg começou a correr. Ao seu lado, estava um amigo que era pastor protestante, mas de origem judaica, conhecido como "o sacerdote". "O sacerdote e eu começamos a correr, tentando fugir. Eu tinha uma metralhadora. O sacerdote corria ao meu lado, até que foi atingido na perna e caiu. Ele pediu que eu o matasse. Eu disse: 'olhe para trás, para o campo de extermínio, onde sua esposa e seu filho foram mortos' e dei um tiro em sua cabeça"
 Ele conseguiu fugir pulando por cima dos corpos de seus antigos amigos. Menos de 70 prisioneiros conseguiram fugir e sobreviver à guerra. Depois da revolta, os nazistas demoliram o campo, que virou uma fazenda administrada por uma família ucraniana.
Longe do campo, Samuel Willenberg tomou um trem para Varsóvia, onde reencontrou a família. "Eu abri a porta para minha mãe. Você não consegue imaginar o que é voltar do inferno e ver sua mãe e seu pai. A primeira coisa que me perguntaram, depois, foi: 'Talvez você tenha visto (suas irmãs) Itta e Tamara?' Eu nunca consegui contar para eles que tinha visto suas roupas". Willenberg juntou-se ao Exército secreto polaco e lutou contra os alemães em agosto de 1944. Depois da guerra, casou-se e migrou para Israel. Mas volta constantemente a Treblinka, liderando grupos de jovens visitantes.


Sonho antigo
Este ano, Samuel Willenberg concretizou o sonho antigo de lançar a pedra fundamental de um centro educacional em Treblinka, desenhado por sua filha arquiteta, Orit
A maioria dos soldados alemães em Treblinka nunca foi condenada pelos crimes cometidos ali. O comandante Franz Stangl recebeu pena perpétua de prisão em outubro de 1970, após um julgamento em Dusseldorf. Ele morreu na prisão no dia seguinte. Outros dez réus também foram julgados em Dusseldorf. Quatro receberam prisão perpétua, cinco ganharam penas de três a 12 anos e um deles foi absolvido.

Fonte: BBC Brasil

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Cúria de Cracóvia cria site da JMJ 2016


A arquidiocese da Cracóvia criou, em tempo recorde, um site oficial para a próxima Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que será realizada em 2016, na Polônia.
O papa Francisco anunciou no último domingo, dia 28, que a próxima edição do encontro mundial de jovens católicos ocorreria na Cracóvia.
A notícia foi dada durante a missa de encerramento da JMJ 2013, realizada semana passada, no Rio de Janeiro.
O cardeal e arcebispo de Cracóvia, Stanislaw Dziwisz, comemorou o anúncio. "Recebi com grande alegria a notícia anunciada pelo papa Francisco de que a próxima Jornada Mundial da Juventude ocorrerá na Polônia, em 2016", disse Dziwisz, ex-secretário particular do papa João Paulo II.

Fonte: Agência Ansa

terça-feira, 30 de julho de 2013

Polônia receberá jovens com coração aberto, diz Cardeal de Cracóvia

Da Redação, 
com Rádio Vaticano


Aguardamos ansiosos para fazer vigília com os sentinelas da manhã nas festividades em Cracóvia, disse o cardeal Stanisław Dziwisz.
Após o anúncio de que a próxima Jornada Mundial da Juventude (JMJ) será em Cracóvia, na Polônia, em 2016, o cardeal arcebispo metropolitano da cidade, Dom Stanislaw Dziwisz, afirmou que receber o evento será uma "honra e grande responsabilidade".
O cardeal recordou que o encontro mundial acontecerá no mesmo ano em que será celebrado o 1050° ano do Batismo da Polônia. E disse se alegrar pelo Papa Francisco ter aceito o convite das autoridades e do episcopado polaco para realizar a jornada do país. "Com isto, ele respondeu ao desejo de tantos jovens que há tempo desejam celebrar sua fé no país e na cidade de Karol Wojtyła".

Leia a nota na íntegra:
 “Recebi com grande alegria a mensagem anunciada pelo Papa Francisco de que a próxima Jornada Mundial da Juventude será realizada na Polônia no ano 2016. É uma alegria, uma honra e grande responsabilidade para nós. Será no mesmo ano em que celebraremos o 1050° ano do Batismo da Polônia. Com toda a Igreja na Polônia, eu me alegro porque o Papa Francisco aceitou o convite a ele dirigido pelas autoridades da República da Polônia e o Episcopado Polaco.
Com isto, ele respondeu ao desejo de tantos jovens que há tempo desejam celebrar sua fé no país e na cidade de Karol Wojtyła, ele que desde a cidade de Cracóvia partiu em outubro de 1978 para a Cidade Eterna, e quem como João Paulo II, Bispo de Roma, instituiu as Jornadas Mundiais da Juventude.
Dentre as diversas iniciativas pastorais de João Paulo II, as Jornadas Mundiais da Juventude sem dúvida têm sido de grande sucesso, abrangentes e frutuosas.
O Santo Padre, desde o começo, viu nos jovens "sentinelas da manhã" (cf. Isaías 21, 11-12), fazendo vigília ao amanhecer do Terceiro Milênio (Tor Vergata, 19 de agosto de 2000).
Hoje, a Polônia e Cracóvia abrem seus corações, para que daqui a três anos possam acolher os jovens peregrinos sob a liderança do Papa Francisco.
Nós estamos gratos ao Papa por sua decisão de visitar o país do Beato (que em pouco será Santo) João Paulo II, e aguardamos ansiosos para fazer vigília com os "sentinelas da manhã" nas festividades em Cracóvia.
Santo Padre Francisco, aguardamos ansiosos e com alegria a sua vinda e a chegada de nossos jovens amigos”. Cardeal Stanisław Dziwisz, Arcebispo Metropolitano de Cracóvia.

Stanisław Dziwisz foi o secretário pessoal de Karol Wojtyła durante todo o pontificado do cardeal de Cracóvia e Papa João Paulo II. Serviu como secretário ao Beato João Paulo II de 1966 até 2005. Após a morte de seu superior, o cardeal Dziwisz foi nomeado pelo Papa Bento XVI, em 2006, para o lugar de onde saiu Wojtyła para ser o Bispo de Roma e principal líder de todos os católicos apostólicos romanos do mundo inteiro.  Foi para Dziwisz que o Papa João Paulo II ditou seu testamento.

Dziwisz nasceu em 27 de abril de 1939 (74 anos), na gmina (Distrito) de Raba Wyżna. Doutor em teologia pela Universidade Católica de Lublin, em 1981.
Seu livro Świadectwo, de 2007, (Testemunho), descrevendo as memórias da vida e obra de João Paulo II, virou um filme longa metragem que estreou simultaneamente na Polônia e na Itália em 2008.
Por decreto do presidente da Polônia Aleksander Kwaśniewski de 10 de Outubro 2003 e em reconhecimento à sua notável contribuição para o desenvolvimento da cooperação entre a República da Polônia e a Santa Sé foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem de Polonia Restituta
Ele recebeu a Ordem da Libertação de San Martin em 1998 da Argentina; a Grã-Cruz de Isabel a Católica, em 1999, na Espanha); a Grã-Cruz da Ordem do Mérito da República Italiana, em 2000, da Itália); a Grã-Cruz da Ordem de Mérito, em 2008, de Portugal, o grande emblema de Ouro de Honra ao Mérito com a fita da República da Áustria, em 2009,  e a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito, em 2010, da Columbia. Em 2009, a Câmara de Cracóvia, deu-lhe o título de cidadão honorário da cidade pelo cuidado pastoral em Cracóvia, bem como no atendimento do legado de João Paulo II .
Além disso, concederam-lhe a cidadania honorária da cidade, Wadowice (2001) [46], Pelpin (2006), Nowy Targ (2006), Mszany (2007) [49], Opoczna (2007) [50], Miedzyrzec Podlaski (2010), e Buenos Aires, na Argentina (2009).  Dziwisz tem o mesmo nome do pai e é filho de Zofia Bielarczyk.

sábado, 27 de julho de 2013

Świdnicka, o restaurante mais antigo da Europa está na Polônia


Desde 1275, a praça central da cidade de Wrocław (pronuncia-se vrotssúaf), abriga o mais antigo restaurante da Europa, o Piwnica Świdnicka (Adega da "cornizada") famoso pelo Gołonka, ou joelho de porco e a cerveja inigualável.
A sobreviva da adega foi ao longo dos séculos sendo prorrogada, tendo recebido sua forma final no século XV.


É a única cervejaria da cidade por centenas de anos que manteve o "layout" interior original e suas funções inalteradas. O porão da cervejaria Świdnicka sempre foi bem frequentada não só pelos moradores de Wrocław, mas também pela maioria dos visitantes da Baixa Silésia.

Em uma das salas da adega foi escrito a frase "Quem não foi no porão Świdnicka não esteve em Wrocław."

No livro de visitas estão nomes de reis, príncipes, militares, poetas, artistas e cientistas. Gente famosa como Fredyryk Chopin, Julisz Słowacki, Józef Wybicki (autor do hino da Polônia) e Johann Wolfgang von Goethe.


A cervejaria começou a funcionar em 1519. O átrio do porão foi ligado por um túnel subterrâneo até a cervejaria, onde foram instalados os barris de transfusões de cerveja. A decoração do porão era bastante modesta - paredes rebocadas, bancos e mesas simples.


A natureza do interior não se alterou até meados do século XIX, quando aconteceu a primeira reconstrução do local, em 1904. Foram feitas alterações na cozinha e instalada a iluminação elétrica.
Outra grande renovação aconteceu 1936, quando ganhou um novo design de acordo com os bares e as adegas de vinho da Alemanha. Durante o bombardeio de 1945, a adega sofreu poucos danos. Nada foi alterado até o final da década de 50, mas por 15 anos após a guerra a adega ficou fechada.

Em 1960, o local foi adaptado para servir a clube de jovens. O porão recebeu uma sala de cinema, restaurante, bar e sala de jogos. Algumas salas foram utilizadas para fins de exposição, onde foram mostrados hamsters, animais venenosos e instrumentos de tortura.


Após a grande inundação da cidade no final do século passado o local ficou completamente em ruína e a destruição ameaçou todo o edifício.

Em 1996, a prefeitura Municipal de Wrocław começou um dos reparos mais completos da história da Świdnicka em seus mais de 730 anos.

As paredes foram secas e preservadas da umidade. Foram substituídos completamente o mobiliário antigo e todas as instalações. O design do interior baseado nos registros históricos extraídos de arquivos dos museus foi reinstalado assim como as peças e acessórios do mobiliário e equipamentos foram feitos nas melhores oficinas de artes e ofícios especializados em reprodução de antiguidades.


Foram investidos no local mais de 24 milhões de dólares numa área total de de 1.680 m2 de restaurante, dos quais 900 m2 são divididos em nove salões. A adega principal pode proporcionar aos seus hóspedes 380 lugares com a possibilidade de reserva de salas individuais.

A cozinha da Piwnica (Adega) Świdnicka está baseada em pratos polacos tradicionais e o famoso joelho de porco à moda polaca, ou Gołonka. Além é claro do Carneiro Branco, o piwo (cerveja) especial fabricado sob encomenda de acordo com uma das mais antigas receitas do mundo.


Documento de 1332, registra a fabricação do Piwo Świdnica, em Wrocław.

Portanto, a Alemanha que se vangloria de ser criadora da moderna cerveja com base na Lei da Pureza Alemã de cerveja de 1516 - a Reinheitsgebot - que definia os únicos materiais permitidos para fabricação de cerveja como sendo malte, lúpulo e água, MENTE!

A cerveja como a conhecemos hoje, não é definitivamente invenção alemã. Mais Sim polaca!!!

A mesma receita decretada em 1516 na Renânia,  já fazia parte das centenas de cervejarias polacas nos anos 1200, como por exemplo,  a cerveja EB da cidade polaca de Elbląd criada em 1336.

Naqueles anos eram nada menos do que 159 mestres cervejeiros naquela cidade polaca.

FECHADO DESDE 2017


A prefeitura da cidade consegui na Justiça recuperar as instalações do Restaurante e Adega Świdnicka.

A mais antiga cervejaria da Europa no final de 2017 foi voluntariamente entregue ao município pelo administrador anterior - a empresa Piwnice Świdnickie.

O restaurante está fechado até novo aviso.


A cervejaria mais antiga do Velho Continente após várias centenas de anos de atividade, foi fechada de repente. Na porta do estabelecimento foi colocado uma placa: "instalações fechadas até novo aviso". 

Os funcionários que não puderam entrar nas instalações depois da decisão judicial. Em 29 de dezembro, a empresa Piwnice Świdnickie, proprietária das instalações, entregou-a à prefeitura de Wrocław, a proprietária do imóvel.

"De acordo com com tribunal de primeira instância a a empresa "Piwnice Świdnickie" em 27 de março de 2012 ocupou as instalações de propriedade da municipalidade sem contrato de aluguel, ou arrendamento. A dívida da empresa devido ao uso das instalações é de mais de 2 milhões de złotych (pouco acima de dois milhões de reais)",  diz Maja Wysocka, da prefeitura de Wrocław.

Quando será que a adega Świdnicka será aberta novamente?

Difícil dizer. Isso ainda não é conhecido. A prefeitura diz que se deve primeiro esclarecer a situação legal das instalações. Situação que durou pelo menos cinco anos, quando a batalha judicial entre o magistrado e a empresa que administrava o restaurante começou. A municipalidade queria se desalojar a empresa Piwnica Świdnicka, que funcionava há anos no local.

O primeiro pedido de despejo junto ao tribunal aconteceu em 2013. A cidade nunca recebeu aluguel. Para dívida por não pagamento (contando os juros), segundo o Conselho Municipal de Wrocław tem que ser paga.

Ainda em 2013, o município procurou um novo investidor para a cervejaria. Até licitaçao foi aberta. Foi mais um escândalo, isto porque, a empresa ganhadora e acionada na justiça ofereceu o menor aluguel possível. A empresa ganhou, porque o comitê do concurso gostou do programa de culinária proposto e da introdução da culinária de Wrocław na Piwnica.

Naquela época, muitas pessoas falavam sobre a introdução no cardáipio do bigos de Wrocław que são feitos com repolho roxo. O controverso concurso foi anulado. Tudo ocorreu no clima de suspeitas e acusações de que a licitação foi desonesta e seu vencedor estava em  sintonia com as autoridades municipais.

Houve até mesmo uma investigação do promotor neste caso, mas a promotoria não detectou nenhum crime. Em seguida, o empresário, Ryszard Varisella, que anteriormente alugava as instalações, entrou ele com uma ação na justiça.

Ele alegou que renovou o contrato da cervejaria-restaurante por 27 milhões de złotych e exigiu a liquidação dessas despesas por meio de outro contrato de arrendamento de nove anos.

Varisella ressaltou que em 2011, foi a ele prometido por alguém da prefeitura da cidade, um contrato de locação sem licitação em troca dos milhões que ele colocou na reforma do restaurante. Mas a prefeitura não queria ouvir falar de aluguel sem uma proposta.

O restaurante - renovado há muitos anos - requer mais investimentos para continuar oferecendo a mesma comodidade e qualidade, e mais do que isso, preservando o cardápio e a cerveja de quase mil anos de existência. Varisella diz ter dinheiro, mas só investirá quando conseguir um novo contrato.

Enquanto isso não acontece, perde Varisella, perde a prefeitura, perde o povo, perde a história, perde a Polônia e perdem os turistas e frequentadores.

Piwnica Świdnicka
Rynek Ratusz 1,
50-107 - Wrocław
Polska
tel. (0 71) 369 95 10,
fax (071) 369 95 11,
kom. 512 339 482
http://strona.piwnicaswidnicka.com/
e-mail: piwnica@piwnicaswidnicka.com

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Nobels da Paz se reunirão em Varsóvia

Em outubro próximo, Varsóvia vai receber alguns dos últimos vencedores do Prêmio Nobel da Paz.
Pela primeira vez, a reunião estará sendo realizada na Europa Central e Oriental. "Solidariedade para a Paz - hora de agir" - é o título da XIII Reunião de Cúpula Mundial dos Ganhadores do Prêmio Nobel da Paz,  que começa em 21 de outubro e vai durar três dias.
Os desafios atuais do mundo e como garantir a paz é o que conversarão o Líder tibetano Dalai Lama, o ex-presidente da URSS Mikhail Gorbachev, o ex-presidente Sul-Africano Frederik Willem de Klerk e a advogada iraniana Shirin Ebadi.
O encontro anual é uma iniciativa do laureado Gorbachev. A primeira vez, esta reunião foi realizada em 2000, em Roma, e hoje é reconhecido como um dos principais eventos do mundo que promovem a democracia, a liberdade e a paz.

A organização do encontro de Varsóvia é iniciativa do Instituto Lech Wałęsa (pronuncia-se lérrr vaúensa).
 Como anfitrião da cúpula deste ano o polaco vai lembrar ao mundo a idéia de atemporalidade do "Solidariedade", daí o título do evento - diz Piotr Gulczyński, presidente do instituto.
O evento deste ano coincide com o 30º aniversário da atribuição do Prêmio Nobel da Paz a Lech Wałęsa em 1983.
"Desenvolvimentos políticos recentes no mundo tendem a uma discussão séria sobre os conceitos de desenvolvimento da era globalização no mundo", diz Wałęsa
"Precisamos encontrar soluções comuns para a construção de um mundo seguro e próspero. Com a ajuda e - Solidariedade - se pode fazer grandes coisas. Ao receber o mundo novamente se ouve -Solidariedade- na Polônia", completa o ex-presidente polaco.
Quem está exultante com a reunião é a prefeita Hanna Gronkiewicz-Waltz. "O movimento - Solidarność - foi um marco no caminho para a recuperação da independência da Polônia. Suas ideias vivem sempre em Varsóvia - uma cidade de liberdade", argumenta a prefeita.

terça-feira, 23 de julho de 2013

Encontro em Curitiba com o padre da cidade do meu avô

Foto: Ulisses Iarochinski
Essa eu tinha esquecido de registrar... Na última sexta-feira, no Bosque do Papa, embaixo daquela chuva e no meio daquela polacada toda reunida no "Dia Polaco", em Curitiba, preparatório para a Jornada Mundial da Juventude... teve um momento em que olhei para o lado e vi um rapaz sorrindo.... Cumprimentei-o com um "Witam...Dzień Dobry!"
E ele respondeu a saudação completando em idioma polaco: "Mas... o senhor é polaco?" Contestei que não... que era "brazylijczykiem polskiego pochodzenie" (brasileiro de origem polaca)... e ele: "Mas aprendeu falar tão bem, onde?" Eu brincando disse: "Ah! Passei três dias em Cracóvia e aprendi."... Ele: "Impossível! O idioma polaco é o segundo mais difícil do mundo... não dá para aprender em três dias... nem abençoado por Deus é possível"... e riu.
A conversa prosseguiu no meio dos cantos e danças do palco, dos pingos da chuva e da algazarra de um grupo de cinco meninas polacas (deviam ter uns 12 anos cada uma - cruzaram a Europa e o Atlântico acompanhadas apenas pelo padre da paróquia).
A foto acima, a propósito, tirei ano passado, em Wojcieszków, cidade onde nasceu meu avô, minha bisavó e seus trisavós, no Centro-Leste da Polônia. Surpreso, o padre ficou, quando mencionei que meu avô Bolesław Jarosiński, nasceu em Wojcieszków.
Com os olhos bem abertos, ele abriu um largo sorriso e disse: "Sou padre, moro em Varsóvia, mas é inacreditável! Só mesmo por Deus! Eu também... sou de Wojcieszków, perto de Siedlce....minha família toda é de lá".
Então, ele repetiu meu sobrenome, abriu a mochila e deu-me de presente um CD onde se lê: "Rozpoznać Boże Miłosierdzie - cz. I,II,III - rekolekcje wygłoszone w Sanktuarium Chrystusa Miłosiernego w Białey Podlaskiej. Zapis na Żywo - Bonus - Piosenki. Wydanie III " (Reconhecer a Misericórdia de Deus - p. I, II, III - Recordação de sermões no Santuário de Cristo Misericordioso em Biała Podlaska (terra de meu amigo deputado PiS Adam Abramowicz). Registro ao vivo - Bônus - Cânticos. Edição III). CD que acabei de escutar....o nome do padre? Rafał Jarosiewicz... quase Jarosiński (Iarochinski) não?
Realmente dupla coincidência, apesar do meu bisavô Piotr Jarosiński não ser de Wojcieszków... mas de Poręby - Dobre, próximo a Mińsk Mazowieckie, os nossos sobrenomes são muitos parecidos (Deve ser problema de cartorário polaco).
Mas, é preciso dizer, que na terra do meu avô, Boleslau... Só tenho familiares do lado da minha bisavó, que são os Filip e os Ognik
Ah. Sim...a foto! São muitas as casas de tronco com janelas decoradas com esses enfeites de madeira por lá... além dos nossos conhecidos lambrequins curitibanos... Alguém tem alguma dúvida de que os lambrequins curitibanos são polacos...da região da minha bisavó Anna (Ognik - Filip) Jarosiński?

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Radwanska nua é expulsa de grupo católico


A Polônia é um dos países mais devotos ao catolicismo no mundo. Cerca de mais de 95% da população se declara católica romana.
Em um cenário como esses, não cai bem para uma esportista mostrar as curvas mais íntimas do seu corpo. Pelo menos foi o que aconteceu com a tenista Agnieszka Radwanska, que posou nua para revistas Body Issue Wprost e acabou sendo expulsa do Krucjata Mlodych (Cruzada Jovem), grupo religioso do qual a atleta apoiava.
Assim que as imagens de Radwanska vieram a público, uma grande polêmica foi criada na Polônia e a musa passou a ser alvo de insatisfações da parte mais religiosa conservadora do país.
O padre católico chamado Marek Dziewiecki fez comentou e criticou o ensaio: "É uma vergonha que alguém que tenha declarado seu amor por Jesus esteja agora promovendo uma mentalidade masculina, de homem olhando para uma mulher como uma coisa mais do que uma filha de Deus que merece respeito e carinho".


Número 4 do ranking mundial da WTA, a polaca Agnieszka Radwanska saiu inicialmente na tradicional edição 'Body Issue' da revista ESPN. Conhecida no circuito feminino de tênis pela sua fé católica, Radwanska já protagonizou campanhas na TV de seu país a favor da aproximação dos jovens com a religião.
Neste ano, a semifinalista no último Grand Slam de Wimbledon participou de um comercial no qual soletrou a palavra ‘Jesus' com bolas de tênis e pediu aos conterrâneos para não abdicar da crença.
A organização Krucjata Mlodych afirmou em comunicado que o ensaio, embora não tenha conteúdo explícito, tem o aspecto provocativo, o qual evidenciou o "comportamento imoral" da tenista. Radwanska, até o momento, não emitiu resposta sobre o assunto.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Mestres da fotografia polaca

O jornal Gazeta Wyborcza da Polônia promove o "Concurso Mestres da Fotografia" entre os profissionais polacos da imagem. Aqui cinco exemplos da qualidade da fotografia polaca...desde antes da segunda guerra mundial.


Foto de Piotr Dejenka, de Lublin, feita nos arredores da capital do Leste Polaco.

Clássica foto de foto-reportagem - intervenção do serviço de emergência na praça Grunwald, em Szczecin. Provavelmente eles pessoas esperando para o bonde para o upitego desabrigados no esquecimento chamado. Foto de Marek Sakowicz.

O fotógrafo Dominik Żyłkowski fez esta foto no Planty (Parque-Bosque) de Elbląg (cidade do Norte da Polônia). Na foto, aparecem Ada e Łucasz Kotyńscy (parece estar levitando).

O amor. Michał Frąckowiak fez esta foto em junho de 2013 na Ulica (rua) Dużej, em Kielce.

Cidade de Łódź (pronuncia-se uudji). Ulica (rua) Franciszkańska, esquina com Wojska Polskiego. Esta foto foi feita na área do antigo gueto da cidade. Contra o fundo de um prédio em ruínas passam três moradores de rua. A foto é de Mariusz Gaworczyk e foi feita em 2012. "Se as fotos forem tomadas fora do tempo. Podem enganar... pois podem pensar que foi durante a segunda guerra, mas não...foi feita em Łódź no ano de2.012".

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Polônia busca rentabilizar estádios da Eurocopa

Estádio Nacional de Varsóvia
Enquanto no Brasil a população protesta, entre outros motivos, pelos gastos elevados com a organização da próxima Copa do Mundo, a Polônia se esforça para tentar tirar proveito dos quatro estádios construídos para a Eurocopa do ano passado, sem que nenhum deles seja rentável no momento.
O Estádio Nacional de Varsóvia representou um investimento de 1,6 bilhão de złotych (R$ 1,1 bilhão) e foi a sede mais cara da Euro-2012. Atualmente, o local é um bom exemplo de como as autoridades polacas tiveram que usar a criatividade para que as instalações não sejam uma carga após o fim do torneio. A manutenção do estádio tem um custo mensal de R$ 2,2 milhões, disse  a responsável de relações com a imprensa, Joanna Janowicz, que garante que o local vem se esforçando para ser útil, atrativo para a população e, claro, também rentável.

Estádio de Ambar de Gdańsk
Situação parecida vivem os estádios das outras três sedes polacas da Euro: Gdańsk, com um custo de perto de R$ 580 milhões, Wrocław, mais de R$ 550 milhões e Poznań, que gastou R$ 535 apenas para reformar um estádio já existente.
Em janeiro deste ano, Varsóvia transferiu a gestão do Estádio Nacional à sociedade pública PL.2012+, com a finalidade de dar uma visão mais comercial às instalações.

Estádio de Wrocław
O plano de negócio, como acontece nas outras sedes da Eurocopa, se baseia em três pilares: transformar o estádio em sede de eventos esportivos, receber shows e eventos de massas e organizar visitas organizadas e atos sociais alugando camarotes.
O objetivo é que o local seja ao final rentável e cubra custos para 2015, algo em que serão decisivas as conferências e eventos corporativos que forem atraídos a seus mais de 40 mil metros quadrados, ainda de acordo com Joanna.
As visitas organizadas e guiadas são outro dos atrativos do Estádio Nacional. O espaço recebe 4 mil pessoas por dia que pagam ingressos que custam de R$ 3 a R$ 15 euros. As previsões da PL.2012+ indicam que o local fechará o ano com receitas de entre R$ 13 milhões e R$ 14 milhões.
Para 2014, esse número, de acordo com Joanna, deve subir para R$ 24 milhões. Até agora, o mês mais rentável foi maio, graças, principalmente, a grandes eventos, como shows de Beyoncé e Paul McCartney, que em sua primeira apresentação na Polônia reuniu cerca de 30 mil espectadores.

Estádio de Poznań
A mesma situação vivem as outras três sedes. Os estádios de Gdańsk e Wrocław se viram como pode: o primeiro deles receberá um amistoso entre Barcelona e um time local no próximo dia 20, e o segundo passou a organizar visitas guiadas na última segunda-feira.
Todos estes estádios, inaugurados com atraso em relação à data prevista, são também exemplo da precipitação com que são finalizadas muitas das infraestruturas para a Eurocopa, pressa que em alguns casos provocou problemas posteriores, como os buracos surgidos no Estádio Municipal de Poznań após o torneio.
Também são vistos buracos em uma estrada aberta ao público um dia antes da abertura da Eurocopa, em Varsóvia. A via foi inaugurada sem estar pronta e até hoje não foi concluída.

Dreamliner causa problemas para a LOT

Os aviões que a LOT deseja colocar nos voos para o Brasil, o Dreamliner da Boeing, tem causado problemas para a empresa aérea polaca.  O último foram os cancelamentos de dois voos de Varsóvia para Chicago.


VARSÓVIA, 4 Jul (Reuters) - A empresa aérea da Polônia LOT teve que cancelar ou adiar dois voos com aviões Dreamliner da Boeing devido a problemas técnicos, disse uma porta-voz da empresa nesta quinta-feira. Um voo de Varsóvia para Chicago previsto para a quarta-feira foi cancelado devido a "problemas de fornecimento de energia", disse a porta-voz Barbara Pijanowska-Kuras, sem dar mais detalhes.
A LOT, que é controlada pelo Estado, tem quatro voos diários com o Dreamliner, e no ano passado se tornou a primeira empresa aérea europeia a adicionar o avião para sua frota.
O Dreamliner tem sido marcado por problemas desde seu lançamento. A porta-voz da LOT não disse que o problema técnico estava relacionado ao superaquecimento das baterias que levaram a uma suspensão das operações da aeronave por três meses em todo o mundo.
Após a Boeing ter redesenhado o sistema de bateria, reguladores liberaram o avião para voar novamente. A LOT informou também que outro voo com um Dreamliner na quarta-feira, de Varsóvia para Toronto, foi adiado para esta quinta-feira.

Texto: Adrian Krajewski

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Mundial de Vôlei de Praia na Polônia

Ônibus estampa os rostos da italiana Marta Menegatti, do curitibano Emanuel Rego (à. dir.) e do polaco Mariusz Prudel (à esq.) - Foto: Helena Rebello
A um dia do início do Campeonato Mundial de Vôlei de Praia, em Stare Jabłonki, na Polônia, a organização do evento ainda corre contra o tempo para acertar os últimos detalhes da estrutura de alimentação e entretenimento que atenderá aos torcedores nos próximos dias.
As sete quadras que receberão jogos e treinos já estão prontas e à disposição dos atletas, com um detalhe curioso em sua ornamentação.
A atleta em maior destaque em quase todas as peças publicitárias é a bela italiana Marta Menegatti, apenas 18ª no ranking mundial ao lado da parceira Greta Cicolari.


A localidade de Stare Jabłonki [pronuncia-se stare jabuonki] é uma vila no distrito administrativo de Ostróda, na Voivodia (estado) da Vármia-Masuria, no norte da Polônia. Está a cerca de 8 km à leste de Ostroda e 29 km à Oeste da Olsztyn. A vila tem uma população de 700 habitantes.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Teresa Urban nie żyje

Entrevista publicada pelo jornal Gazeta do Povo, Curitiba, de 17/07/2011
Foto: Alexandre Mazzo
Em 1974, ao sair da prisão, ela recebeu do pai um relógio: sua hora tinha chegado. Seria difícil – não tinha bons antecedentes. Mas havia uma causa à vista.
“Por que a Virgem de Czesto­cho­wa é negra?”, pergunta a polaquíssima Teresa Urban, 60 e poucos anos, antes de se render ao extenso questionário desta entrevista. Dis­trair-se é preciso.
Conver­sas com a imprensa são para ela sinônimos de uma longa jornada noite adentro. Sabe que vai ter de passar pelo sótão do recém-demolido casarão dos Urban – na Bri­gadeiro Franco –; pelos porões da di­­ta­dura militar; por florestas e nascentes em perigo e, sem saída, pela defesa aguerrida do Código Flo­restal. É lenha. Dá mesmo vontade de limitar ao trivial – a nova casa onde mora no Jardim das Amé­ricas, eslavamente pintada de co­­res fortes.
A saúde das cachorras Pequena, Me­­ni­ni­nha e Didica. Mas não há meio. Quan­do Teresa acende a terceira cigarrilha Talvis – são cerca de 20 por dia – chega a hora de remoer um capítulo recente da história brasileira. Nele, a filha de Janina e de Esta­­nis­lau, o dono da Móveis Urban, passou de Teresa a Batista – seu nome de alcova na Or­­ganização Revolucionária Marxista Política Operária, a Polop, a mesma a que foi vinculada a presidente Dilma Rousseff.
A adesão à esquerda lhe rendeu três prisões e a perda do rumo. Ao se encontrar, a militante comunista da mocidade se transformou numa senhora das causas do meio ambiente, com passagens por Veja e Estadão. O sonho não aca­bou. Mas saiu abalado. Ela fuma e tenta explicar por quê.

Teresa Urban foi torturada?
Sim. No quartel da Praça Rui Bar­bosa – que não existe mais – quan­do fui interrogada pelo delegado [Sérgio Fernando Paranhos] Fleury. A tortura tem um impacto que não é físico: é a impotência absoluta, a prepotência absoluta. E isso fica.

Por que Teresa?
Nunca perguntei. Deve ser por causa da santa. Em casa, minha mãe me chamava de Teresinha ou Dinca, meu apelido polaco. Só quando me matriculei no Divina Providência descobri que meu nome era Teresa.

E seu nome de guerra?
Batista, um nome que não dava para identificar se era de homem ou de mulher. Provavelmente me chamaram assim por causa da Teresa Batista, do Jorge Amado.

Você se parece com quem?
Minha mãe era filha de polacos, uma mulher muito independente. Meu pai era polaco, mas nunca quis voltar para a Polônia. Minha mãe ia pra Polônia todo ano. Era anticomunista ferrenha. Eu me identificava muito com o meu pai. Ele era um cidadão do mundo. Ele lia jornal. Era mais tolerante.
Quando tudo começou?
Ah, sei lá... Eu gostava muito de ler, tinha paixão por jornal e era meio rebelde, desde pequena. Estudava em colégio de freiras. No São José, tive problemas: eu perguntava muito. Quando estava terminando o Normal, lembro bem, havia uns cartazes espalhados pela escola com umas imagens do pobre do Cristo com uma coroa feita de foice, martelo, foice, martelo... Uma neurose. A gente rezava todo dia para o comunismo não vir para o Brasil. Foi muito rápida sua passagem de Teresinha a Teresa... Nada do que a minha mãe queria que eu fosse eu era – nem arrumadinha, nem bonitinha. Queria usar calça comprida. Era moleque. Lembro de coisas engraçadas. No período em que ia ter o baile das debutantes do Clube Juventus, o representante do evento veio me convidar. Mas eu estava lendo Dostoievski. Olhei pro cara e disse: “Não sou disso.” Uma vez apareci numa foto de primeira página de um diário, no alto da escadaria da Praça Santos Andrade. Minha mãe quase teve um chilique.

Quantas vezes você foi presa?
A primeira vez em 3 de outubro de 1966, dia da eleição para o colégio eleitoral do Costa da Silva. Acha­ram que haveria uma manifestação de estudantes. Os policiais cercaram todo o quarteirão da minha casa [na frente da Praça 29 de Março] e levaram minha mãe achando que era eu. Sempre disse que foi um elogio, mas ela não aceitava. Corri atrás e mostrei o engano. Foi um caos, porque eu era menor de idade. Durou só um dia, mas rendeu uma longa crise familiar. Me prenderam de novo em junho de 1970. Fiquei um mês. Um mês bem pesado. Meu marido tentou suicídio na cadeia, ficou muito mal, nunca se recuperou. Eles conseguiram destruí-lo integralmente. Fui para o Chile. Na volta, prisão em Piraquara. Durou um mês. Fiz greve de fome, fiquei inconsciente e me levaram para o convento das Mercês. Quando acordei, me vi num quarto bem branco, com uma freira toda de branco ao meu lado. Pensei: eu morri, vim pro céu [risos]. Fiquei ali quase dois anos.

Lembra o que aconteceu no dia em que saiu da prisão?
Sim. Meu pai foi me buscar. No caminho, ele parou numa relojoa­ria e me comprou um relógio. Foi o jeito de me dizer que estava na hora de eu mudar de vida. Ele se chamava Estanislau, claro. E era uma figura muito bonitinha.

O que mais queria naquele dia?
Ficar com minhas crianças. Fui presa [no período mais longo] quando meu filho tinha 3 meses. Minha outra filha era pequena. Era atordoante, porque no fundo todas as restrições continuavam. O Comando de Caça aos Comu­nistas, o CCC, mandava cartas a todo momento, ameaçando.

As presas políticas brasileiras resistem em falar da tortura...
O Brasil não falou de tortura ainda. A tortura ficou por baixo do pano, mal colocada, mal conhecida. A consequência é que continua existindo em qualquer delegacia. Isso me incomoda profundamente. Nós deixamos passar 40 anos. Não tem comissão da verdade que vá resolver isso agora.

Você endureceu...
A repressão foi fulminante. Quan­do saí da cadeia não havia mais nada: as organizações de esquerda tinham acabado, meus companheiros estavam na cadeia, mortos, desaparecidos ou no exílio. Fui trabalhar com os bóias frias. Eu olhava com desconfiança a estruturação partidária, mesmo a do PT. Resolvi não me envolver mais. Continuo sendo um ser político que ainda não achou seu lugar. Eu não achei meu lugar.

Ter a ex-guerrilheira Dilma Rous­seff no poder significa algo para Teresa?
Honestamente, não. Não gosto da política que o PT faz. O Lula perdeu uma grande oportunidade. Acho muito triste que essa ascensão de segmentos que estavam na linha de miséria tenha se dado via mercado e não via cidadania. Não sinto que sociedade brasileira abraçou esses novos brasileiros. Eles são números: passaram a comprar nas Casas Bahia. Mas desejo boa sorte para a Dilma.

Quando você despertou para o jornalismo de meio ambiente?
Quando saí da cadeia, as pessoas atravessavam a rua para não me encontrar. Não conseguia emprego como jornalista. Nem registro profissional, pois não tinha atestado de bons antecedentes. Tive que recorrer à Justiça. Mas riscavam o “bons” e deixavam só “antecedentes”. Entendi que precisava procurar algo que me aproximasse das pessoas. Queria uma causa comum. E imaginei que ter água de boa qualidade para beber e ar para respirar era algo que todos poderiam compartilhar.

O “mundo melhor” chegou?
Acho que o mundo ficou pior, do ponto de vista de que hoje não temos uma contradição explícita entre duas opções da sociedade. Ao mesmo tempo, temos avanços nos cuidados com a saúde, redução da mortalidade infantil, chance maior de ir à escola. Mas o mundo ficou mais sem graça, mais pasteurizado. Além disso, é muito mais difícil ser jovem.

Apesar dos ecoberrantes?
Os meninos estão muito pressionados por uma sociedade que parece mais tolerante, mas que cobra o sucesso, resultados, dar certo. Querem mais coisas, mas querem menos do mundo. No Ecoberrantes [grupo de estudantes que começaram a se mobilizar para defender o Código Florestal] eu tenho convivido bastante com os jovens. Minha experiência de vida e a vontade que eles têm de compreender o que acontece na sociedade deu um resultado bacana, afetivo, caloroso. Mas no conjunto, acho que venceu a padronização.

Acredita que o substitutivo ao Código Florestal será aprovado pelo Senado?
Por trás desse debate está a disponibilidade de terras no Brasil para investidores estrangeiros. E a colocação do agronegócio brasileiro no mercado internacional. A curto prazo, o que interessa é ter terras para negociar, sem restrições para usá-las. A desregulamentação representa o Estado mínimo, a ausência de regras para o setor econômico. O código é uma peça notável do ponto de vista das ciências da natureza e, ao mesmo tempo, um manual de boas práticas na agricultura. O que vai acontecer, não sei.

O ponto em que estamos...
Há uma disposição em ouvir sobre a escassez de recursos naturais, mas não há uma disposição em agir. As pessoas ainda delegam para os outros o dever de proteger. Tenho medo do caminho que a gente está começando a trilhar – o do pagamento pelos serviços am­­bientais. O di­reito ao ar menos poluído, aliás, já é de quem pode comprar uma casa no meio de um bosque no Eco­ville.

Você é fumante. Rola uma patrulha em cima da ambientalista...
Eu respeito a regra do jogo, mas me chateia não poder fumar em vários ambientes, ter de ficar na rua, meio pária. Me incomoda essa cruzada santa. Não tenho um olhar de “vida imortal”, como as pessoas hoje querem ter. Fiquei 15 anos sem fumar. Recomecei quando fui para Cuba, porque era irresistível... Adoro cigarrilhas.

Final de temporada do Polaco de Araucária.


Gláucio Karas continua mais uma semana com seu sucesso do seu personagem Isidório Duppa. É final de Temporada!!!
Neste sábado e domingo acontecem as últimas apresentações da peça SEMO POLACO NON SEMO TANSO!
E na sexta-feira o stand-up genuíno do PÃO COM BANHA E POLACO, faz sua penúltima apresentação, pois a temporada se estende por mais uma semana.... vai até dia 05 de julho.